CONVENCIONALISMO JURÍDICO E MODISMOS FILOSÓFICOS

Autores/as

  • Valterlei da Costa

DOI:

https://doi.org/10.22456/0104-6594.132113

Resumen

Ao que parece, cada vez mais a teoria do direito retraduz seus temas através das lentes das modernas teses filosóficas, tendo os jurisconsultos outorgado ao “convencionalismo” um papel central em seus estudos. E um antigo tópico reescrito com essa nova roupagem foi o da gênese da ordem jurídica, ou seja, se no início seria a norma ou o fato, com a dificuldade de que esta última posição estaria em oposição à “Lei de Hume”. Nessa linha, imaginou-se que a ideia de convenção — quer a coordenativa, a constitutiva ou outra — teria o condão de bem explicar as coisas, mas este artigo busca esclarecer que, antes de solucionar questões já postas, o que fez foi gerar outros problemas desnecessariamente. No limite, o “convencionalismo jurídico” não seria mais do que um caso de modismo filosófico, os quais grassam na teoria do direito. Contudo, nem só de crítica é feito este artigo, pois, ao final, propõe que a primeira norma de uma ordem jurídica seja lida como norma de competência retroativa, prescrevendo os revolucionários que a enunciaram como autoridades e, assim, conclui-se que o normativismo pode ser construído em bases que não desrespeitem os preceitos humenianos sem precisar recorrer a qualquer ideia de “convencionalismo”.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito. Tradução de Gercélia Batista de Oliveira Mendes. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

ALLAND, Denis; RIALS, Stéphane. Dicionário da cultura jurídica. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

BÍBLIA. Volume 1: novo testamento: os quatro evangelhos. Tradução de: Frederico Lourenço. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

BOBBIO, Norberto. Sobre el principio de legitimidad. In: MIGUEL, Alfonso Ruiz (ed.) Contribución a la teoría del derecho. Traducción de: Alfonso Ruiz Miguel. 2. ed. Madrid: Debate, 1990.

BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. Tradução de Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. 2. ed. Bauru: EDIPRO, 2003.

BRATMAN, Michael E. Intentions, plans, and practical reason. Cambridge: Harvard University Press, 1987.

BULYGIN, Eugenio. Raz y la teoría del derecho. Comentarios sobre “¿Puede haber una teoría del derecho?” de Joseph Raz. In: RAZ, Joseph; ALEXY, Robert; BULYGIN, Eugenio. Una discusión sobre la teoría del derecho. Traducción de: Hernán Bouvier. Madrid: Marcial Pons, 2007.

COELHO, Fabio Ulhôa. Para entender Kelsen. São Paulo: Saraiva, 2009.

COLEMAN, Jules L. The conventionality thesis. Philosophical issues, [s.l.], v. 11, n. 1, p. 354-387, 2001.

COSTA, Valterlei da. A ciência segundo a teoria pura do direito de Hans Kelsen. In: GELAIN, Itamar Luís; QUINTINO, Leonardo (org.). Hans Kelsen: ensaios em homenagem aos 50 anos de morte de Hans Kelsen (1973-2023). Londrina: Thoth, 2024.

COSTA, Valterlei da. Afinal, quem deve ser o guardião da Constituição. Revista Brasileira De Teoria Constitucional, v. 6, n. 1, p. 23-40, jan./jun. 2020.

COSTA, Valterlei da. As cláusulas pétreas e [a] norma de (in)competência ou uma história de Ulisses e as sereias. Revista de Direito Brasileira, Florianópolis/SC, v. 28, n. 11, p. 16-33, jan./abr. 2021.

COSTA, Valterlei da. No princípio era a norma fundamental? COSTA, Valterlei da; VALLE, Maurício Timm do (coords.). Estudos sobre a teoria pura do direito: homenagem aos 60 anos de publicação da 2ª edição da obra de Hans Kelsen. São Paulo: Almedina, 2023.

COSTA, Valterlei da. Teoria trilógica do tributo: um estudo normativo sobre tributação, competência e lançamento. São Paulo: Noeses, 2024.

DWORKIN, Ronald. O império do direito. Tradução de Jeferson Luiz Camargo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

EBENSTEIN, William. La teoría pura del derecho. Traducción de: J. Malagón y A. Pereña. México: Fondo de Cultura Económica, 1947.

ECHAVE, Delia Teresa; URGUIJO, María Eugenia; GUIBOURG, Ricardo A. Lógica, proposición y norma. Buenos Aires: Astrea, 1999.

ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica. 4. ed. Tradução de: Antônio de Pádua Danesi e Gilson Cesar Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva, 2002.

GAUDIO, Attilio. Os etruscos: uma civilização reencontrada. Tradução de: Charles Marie Antoine Bouéry. São Paulo: Mundo Musical, 1973.

HART, Herbert L. A. The concept of law: with a new postscript. 2ed. Oxford: Clarendon Press, 1994.

HOBBES, Thomas. Leviatã. Tradução de: João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. Tradução de: J. Teixeira Coelho Netto. São Paulo: Perspectiva, 2003.

HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de: José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004.

HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Tradução de: Débora Danowski. 2.ed. São Paulo: UNESP, 2009.

KELSEN, Hans. On the basic norm. California Law Review, v. 47, n. 1, p. 107-110, mar. 1959.

KELSEN, Hans. Sobre a teoria das ficções jurídicas: com especial consideração da filosofia do “como se” de Vaihinger. Tradução de: Vinicius Matteucci de Andrade Lopes. Rio de Janeiro: Via Verita, 2012.

KELSEN, Hans. Teoria geral das normas. Tradução de: José Florentino Duarte. Porto Alegre: Sérgio A. Fabris, 1986.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de: João Baptista Machado. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998 (2.ed., 1960).

LARIGUET, Guillermo; GONZÁLEZ LAGIER, Daniel (eds.). Filosofía: una introducción para juristas. Madrid: Trotta, 2022.

LEWIS, David. Convention: a philosophical study. Oxford: Blackwell, 2002.

MACEDO JR., Ronaldo Porto. A crítica de Dworkin ao convencionalismo e sua relevância: um esquema de crítica conceitual. Revista Direito, Estado e Sociedade, Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, n. 47, p. 128-155, jul./dez. 2015.

MACKIE, John Leslie. Ethics: inventing right and wrong. Harmondsworth: Penguin, 1977.

MARMOR, Andrei. Social conventions: from language to law. Princeton-Oxford: Princeton University Press, 2009.

MARMOR, Andrei. Convenciones, razones y derecho. Traduccion de: Alberto Carrio Sampedro. In: RAMÍREZ LUDEÑA, Lorena; VILAJOSANA, Josep M. (ed.). Convencionalismo y derecho. Madrid: Marcial Pons, 2016.

MERKL, Adolf Julius. A unidade jurídica do Estado austríaco. In: MERKL, Adolf Julius. Escritos de teoria do direito. Tradução de: Matheus Pelegrino da Silva. São Leopoldo: UNISINOS, 2018 [1918].

MOORE, George Edward. Principia ethica. Rev. ed. Cambridge: Cambridge University Press: 1993.

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. Tradução de: José Teixeira Coelho Neto. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.

POPPER, Karl Raimund. O problema da indução. In: MILLER, David (org.). Textos escolhidos. Tradução de: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.

POSTEMA, Gerald J. Coordination and convention at the foundations of law. The Journal of Legal Studies, [s. l.]: [s. n.], v. 11, n. 1, 1982, p. 165-203.

PUTNAM, Hilary. The meaning of “meaning.” Minnesota Studies in the Philosophy of Science, [s. l.]: [s. n.], v. 7, 1975, p. 131-193.

RAMÍREZ LUDEÑA, Lorena; VILAJOSANA, Josep M. (eds.). Convencionalismo y derecho. Madrid: Marcial Pons, 2016.

RAWLS, John. A theory of justice. Cambridge: Harvard University Press, 1971.

RAZ, Joseph. The concept of a legal system: an introduction to the theory of legal system. 2.ed. Oxford: Clarendon Press, 1980.

ROBLES MORCHÓN, Gregorio. Comunicación, lenguaje y derecho. Madrid: Real Academia de Ciencias Morales y Políticas, 2009.

RODRÍGUEZ, Jorge Luis. La regla de reconocimiento como convención constitutiva. In: LUDEÑA, Lorena Ramírez; VILAJOSANA, Josep M. (ed.). Convencionalismo y derecho. Marcial Pons: Madrid, 2016, p. 89-117.

ROSS, Alf. On law and justice. Translated by: Uta Bindreiter. Oxford: Oxford University Press, 2019 [1953].

ROSS, Alf. Tû-Tû. Tradução de: Edson L.M. Bini. São Paulo: Quartier Latin, 2004.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de lingüística geral. Tradução de: Antonio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 25. ed. São Paulo: Cultrix, 2003.

SCHMITT, Carl. O conceito de político. Tradução de: Alexandre Franco de Sá. Lisboa: Edições 70, 2019 [1932].

SCHMITT, Carl. Sobre os três tipos de pensamento jurídico. Tradução de: Peter Naumann. In: MACEDO JR., Ronaldo Porto. Carl Schmitt e a fundamentação do direito. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2011 [1934].

SEARLE, John Rogers. Speech acts: an essay in the philosophy of language. Cambridge: Cambrige University Press, 1969.

SHAPIRO, Scott J. Legality. Cambridge: Harvard University Press, 2011.

VAIHINGER, Hans. A filosofia do como se: sistema das ficções teóricas, práticas e regligiosas da humanidade, na base de um positivismo idealista. Tradução de: Johannes Kretschmer. Chapecó: Argos, 2011.

VILANOVA, Lourival. Teoria jurídica da revolução (anotações à margem de Kelsen). Revista brasileira de estudos políticos, Belo Horizonte: UFMG, v. 52, p. 59-103, 1981.

WEBER, Max. Stammler e a “superação” da concepção materialista de história. In: WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. Tradução de: Augustin Wernet. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2016, p. 353-423.

WRIGHT, Georg Henrik von. Norm and action: a logical enquiry. London: Routledge & Kegan Paul, 1963.

Publicado

2025-04-02

Cómo citar

DA COSTA, V. CONVENCIONALISMO JURÍDICO E MODISMOS FILOSÓFICOS. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, n. 57, p. 329–347, 2025. DOI: 10.22456/0104-6594.132113. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/revfacdir/article/view/132113. Acesso em: 24 jun. 2025.