Método científico no Direito segundo Pontes de Miranda

Autores

  • Saulo Monteiro Martinho de Matos Universidade Federal do Pará/Professor Adjunto
  • Douglas Domingues Gabriel Neto Universidade Estácio de Sá/Discente de Pós-graduação lato sensu

DOI:

https://doi.org/10.22456/0104-6594.76646

Palavras-chave:

Pontes de Miranda, Ciência do Direito, Regalismo, Livre pesquisa no Direito, Método científico

Resumo

RESUMO

Este estudo é uma contribuição à recepção do pensamento naturalista brasileiro do início do século XX. Como a primeira grande discussão da Ciência Jurídica Brasileira foi metodológica e Pontes de Miranda desempenhou nela um papel de vulto, há que se indagar no que propôs, por que essa proposta não vingou e o que seria necessário para que fosse implementada. O objetivo deste artigo é expor sua proposta metodológica para a Ciência Jurídica. O método empregado foi documental, dedutivo e histórico, porque pretende reconstituir os argumentos de um autor do início do século XX. O artigo levanta quatro hipóteses: o regalismo foi o problema-motivo da proposta metodológica de Pontes (seção 1); Pontes rejeitou os métodos contemporâneos a seu pensamento, porque os considerou subjetivos (seção 2); para eliminar sua subjetividade, propôs a identidade funcional (seção 3) e metodológica (seção 4) dos atores jurídicos, adaptando o método científico ao Direito. Os resultados obtidos foram que (1) o método proposto só poderia ser implementado após uma reviravolta indiscriminada na maneira com que o Direito é pensado; (2) a crítica de Lopes (inconsistência de princípios e prática naturalista) não cabe para o pensamento de Pontes de Miranda, porque ele pressupunha um auxílio mútuo dos juristas, e não uma concentração de forças para a revelação solitária do direito. A falta de empiria em seus escritos se justifica pelo auxílio dos juristas, que, juntos, se ajudam na melhor da compreensão do Direito a partir do método científico, como foi feito na Física.

PALAVRAS-CHAVE

Pontes de Miranda. Metodologia jurídica. Ciência do Direito. Regalismo.

 

ABSTRACT

This study is a contribution to the reception of Brazilian naturalist thought from the beginning of the 20th Century. Since Brazilian Legal Science’s first debate was methodological and Pontes de Miranda played an important role on it, it is necessary to question his proposition, why it did not succeed, and what would be necessary for it to become widely practiced. This article’s goal is to present his methodological approach to the Science of Law. The method used in this work was documental, deductive, and historical. It starts with four hypotheses: regalism was the problem-motive behind Pontes’ methodological approach (section 1); Pontes rejected the methods of his age, for he considered them subjective (section 2); to avoid such subjectivity, Pontes in turn proposed a functional (section 3) and methodological (section 4) identity between legal actors, adapting the scientific method to legal studies. The research showed the following results: the described method would only be applied after a major overturn in the way Law is thought; Lopes’ critique suggesting that Pontes’ work is inconsistent with his premises is unfounded, since it presupposed collaboration between scholars instead of a concentration of efforts in order to achieve a solitary comprehension of Law. The lack of empiricism in his works is justified by the help of other scholars, which, united, collaborate with one another to a better understanding of Law through the scientific method, as it was done in Physics

KEYWORDS

Pontes de Miranda. Legal methodology. Legal science. Regalism.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Saulo Monteiro Martinho de Matos, Universidade Federal do Pará/Professor Adjunto

Doutor e Professor Visitante do Departamento de Filosofia do Direito e Filosofia Social da Universidade de Göttingen (Alemanha). Professor Adjunto de Ética, Teoria do Direito e Hermenêutica Jurídica da Faculdade de Direito e do Programa de Pós-gradução em Direito da Universidade Federal do Pará.  

Douglas Domingues Gabriel Neto, Universidade Estácio de Sá/Discente de Pós-graduação lato sensu

Especializando em Direito Contratual, Universidade Estácio de Sá. Advogado. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Pará.

Referências

ADEODATO, João Maurício. O positivismo culturalista da Escola do Recife. Novos Estudos Jurídicos, v. 8, n. 2, p. 303–326, 2003.

ADLER, Mortimer J. What man has made of man? Chicago, US: [s. n.], 1937. Cap. 1.

ARISTÓTELES. Órganon. 2ª ed. São Paulo, SP: EDIPRO, 2010. (Série Clássicos Edipro)

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 8ª ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2009.

KIRSTE, Stephan. Introdução à Filosofia do Direito. Belo Horizonte, MG: Fórum, 2013.

LOPES, José Reinaldo de Lima. Naturalismo jurídico no pensamento brasileiro. São Paulo, SP: Saraiva, 2014.

MACINTYRE, Alasdair. Depois da virtude: um estudo em teoria moral. Tradução de Jussara Simões. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

MARGUTTI, Paulo. História da filosofia do Brasil: o período colonial (1500-1822). São Paulo, SP: Loyola, 2013.

MARCOS, Rui de Figueiredo. História do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

MATOS, Saulo Monteiro Martinho de. A hermenêutica jurídica de Gustav Radbruch. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, v. 8, n. 1, jan./abr. 2016, p. 18-27.

MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Fontes e evolução do direito civil brasileiro. Rio de Janeiro, RJ: Pimenta de Mello, 1928.

MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Systema de Sciencia Positiva do Direito. Campinas, SP: Bookseller, 2000. Quatro tomos.

SCHRÖDER, Jan. Recht als Wissenschaft. 2ª ed. Munique: Beck, 2012.

SOUZA, Daniel Coelho de. Introdução à ciência do direito. 6ª ed. Belém, PA: CEJUP, 1994.

STARK, Rodney. Bearing False Witness: debunking centuries of anti-catholic history. Pennsylvania: Templeton Press, 2016.

Publicado

2019-08-31

Como Citar

MATOS, S. M. M. de; GABRIEL NETO, D. D. Método científico no Direito segundo Pontes de Miranda. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, v. 1, n. 40, 2019. DOI: 10.22456/0104-6594.76646. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/revfacdir/article/view/76646. Acesso em: 23 abr. 2025.