“Ele escreveu enquanto o sol deslizava no mar e enquanto o ar se enchia de escuridão”: escrita, morte e sobrevivência em “Resposta à abadessa”
Resumo
Este estudo analisa o capítulo “Resposta à Abadessa”, do romance Fama: um romance em nove histórias, de Daniel Kehlmann. Miguel Auristos Blancos é um personagem/escritor reconhecido por suas obras, das quais a principal abordagem é sobre a espiritualidade. Todos os dias ele responde às cartas de seus leitores, que esperam receber dicas, sugestões e conselhos. Dedicou aquele dia para responder à abadessa, enquanto o sol brilhava sobre o mar e o ar se enchia lentamente de escuridão. Blancos se incomoda com a resposta, porque o faz refletir sobre os próprios textos e crenças. Seus pensamentos o levam a considerar o suicídio como uma solução para seus conflitos internos. Esta pesquisa bibliográfica considera outros escritores, que refletem sobre a morte ao longo de seus textos, como Michel de Montaigne, outros que devido à infelicidade, à angústia e à melancolia decidiram antecipar a morte, como Stefan Zweig e Virginia Woolf, podendo ter inspirado a construção desse escritor ficcional. Por outro lado, o filólogo Ottmar Ette destaca alguns escritores que utilizaram a escrita diante da morte, mas buscando a sobrevivência, como Werner Krauss e Hannah Arendt. Em ambas as situações: busca pela sobrevivência ou rendição à morte; o medo, a angústia e o sofrimento devastam e, em ambas as circunstâncias, o fim idealizado é a mais pura liberdade, e a literatura escrita é uma forma de assegurar a sobrevivência.Downloads
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Publicado
19.03.2023
Como Citar
Klos Schöninger, C. L. . (2023). “Ele escreveu enquanto o sol deslizava no mar e enquanto o ar se enchia de escuridão”: escrita, morte e sobrevivência em “Resposta à abadessa”. Contingentia, 9(2), 77–86. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/contingentia/article/view/129667
Edição
Seção
Artigos