v. 50 n. 1 (2023): 2024
Inicialmente, é imperativo recordar que estamos atrasados em nossas publicações e empenhados em colocar o periódico em dia, para fazer jus à característica própria deste tipo de publicação.
A edição, que ora publicamos, possui 7 artigos, resultados de pesquisas e estudos diversificados. Os artigos envolvem temáticas distintas, que vão desde questões relacionadas à biogeografia ao uso de SIG para analisar questões referentes ao modo de vida urbano; este último, aliás, é retratado em mais de um artigo. Tal qual nosso volume anterior, os textos aqui apresentados resultam de análises que rerpesentama realidade contemporânea e, embora o BGG seja uma publicação da Seção Porto Alegre da AGB, reafirmam a relevância nacional do periódico.
O atual número do BGG é aberto com um artigo de Falcão sobre uma dimensão da crise urbana atual: a questão da moradia, ou, se preferirmos, da dificuldade que parte expressiva da população tem para acessar uma moradia digna. Ao analisar o caso da Espanha, a autora mostra como questões que se mostraram mais agudas na década passada ainda persistem na realidade de importantes cidades espanholas e cujas raízes não estão circunscritas àquele país, mas dizem respeito a todos os países capitalistas.
O segundo artigo analisa a questão urbana em uma cidade média: Montes Claros, situada ao norte de Minas Gerais. A partir de uma pesquisa quali-quantitativas e tendo a variável renda como norteadora, as autoras constatam como a fragmentação do tecido urbano – uma faceta do processo de urbanização ali desenvolvido – reproduz em escala local alguns traços comuns àqueles que se verificam em outras metrópoles brasileiras, como a expansão do tecido urbano com diferentes tipologias de habitação e os problemas de mobilidade urbana.
O terceiro e o quarto artigos versam sobre o litoral a partir enfoques muito diferentes: no primeiro, o foco é sobre o kitesurf potencializando o turismo local no Ceará; enquanto no segundo, analisa-se a atividade dos pescadores como componentes da paisagem litorânea no sul do Rio Grande do Sul.
O estudo de Mesquita, Paula e Pinheiro analisa como a Praia do Cumbuco, em Caucaia (CE), teve seu espaço transformado pela atividade turística impulsionada pela prática do kitesurf. Uma das principais repercussões foi a mudança da economia local, que passou a incorporar a população local ao circuito econômico que ali se instalara, em detrimento das atividades tradicionalmente realizadas no local.
No sul do país, Godoy e Costamilan vislumbram utilizar a paisagem cultural, instrumento de preservação do patrimônio cultural, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (IPHAN) como mecanismo para pleitear o reconhecimento dos patrimônios culturais das comunidades de pescadores artesanais no litoral do Rio Grande do Sul. Ao enfocarem o trabalho das comunidades de pescadores artesanais, os autores ressaltam o conhecimento e a relação dos pescadores com os corpos hídricos nos territórios, sejam em áreas urbanas ou rurais, o que resultado em quadros únicos dignos de reconhecimento e, na ótica dos autores, elegíveis tanto para a realização de política públicas como para comporem os planos de gestão dos espaços costeiros nacionais.
O quinto artigo tem como objetivo analisar um fato contramajoritário: a permanência de população jovem em áreas rurais, mesmo quando se verifica a expansão da população urbana. Foram identificadas diversas causas que levam à migração e consequente êxodo rural. A pesquisa demonstra que a identificação com as atividades realizadas no campo leva esse contingente populacional a buscar qualificação educacional formal, especialmente em cursos voltados às ciências agrárias, para se fixarem novamente no meio rural.
O sexto artigo tem como objeto de estudos o uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) como ferramentas capazes de auxiliar a apreciação dos acidentes de trânsito envolvendo veículos pesados nas rodovias federais no Estado do Rio de Janeiro. O estudo aponta os métodos utilizados na contagem de acidentes e examinam as diferentes metodologias e abordagens que podem ser empregadas para análises desta natureza. Posteriormente, informam os parâmetros escolhidos e utilizados no estudo e concluem que, dada a sua estrutura, o modelo pode ser replicado e empregado em outros locais.
Por fim, o artigo de Dambrowsky e Marenzi, tal qual Godoy e Costamilan, buscam em instrumental internacional - neste caso a Convenção da Diversidade Biológica - os meios capazes de apoiar o poder público na elaboração de um modelo que subsidie a tomada de decisão sobre a instituição de unidades de conservação. A partir da análise da experiência realizada na Bacia do Itajaí, em Santa Catarina, as autoras concluem que os modelos de nicho ecológico são positivos, pois permitem identificar espécies e identificar contextos espaciais que possam ser objetos de ações de planejamento voltados à criação de Unidades de Conservação.
Desejamos a todos(as) uma boa leitura!
Coletivo de Publicações
Everton de Moraes Kozenieski - Editor
André Baldraia - Editor
Coletivo de Publicações 2022/2024