A cooperação arriscada: a gênese do envio da Missão Venturini (1983) ao Suriname sob a lente da Teoria Prospectiva
DOI:
https://doi.org/10.22456/2178-8839.101585Palabras clave:
Suriname, Teoria Prospectiva, João FigueiredoResumen
Este artigo analisa a motivação brasileira para agir como mediador de tensões em um dos momentos mais delicados da história do Suriname, em 1982: a crise que sucedeu o assassinato de diversos opositores de seu líder, Desiré Bouterse, que propugnava uma guinada na política externa de seu país, propondo uma aproximação de Cuba. A gestão brasileira ficou conhecida como “Missão Venturini”, enviada em 1983, cujo maior objetivo foi evitar essa guinada do governo surinamês, bem como potenciais ingerências dos Estados Unidos, que investiam em intensa campanha anticomunista sob o governo Ronald Reagan, na América do Sul. Nossa análise, pautada em documentos dos Arquivos Saraiva Guerreiro e Azeredo da Silveira, disponibilizados pelo CPDOC/FGV, usa a teoria prospectiva para oferecer uma resposta a tal indagação. Indicamos que a executiva de política externa, agindo de modo a evitar perdas decorrentes de possíveis gestões estadunidenses na região, optou pelo oferecimento de cooperação ao Suriname visando “moderar” o discurso e as ações do governo Bouterse.Descargas
Citas
AVILA, Carlos Federico Domínguez. Guerra Fria na região Amazônica: um estudo da Missão Venturini ao Suriname (1983). Revista Brasileira de Política Internacional. v. 1, n. 54, p. 7-28, 2011.
BEREJIKIAN, Jeffrey. Model building with Prospect Theory: a cognitive approach to International Relations. Political Psychology. v. 23, n. 4, p. 759-786, 2002.
BOETTCHER, William A. The prospects for Prospect Theory: an empirical evaluation of International Relations applications of Framing and Loss Aversion. Political Psychology. v. 25, n. 3, p. 331-362, 2004.
BRASIL. Informação 099 ao Presidente, em 04 mar 1976. Arquivo Azeredo da Silveira, pasta AAS mre ai 1977.03.02. CPDOC/FGV.
BRASIL. Informação 285 ao Presidente, 08 set 1982. 1982a. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 05/1982. CPDOC/FGV
BRASIL. Informação 396 ao Presidente, 27 dez 1982. 1982b. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 06/1982. CPDOC/FGV
BRASIL. Informação 019 ao Presidente, 18 jan 1983. 1983a. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 01/1983. CPDOC/FGV
BRASIL. Circtel nº 12.691. Secreto-urgente, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Brasília, 21 jan 1983. 1983b. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 235. Secreto-Exclusivo-Urgente, da Embaixada em Washington (Antônio Azeredo da Silveira) para o Ministério das Relações Exteriores. Washington, 24 jan 1983. 1983c. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 236 (resposta). Secreto-Exclusivo-Urgentíssimo, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Brasília, 26 jan 1983. 1983d. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 165. Confidencial, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Retransmissão do Telegrama nº 85, recebido da Embaixada em Paramaribo em 08 fev 1983. Brasília, 10 fev 1983. 1983e. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 229. Secreto, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Retransmissão do Telegrama nº 118, recebido da Embaixada em Paramaribo em 22 fev 1983. Brasília, 24 fev 1983. 1983f. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 501. Secreto-Exclusivo-Urgentíssimo, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Transmissão do texto da carta de Ronald Reagan para João Figueiredo, de 28 mar 1983. Brasília, 15 abr 1983. 1983g. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Telegrama nº 502. Secreto-Exclusivo-Urgentíssimo, do Ministério das Relações Exteriores para a Embaixada em Washington. Transmissão do texto da carta de resposta de João Figueiredo para Ronald Reagan. Brasília, 15.abr 1983. 1983h. Arquivo Azeredo da Silveira. Pasta AAS ew 1983.01.20. CPDOC/FGV.
BRASIL. Informação 135 ao Presidente, 09 mai 1983. 1983i. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 02/1983. CPDOC/FGV
BRASIL. Informação 254 ao Presidente, 20 set 1983. 1983j. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 03/1983. CPDOC/FGV
BRASIL. Informação 258 ao Presidente, 23 set 1983. 1983k. Arquivo Saraiva Guerreiro. Pasta SG mre 1979.03.20, Encadernado volume 03/1983. CPDOC/FGV
CAVLAK, Iuri. O Golpe Militar no Suriname e a Geopolítica no Platô das Guianas. Revista de Geopolítica. v. 7, n. 1, p. 133-151, 2016.
FARNHAM, Barbara. Roosevelt and the Munich Crisis: Insights from prospect Theory. In: FARNHAM, Barbara (ed.). Avoiding Losses / Taking Risks: Prospect Theory and International Conflict. Cap 4, p. 41-72. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1994.
GUERREIRO, Ramiro Saraiva. Ramiro Saraiva Guerreiro (depoimento, 1985/1991). Rio de Janeiro: FGV/CPDOC, 2019.
HAAS, Mark. Prospect theory and the Cuban missile crisis. International Studies Quarterly v. 45, n. 2, p. 241-270, 2001.
HOEFTE, Rosemarijn. Suriname in the Long Twentieth Century: Domination, Contestation, Globalization. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2014.
JANSSEN, Roger. In Search of a Path: an analysis of the foreign policy of Suriname from 1975 to 1991. Leiden: KITLV Press, 2011.
JERVIS, Robert. Political Implications of Loss Aversion. In: FARNHAM, Barbara (ed.). Avoiding Losses / Taking Risks: Prospect Theory and International Conflict. Cap. 3, p. 23-40. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1994.
KAHNEMAN, Daniel; TVERSKY, Amos. Prospect theory: an analysis of decision under risk. Econometrica. v. 47, n. 2, p. 263-291, 1979.
LAMPREIA, Luiz Felipe. O Brasil e os ventos do mundo: memórias de cinco décadas na cena internacional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
LEVY, Jack. Prospect Theory, Rational Choice and International Relations. International Studies Quarterly, v. 41, n. 1, p. 87-112, 1997.
LEVY, Jack. Prospect Theory and International Relations: theoretical applications and analytical problems. In: FARNHAM, Barbara (ed.). Avoiding Losses / Taking Risks: Prospect Theory and International Conflict. Cap. 7, p. 119-146. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1994.
MCDERMOTT, Rose. Prospect Theory in International Relations: the Iranian hostage rescue mission. In: FARNHAM, Barbara (ed.). Avoiding Losses / Taking Risks: Prospect Theory and International Conflict. Cap. 5, p. 73-100. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1994.
MCDERMOTT, Rose; FOWLER, James; SMIRNOV, Oleg. On the evolutionary origin of Prospect Theory Preferences. Journal of Politics, v. 60, n. 2, p. 335-450, 2008.
MCMAHON, Robert. The Cold War: a very short introduction. Nova Iorque: Oxford University Press, 2003.
MERCER, Jonathan. Prospect Theory and Political Science. Annual Review of Political Science, v. 8, p. 1-21, 2005.
PINHEIRO, Letícia. Foreign policy decision-making under the Geisel government: the President, the Military and the Foreign Ministry. Brasília: Funag, 2013.
SARAIVA, Miriam Gomes. Política externa, política interna e estratégia de desenvolvimento: o projeto de Brasil potência emergente (1974 a 1979). Sociedade em Debate. v. 4, n. 1, p. 19-38. 1998.
SARAIVA, Miriam Gomes. Encontros e Desencontros: o lugar da Argentina na política externa brasileira. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012
SAMUELSON, William; ZECKHAUSER, Richard. Status quo bias in decision making. Journal of Risk and Uncertainty, v. 1, p. 7-59, 1988.
SCHENONI, Luis; BRANIFF, Sean; BATTAGLINO, Jorge. Was the Malvinas/Falklands a Diversionary War? A Prospect-Theory reinterpretation of Argentina’s decline. Security Studies, v. 29, n. 1, p. 34-63, 2020.
URT, Joao Nackle. A Lógica da Construção da Confiança: Relações Brasil-Suriname entre 1975 e 1985. Revista Brasileira de Política Internacional. v. 2, n. 53, p.70-87, 2010.
VIS, Barbara. Prospect Theory and political decision making. Political Studies Review. v. 9, n. 3, p. 334-343, 2011.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Los(as) autores(as) que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
a. Los(as) autores(as) conservan los derechos de autor y otorgan a la revista el derecho a la primera publicación, con el artículo licenciado simultáneamente bajo la Licencia Internacional Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0, que permite su uso, distribución y reproducción en cualquier medio, así como su transformación y creaciones a partir de él, siempre que se acrediten al(la) autor(a) y a la fuente originales. Además, el material no puede ser utilizado con fines comerciales y, si se transforma o se utiliza como base para otras creaciones, éstas deben distribuirse bajo la misma licencia que el original.
b. Los(as) autores(as) están autorizados(as) a asumir contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de la versión del artículo publicada en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
c. Los(as) autores(as) tienen permitido publicar, en los repositorios considerados por Conjuntura Austral, la versión preprint de los manuscritos enviados a la revista en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Ver El efecto del Acceso Abierto).
d. Los(as) autores(as) tienen el permiso y son incentivados(as) a publicar y distribuir online (en repositorios institucionales y/o temáticos, en sus páginas personales, etc.) la versión posprint de los manuscritos (aceptados y publicados), sin ningún período de embargo.
e. Conjuntura Austral: Journal of the Global South, imbuida del espíritu de garantizar la protección de la producción académica y científica regional en Acceso Abierto, es signataria de la Declaración de México sobre el uso de la licencia Creative Commons BY-NC-SA para garantizar la protección de la producción académica y científica en Acceso Abierto.