Antropologia e inteligência artificial:
por uma xenoantropologia das máquinas e uma xenoepistemologia do machine learning
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.142923Keywords:
speculative anthropology, artificial intelligence, machine learning, xenoepistemologies, xenoanthropologyAbstract
Este artigo investiga as possibilidades de abordagem antropológica da Inteligência Artificial (IA) e do Machine Learning (ML) a partir de uma perspectiva de uma Antropologia Especulativa. Exploramos como essas tecnologias emergentes, especialmente os algoritmos de aprendizado profundo não supervisionados, introduzem novas formas de agência não humana e alteridade radical. A partir da noção de “XenoEpistemologias”, apostamos numa “Xenoantropologia” para interpretar como a IA desafia as categorias tradicionais de agência e conhecimento na Antropologia Social e Cultural. O artigo examina os limites das abordagens antropológicas tradicionais ao lidar com tecnologias digitais e apresenta alternativas, como a lógica abdutiva que abraça a indeterminação e a criação de novas realidades. O objetivo é expandir as ferramentas
analíticas da Antropologia para engajar-se com a IA e o ML não apenas como objetos de estudo, mas como agentes ativos na produção de novas epistemologias e ontologias.
Downloads
References
ALBRIS, Kristoffer; OTTO, Eva I.; ASTRUPGAARD, Sofie L. et al. A view from anthropology: Should anthropologists fear the data machines? Big Data & Society, v. 8, n. 1, 2021. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/20539517211043655. Acesso em: [data de acesso].
ARCHER, Margaret S. Considering AI personhood. In: Post-Human Institutions and Organizations. Routledge, 2019. p. 28-47.
AL-AMOUDI, Ismael; MORGAN, Jamie (editores). Realist responses to post-Human society: ex Machina. Abingdon, Oxon; New York, NY: Routledge, 2019.
AUPERS, Stef. The Revenge of the Machines: An Essay on Animism in the World of Computers, Robots and Cyborgs. Asian Journal of Social Science, v. 28, n. 2, p. 203-220, 2000.
BECKER, Joffrey. Artificial lives, analogies and symbolic thought: an anthropological insight on robots and AI. Studies in History and Philosophy of Science, [s. l.], v. 99, p. 89-96, 2023. DOI: 10.1016/j.shpsa.2023.04.001.
BOELLSTORFF, Tom. Making big data, in theory. First Monday, v. 18, n. 10, 7 out. 2013. Disponível em: http://firstmonday.org/ojs/index.php/fm/article/view/4869. Acesso em: 19 de set. 2024.
BOGOST, Ian. Alien Phenomenology, or what It’s like to be a thing. Minneapolis; London: University of Minnesota Press, 2012.
MARSHALL, Kate. How to be an Alien: Ian Bogost’s “alien phenomenology, or, what it's like to be a thing”. Los Angeles Review of Books, 19 nov. 2013. Disponível em: https://lareviewofbooks.org/article/how-to-be-an-alien/. Acesso em: 26 set. 2024.
BRAIDOTTI, Rosi. Critical posthuman knowledges. South Atlantic Quarterly, v. 116, n. 1, p. 83-96, 2017.
BUTLER, Octavia E. Mind of my mind. Hachette UK, 2020.
CASTRO, Eduardo Viveiros de. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, v. 2, p. 115-144, 1996.
CASTRO, Eduardo Batalha Viveiros; HUI, Yuk; GOMES, Emanoel Pedro Martins. Por um primitivismo estratégico: um diálogo entre Eduardo Viveiros de Castro e Yuk Hui. Revista Linguagem em Foco, v. 15, n. 3, p. 154-167, 2023.
CORRÊA, Murilo Duarte Costa; COCCO, Giuseppe. Tecnologia e lutas: capitalismo de vigilância e lutas algorítmicas. MATRIZes, 18(1), 105-125.
CUBONIKS, Laboria. The xenofeminist manifesto: a politics for alienation. Verso Books, 2018.
DAMASCENO RAMALHO PEREIRA, Rafael. O problema das outras mentes: uma antropologia das inteligências artificiais. 2021. 132 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
DESCOLA, Philippe. Além de natureza e cultura. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, v. 3, n. 1, p. 7-7, 2015.
DWIVEDI, Yogesh K. et al. Artificial Intelligence (AI): Multidisciplinary perspectives on emerging challenges, opportunities, and agenda for research, practice and policy. International Journal of Information Management, [s. l.], v. 49, p. 1020-1022, 2019.
DURKHEIM, Emile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FERREIRA, Matheus Henrique Da Mota. Exercícios em xenosofia: fazendo aliados-parentes entre aliens e cyborgs contra o capital. Das Questões, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 183-212, jun. 2021.
FISCH, Michael. An anthropology of the machine: Tokyo's commuter train network. University of Chicago Press, 2019.
GABRIEL, Markus. Could a robot be conscious? some lessons from philosophy, robotics, AI, and humanity: Science, Ethics, and Policy, p. 57-68, 2021.
HESTER, Helen. Xenofeminism. John Wiley & Sons, 2018.
JENSEN, Casper Bruun; BLOK, Anders. Techno-animism in Japan: Shinto cosmograms, actor-network theory, and the enabling powers of non-human agencies. Theory, Culture & Society, v. 30, n. 2, p. 84-115, 2013.
LATOUR, Bruno. On technical mediation - philosophy, sociology, genealogy. Common Knowledge, v. 3, n. 2, p. 29-64, 1994
MARENKO, Betti. Neo-animism and design: A new paradigm in object theory. Design and Culture, v. 6, n. 2, p. 219-241, 2014.
MARENKO, Betti. Hybrid Animism: The Sensing Surfaces Of Planetary Computation. New Formations, v. 104, n. 104-105, p. 183-197, 2021.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Vol 1. São Paulo: EPU, 1974a
MAUSS, M. As técnicas corporais . In MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. Trad. Mauro W. B. de Almeida. São Paulo, EPU/EDUSP, 1974b
MELITOPOULOS, Angela; LAZZARATO, Maurizio. Machinic Animism. Deleuze Studies, Edinburgh, v. 6, n. 2, p. 240-249, 2012.
OMAN-REAGAN, Michael P. Conceptualizing Difference in SETI: Xenoanthropological Theory and Methods. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.31235/osf.io/whg93. Acesso em: 12/09/2024
PARISI, Luciana. Interactive computation and artificial epistemologies. Theory, Culture & Society, v. 38, n. 7-8, p. 33-53, 2021.
PARISI, Luciana. The alien subject of AI. Subjectivity, v. 12, p. 27-48, 2019.
PARISI, Luciana. Xeno-Patterning: predictive intuition and automated imagination. In: Alien Vectors: Accelerationism, Xenofeminism, Inhumanism. Routledge, 2020. p. 72-87.
PEDERSEN, Morten Axel. Editorial introduction: Towards a machinic anthropology. Big Data & Society, v. 8, n. 1, 2023. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/20539517231153803. Acesso em: 01 set. 2024.
RICHARDSON, Kathleen. An Anthropology of Robots and AI: Annihilation Anxiety and Machines. Nova York: Routledge, 2015.
ROCHE, François. Science fiction, ecosophical apparatus and skizoid machines: animism, vitalism and machinism as a way to rearticulate the need to confront the unknown in a contradictory manner. Architectural Design, [s. l.], v. 80, n. 4, p. 64-71, 2010.
ROD, Jan; KERA, Denisa. From agency and subjectivity to animism: phenomenological and Science Technology Studies (STS) approach to design of large techno-social systems. Digital Creativity, v. 21, n. 1, p. 70-76, 2010.
SCHWARCZ, H. Joseph. Machine Animism in Modern Children's Literature. The Library Quarterly, Chicago, v. 37, n. 1, p. 78-95, 1967. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/4305736. Acesso em: 14 jun. 2014.
SEARLE, J. R. Minds, brains, and programs. Behavioral and Brain Sciences, v. 3, n. 3, p. 417-457, 1980. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S0140525X00005756. Acesso em: 18 set. 2024
SELLARS, Wilfrid. Empiricism and the Philosophy of Mind. 1956.
SNAKE-BEINGS, Emit. DiY (Do-it-Yourself) electronics, coin-operated relic boxes and techno-animist shrines. Leonardo, v. 53, n. 5, p. 478-485, 2020.
SNAKE-BEINGS, Emit. Maker Culture and DiY technologies: re-functioning as a Techno-Animist practice. Continuum: Journal of Media & Cultural Studies, v. 31, n. 3, p. 403-417, 2017.
SULLIVAN, Sian. ‘Ecosystem service commodities’ - A new imperial ecology? New formations, n. 69, p. 111-128, 2010.
TERRANOVA, T. et al. Dialogues on Recursive Colonialisms, Speculative Computation, and the Techno-social. e-flux journal, v. 123, 2021.
TURING, Alan Mathison. Mind. Mind, v. 59, n. 236, p. 433-460, 1950.
TYLOR, Edward B. Primitive Culture. 1871.
VAILLO, Gonzalo. Ontopolitics of equality and xenoaesthetics of Abstraction. Technophany, v. 2, 2023. Doi 10.54195/technophany.13796
VALENTIM, Marco Antonio. Antropologia & xenologia. Revista ECO-Pós, v. 21, n. 2, p. 343-363, 2018.
VIVALDI, Jordi. Xenological subjectivity: Rosi Braidotti and object-oriented ontology. Open Philosophy, [s. l.], v. 4, n. 1, p. 311-334, 1 jan. 2021.
ZHANG, Yinsheng. Selectivity: The Essence of Natural and Artificial Intelligence. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON INFORMATION TECHNOLOGY & SYSTEMS AND THE 11TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON AGENT SYSTEMS AND AGENT-BASED SIMULATIONS (Infus-11), 2022, [S. l.]. Proceedings... [S. l.]: Springer Nature, 2022. p. 932-940. DOI: 10.1007/978-3-031-09173-5_107.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 ILUMINURAS

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.