“Minha casa azul, protegida pelo manto de Nossa Senhora!” Criação e co-criação de mundos por mulheres negras assentadas no sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.137497Palavras-chave:
Mulheres negras., Pensamento do tremor., Pesquisa situada., Co-criação., Extensão rural.Resumo
A partir do tremor (Glissant, 2010) provocado pelo encontro fortuito com Joseane Silveira durante pesquisa de campo com mulheres negras do Assentamento Filhos de Sepé em Viamão, Rio Grande do Sul, nesse ensaio narro acontecimentos do cotidiano que ressoaram como pistas da criação e co-criação de mundos que eclodem no “momento exato da dança” (Pelbart, 2019). De tais acontecimentos, habitados pela beleza, o gosto pelos trabalhos manuais e a perspectiva dadivosa da relação com os demais vivos, eclodiram pulsantes modos de existência, indicando pertencimento ao mundo (ao seu mundo) com a força de deslocar a noção de um mundo universal padronizado. Apresentam-se mundos nos quais a vida vivida se mostra na potencia de povoar o que existe de força e beleza, numa constante luta para viver como se deseja, aqui e agora. Estremecida pela encruzilhada de mundos diferentes, capaz de evidenciar fissuras do saber-fazer da pesquisadora, eclodiram perspectivas para encontros simétricos.
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