O PARADOXAL GOVERNO DA “NOVA DISPENSAÇÃO” NO ZIMBÁBUE: VIOLÊNCIA POLÍTICA, IMPUNIDADE ENDÊMICA E SILENCIAMENTOS, 2017-2020
DOI:
https://doi.org/10.22456/2448-3923.105138Palavras-chave:
Zimbabwe. Violence. New dispensation. Impunity. Silences. Denialism.Resumo
O presente artigo busca discutir a capacidade e o compromisso do governo pós-Mugabe no Zimbábue com a tarefa de reconciliar os zimbabuenses e curar as feridas históricas do país, assim como seu legado assombroso de violência com motivações políticas. Após a transição de governo assistida pelos militares em novembro de 2017, a retórica do novo presidente Emmerson Mnangagwa, assinalou uma rejeição à violência e à política agressiva do seu antecessor, o presidente de longa data Robert Mugabe. Apesar de ter sido um importante facilitador do Presidente Mugabe desde a luta pela libertação nacional na década de 1970 até a era pós-colonial, o presidente Mnangagwa reapresentou a si mesmo como um político transformador, que queria desescalar as tensões políticas domésticas por meio da paz e de uma maior inclusão na gestão dos assuntos nacionais. Ele também instou seus compatriotas a esquecerem as dores da violência política do passado e seguirem em frente sob o slogan inclusivo de unidade, paz e desenvolvimento. Apesar dessa retórica conciliatória, ainda que pautada pela amnésia histórica, a qual tentou unificar os grupos políticos opositores do país, o governo comandado por Mnangagwa, popularmente conhecido como a “Nova Dispensação”, perpetuou a brutalidade da era Mugabe de violência, sequestros e desaparecimentos forçados de opositores políticos. Assim, o artigo argumenta que a mudança implícita no governo da Nova Dispensação representou um gesto populista, visto que o Zimbábue continuou a promover a impunidade diante das situações de violência instigada pelo Estado contra opositores políticos, situações marcadas pelo silenciamento e pelo negacionismo governamental.
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