SUICÍDIOS NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS: UMA ABORDAGEM ESPACIAL PARA DADOS CENSURADOS
DOI:
https://doi.org/10.22456/2176-5456.93655Palavras-chave:
Suicídio, Econometria Espacial, Tobit, Municípios Brasileiros.Resumo
O suicídio é reconhecido internacionalmente como um problema de saúde
pública que figura entre as dez causas de mortes mais frequentes entre a população
em geral, superando a quantidade de mortes por conflitos armados. No Brasil, segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade, para cada suicídio registrado,
estima-se que existem mais de 20 tentativas não reportadas. O sub-registro, aliado à
raridade e às características inerentes a sua distribuição, torna o fenômeno ainda mais
complexo, especialmente no contexto brasileiro, em que as dimensões continentais
comportam heterogeneidades socioeconômicas e culturais. No intuito de verificar a influência de fatores socioeconômicos na presença de interações espaciais, utiliza-se um
modelo tobit espacialmente defasado aplicado a dados municipais de 2010. A abordagem empírica adotada representa um importante avanço na literatura, já que, além
de considerar a autocorrelação espacial a um nível de agregação que, até então, não
era comum às pesquisas a respeito do suicídio, também oferece um tratamento para
variáveis censuradas. Os principais resultados corroboram estudos anteriores acerca
da influência significativa dos fatores socioeconômicos e confirmam efeitos multiplicadores espaciais, consistentes com os postulados durkheimianos sobre o efeito-contágio.
Portanto, é desejável que políticas públicas para contenção e prevenção do suicídio
levem em consideração não só aspectos socioeconômicos e demográficos, como também a distribuição territorial das ocorrências e a interação espacial existente entre elas.