Literatura com o corpo todo
a tecnopolítica do afeto nas coletivas de poetas periféricas
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.142117Palavras-chave:
Poema, Coletiva, Mulheres, Corpo, ComunidadeResumo
Este artigo discute o resgate da conjugação entre linguagem, corpo e comunidade na experiência literária e política de três coletivas de poetas na periferia de Fortaleza (BaRRosas; Pretarau: sarau das pretas; e Elaspoemas: escritas periféricas). A partir de uma pesquisa-participante em Pragmática Cultural (Alencar, 2015), observamos, em sua produção literária comunitária, o revide e, ao mesmo tempo, a ressignificação de formas de vida pautadas pela reinauguração da palavra, pela possibilidade de “se pôr em coletivo”, ao facultar a palavra a corpos sociais marginalizados, violentados, silenciados. Partindo da categoria “poema-corpo-comunidade” (Cabnal, 2010) e da síntese criativa “mulher: poema-corpo-comunidade” do feminismo comunitário (Paredes, 2010), vimos, na experiência das coletivas, o antídoto para redescobrir o sentimento comum(itário) enquanto condição preliminar e necessária da vida coletiva, justamente porque elas, com as poemas, não só fazem o resgate estético e comunitário da palavra e da linguagem, como também facultam a abertura de novos horizontes, longe do desencarne da experiência presente na fase digitalizada do capitalismo contemporâneo
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