Estar Vivo é ser Afetado: As Trajetórias Cruzadas de Plantas Alimentíceas e Seres Humanos
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.94354Keywords:
alimentação, plantas, afeto, comida.Abstract
Resumo: Ao longo da história das Ciências Sociais muitos autores se dedicaram a construir um campo da antropologia e da sociologia da alimentação, dando atenção aos modos como os seres humanos se relacionam com determinados aspectos socioculturais da comida. A fim de complementar essa abordagem com um enfoque não antropocêntrico, baseado na atenção às forças materiais e afetivas, este artigo coloca as plantas alimentícias como protagonistas da história da alimentação, sem, entretanto, excluir os seres humanos da equação. Para tanto, narra as viagens da terra ao prato de seis espécies alimentícias emblemáticas, retraçando as relações históricas entre humanos e alimentos. Amparadas em levantamento bibliográfico, o trabalho demonstra como as trajetórias de plantas alimentícias e seres humanos se afetam mutuamente, constituindo expressões indissociáveis de uma malha de vida comum.
Palavras-chave: alimentação. plantas. afeto. comida.
Abstract: Throughout the history of Social Sciences, many authors have attempted to build a field for Sociology and Anthropology of Food based on the ways human beings relate to sociocultural aspects of food. In order to supplement this approach with a non-anthropocentric focus, based on a renewed attention to material and affective forces, this paper puts plants that we eat at the center stage of food histories without excluding humans out of the equation. It follows the trajectories of six emblematic food species, retracing historical relations between human beings and plants in order to understand how these two elements affect each other across their living journeys. Based on literature review, the paper shows how the trajectory of plants and human beings mutually affect one another, constituting indissociable expressions of a common web of life.
Keywords: Eating. Food. Plants. Affection.
Downloads
References
BALFET, Helene. Bread in Some Regions of the Mediterranean Area. In: ARNOTT, Margaret L. The Anthropology of Food and Food Habits. Mouton & Co.: Paris, 1975. pp. 305-314.
CARNEIRO, Henrique. Comida e sociedade: uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
CASCUDO, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil – Cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
CROSBY, Alfred W. Imperialismo Ecológico: a expansão biológica da Europa 900-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia.São Paulo: Editora 34. 1995.
DÓRIA, Carlos Alberto; BASTOS, Marcelo Corrêa. A culinária caipira da Paulistânia: A história e as receitas de um modo antigo de comer. Três Estrelas: São Paulo. 2018.
DOUGLAS, Mary. Deciphering a Meal. Myth, Symbol, and Culture, v. 101, n. 1, 1972, p. 61-81.
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FLANDRIN, Jean-Louis. Os tempos modernos. In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org). História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2018. 9.ed. 888p.
FOURNIER, Dominique . A cozinha da América e o intercambio colombiano. in: MONTANARI, Massimo (org). O mundo na cozinha - história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Lberdade: Senac, 2009, pp. 159-176.
GLEIZER, Marcos André. Espinosa e a afetividade humana. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
GOODY, Jack. A comida africana na cultura „branca‟ e na cultura negra‟. In: MONTANARI, Massimo (org). O mundo na cozinha - história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Liberdade: Senac, 2009, pp. 141-158.
GROTTANELLI, Cristiano. A carne e seus ritos. In: FLANDRIN, FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org). História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2018, pp. 121-136.
HUETZ DE LEMPS, Alain. As bebidas coloniais e a rápida expansão do açúcar. In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org). História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2018, pp 611-624.
INGOLD, Tim. Estar vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petróbolis: Editora Vozes. 2015. Ebook
INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: Emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 18, n. 37,2012. p. 25-44
LARIOUX, Bruno. Identidades nacionais, peculiaridades regionais e koiné europeia na culinária medieval. In: MONTANARI, Massimo (org). O mundo na cozinha - história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Lberdade: Senac, 2009, pp. 67-87.
LÉVI-STRAUSS, Claude (1965).“Le triangle culinaire”. L’Arc, n. 26. p. 19-29.
MARTON, Renee. Rice: A Global History. Reaktion Books: London, 2014.
MCGEE, Harold. Comida & Cozinha: Ciência e Cultura da Culinária. Martins Fontes: 2014.
MELGAREJO, Martha. Informe sobre los usos y las propiedades nutricionales del maíz para la alimentación humana y animal. In: Serie de Informes Especiales de ILSI Argentina, Volumen II: Maíz y Nutrición. pp. 22-25. 2006.
MINTZ, Sidney W. Sweetness and power: the place of sugar in modern history. Penguin Books, 1985.
MONTANARI, Massimo. Comida Como Cultura. São Paulo: Senac, 2013.
MONTANARI, Massimo. Modelos alimentares e identidades culturais. In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org). História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2018. 9.ed. 888p.
POLLAN, Michael. The Botany of Desire: A plant’s-eye view of the world. Random House, 2002.
RIERA-MELIS, Antoni. O Mediterrâneo, crisol de tradições alimentares. A herança islâmica na culinária catalã medieval. In: MONTANARI, Massimo (org). O mundo na cozinha - história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Lberdade: Senac, 2009, pp. 19-52.
SHEWRY, Peter. Wheat. Journal of Experimental Botany, v. 60, n. 6, pp. 1537–1553, 2009.
SPINOZA; Benedictus de. Ética. Belo Horizonte: Autêntica. 2009.
TSING, Anna Lowenhaupt. The Mushroom at the End of the World: On the Possibility of Life in Capitalist Ruins. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2015
TSING, Anna. Arts of inclusion, or how to love a mushroom, Manoa, vol. 22, n. 2, Wild Hearts: literature, ecology, and inclusion (winter 2010), pp. 191-203.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.