Coordenação como técnica de governo

Autores

  • Daniel Veloso Hirata Universidade Federal Fluminense
  • Bruno de Vasconcelos Cardoso Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O presente artigo fornece elementos para se pensar a coordenação como uma técnica de governo.  Partiremos de dois trabalhos etnográficos realizados junto ao CICC (Centro Integrado de Comando e Controle) e à SEOP (Secretaria Especial de Ordem Pública) na cidade do Rio de Janeiro. Considerando que o CICC e a SEOP produziram algumas das mais importantes transformações nas áreas de Segurança Pública e Ordem Urbana dos últimos anos nesta cidade, é significativa sua centralidade para ambas. A coordenação emerge na SEOP por meio da construção de um novo design institucional, articulando o trabalho de secretarias, coordenadorias e autarquias já existentes para produzir efeitos na produção da ordem urbana. Já no CICC, a coordenação resulta do esforço de integrar informações através da construção de um grande sistema informacional e de controle visando responder rapidamente às necessidades de atuação em eventos cotidianos assim como nos considerados críticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Veloso Hirata, Universidade Federal Fluminense

Professor do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Direito e do Departamento de Sociologia

Bruno de Vasconcelos Cardoso, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia e do Departamento de Sociologia

Referências

CALLON, M. El proceso de construcción de la sociedade. El estudio de la tecnología como herramienta para el análisis sociológico. In: DOMÈNECH, M.; TIRADO, F (Orgs.). Sociología simétrica: Ensayos sobre ciência, tecnologia y sociedade. Barcelona : Gedisa Editorial, 1998. p. 143-170.

___________; LATOUR, B. Unscrewing the Big Leviathan; or How actors macrostructure reality, and how sociologists help them to do so?. In. KNORR, K.; CICCOUREL, A. (Orgs). Advances in Social Theory and Methodology. Towards an integration of Micro and Macro Sociologies. London: Routledge, 1981. p. 277-303.

CARDOSO, B. Todos os Olhos: videovigilâncias, voyeurismo e (re)produção imagética. Rio de Janeiro : Editora UFRJ e Faperj, 2014.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2010.

CAVALLETTI, A. Mitología de la seguridad. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editores, 2005.

CLARKE, R. Les technologies de la prévention situtionnelle. Les Cahiers de la sécurité interieure, 1995.

COLI, A. Centro Integrado de Comando e Controle (CICC): ferramenta de integração para o Estado Rede. Monografia (Especialização em Segurança Pública)–Academia de Polícia Militar de Minas Gerais e Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2011.

COLLIER, S. J. Topologies of Power: Foucault’s Analysis of Political Government beyond “Governmentality”. Theory, Culture & Society, vol. 26, issue 6, p. 78-108, 2009. http://tcs.sagepub.com/content/26/6/78.short

DESROSIÈRES, A. Gouverner par les nombres. Paris : Presses de l´école de mines, 2008.

DUARTE, F.; FIRMINO, R. Espaço, visibilidade e tecnologias: (re) caracterizando a experiência urbana. In: BRUNO, F.; KANASHIRO, M.; FIRMINO, R. Vigilância e visibilidade: espaço, tecnologia e identificação. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 94-112.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis : Vozes, 2003.

_____________. História da Sexualidade 3 – O cuidado de si. São Paulo : Graal, 2007.

_____________. Segurança, Território, População. São Paulo : Martins Fontes, 2008.

FOURQUET, F.; MURARD, L. Les Équipements du pouvoir. Recherches, 13, 1973.

GARLAND, D. A cultura do controle. Rio de Janeiro : Revan, 2008.

HACKING, I. Making up people. London Review of books, vol. 28, n. 16, p.161-171, 2006.

HEILMANN, É. Le marché de la vidéosurveillance. Du maintien de l’ordre public à la gestion des (dés)ordres privés. Informations sociales, vol. 6, n. 126, 2005.

HIBOU, B. Retrait ou rédeploiment de l´État. Critique Internationale, vol. 1, p. 151-168, 1998.

HIRATA, D. V. Sobreviver na Adversidade: entre o mercado e a vida. Tese (Doutorado em Sociologia). Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade de São Paulo, 2010.

HUGHES, T. The Evolution of Large Technological Systems. In : BIJKER, W.; HUGHES, T.; PINCH, T. (Orgs.). The Social Contruction of Technological Systems. Cambridge & London : The MIT Press, 2012. p. 45-76.

LAUDAUER, P. L’architecte, la ville et la sécurité. Paris: PUC, 2009.

LASCOUMES, P.; LE GALÈS, P. Gouverner par les instruments. Paris: Les Presses Science Po, 2004.

LATOUR, B. Technology is Society made durable. In: LAW, J. (Org). A Sociology of Monsters: Essays on power, technology and domination, London: Routledge, 1991.

______________. How to write ‘The Prince” for machines as well as for machinations. In: ELLIOT, B. (Org). Technology and Social Change. Edinburgh University Press, 1998. p. 20-43.

LAW, J. On the Methods of Long Distance Control: Vessels, Navigation, and the Portuguese Route to India. In: LAW, J. (org.) Power, Action and Belief. Henley: Routledge, 1986. p. 234-263.

______. Notes on the Theory of Actor Network: Ordering, Strategy and Heterogeneity. Centre for Science Studies, Lancaster University, 1992. http://www.lancs.ac.uk/fass/sociology/papers/law-notes-on-ant.pdf

______. Del poder y sus tácticas. Un enfoque desde la sociologia de la ciência. In : DOMÈNECH, M.; TIRADO, F. (Orgs.). Sociología simétrica: Ensayos sobre ciência, tecnologia y sociedade. Barcelona : Gedisa Editorial, 1998. p. 63-107.

______; CALLON, M. The Life and death of an aircraft: a network analysis of technical change. In: Shaping technology/building society. Cambridge & London: The MIT Press, 1992. p. 21-52.

LIANOS, M. Le nouveau contrôle social. Toile institutionelle, normativité et lien social. Paris : L’Harmattan, 2001.

__________. Le contrôle social après Foucault. Surveillance & Society, 1(3), p. 431-448, 2003.

LORETTI, P. Para que serve uma UOP? Algumas considerações sobre a politica de ordem pública no Rio de Janeiro. Revista Dilemas, vol. 8, numero 3, 2014.

LYON, D. Surveillance, Snowden and Big data: Capacities, consequences, critique. Big Data & Society, July-December, p. 1-13, 2014.

MACHADO DA SILVA, L. Violência Urbana: representação de uma ordem social. In : NASCIMENTO, E.P; BARREIRA, I. (Orgs.) Brasil Urbano: Cenários da Ordem e da Desordem. Rio de Janeiro : Notrya, 1993.

MENDES AFONSO, S; SANTOS DA SILVA, A. Comando e controle: a ótica da defesa social. Tecnologia & Defesa - Segurança, São Paulo, v. 8, p. 10-12, 2013.

NACIF, C.; CARDOSO, D.; RIBEIRO, M. Estado de Choque: legislação e conflitos no espaço público da cidade do Rio de Janeiro – Brasil (1993-2010). In. ENCONTRO NACIONAL da ANPUR, XIV, Rio de Janeiro, 2011.

OBLET, T. Défendre la ville. Paris: PUF, 2008.

O’MALLEY, P. Governing risks. Legal Studies Research Paper, n. 09/86, 2009.

ROSE, N.; MILLER, P. Governing the present. Cambridge: Polity Press, 2008.

SAMATAS, M. Surveilling the 2004 Athens Olympics in the aftermath of 9/11. In : BENNETT, C.; HAGGERTY, K. (Orgs.). Security Games: surveillance and control at Mega-Events. Oxon & New York : Routledge, 2011. p. 55-71.

SILVERMAN, E. Compstat’s Innovation. In : WEISBURD, D. ; BRAGA, A. (Orgs.) Police Innovation: Contrasting Perspectives. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

TOPALOV, C. Da questão social aos problemas urbanos: os reformadores e a população das metrópoles em princípios do século XX. In: RIBEIRO, L. C. Q. & PECHMAN, R. (Orgs.). Cidade, povo, nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.

VELLOSO, N. Políticas da Ordem: poder e imaginação na criação da cidade olímpica. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano) IPPUR, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.

WEBER, M. Economia & Sociedade. Brasília: UNB, 2003.

WILSON, J; KELLING, G. Les vitres cassés. Les Cahiers de la sécurité interieure, 1982.

Publicado

2016-10-25