Medidas Protetivas de Urgência e Feminicídio

uma análise das circunstâncias das mortes de mulheres

Autores

Resumo

O artigo analisa as circunstâncias descritas em processos judiciais em que o feminicídio íntimo foi cometido contra mulheres que possuíam medidas protetivas de urgência. A pesquisa é exploratória e documental com abordagem teórico-feminista e procura responder à pergunta sobre as circunstâncias em que mulheres (quase) morrem, mesmo tendo MPUs. A análise identificou que a maioria dos crimes foi praticada com arma branca, na casa das vítimas, por sentimento de posse ou inconformidade com o fim do relacionamento, com violência exacerbada e crueldade e na presença filhos. A premeditação, o elemento surpresa e a ausência de avaliação de risco aparecem como evidências de que a simples concessão da medida protetiva não impede o crime. Essas evidências devem ser consideradas pelas autoridades públicas para a elaboração de políticas de prevenção que devem incluir avaliação de risco e monitoramento das MPUs.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carmen Hein de Campos, UniRitter/RS Centro Universitário Ritter dos Reis

Doutora em Ciências Criminais, PUCRS

Professora do Programa de Mestrado e do Curso de Direito do UniRitter/RS

Referências

BENTO, Berenice. Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-nação?. Cadernos Pagu [online]. 2018, n. 53 [Acessado 29 Maio 2022] , e185305. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/18094449201800530005>. Epub 11 Jun 2018. ISSN 1809-4449.

BRAZÃO, Analba. Nunca você sem mim. São Paulo: Annablume, 2009.

CAMPOS, Carmen Hein de. Feminicídio no Brasil: uma análise crítico-feminista. Sistema Penal & Violência. Porto Alegre:PUCRS, vol.7. n.1, 2015, p. 103-115. Disponível em https://doi.org/10.15448/2177-6784.2015.1.20275

CARCEDO CABANAS, Ana; SAGOT RODRIGUEZ, Monserrat. Femicídio en Costa Rica: balance mortal. Med. leg. Costa Rica

[online], v. 19, n. 1, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.sa.cr/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S140900152002000100002&

lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 06 abr. 2015.CUNHA,

CUNHA, Rogério Sanches. Lei do feminicídio: breves comentários. Disponível em rogeriosanches2.jusbrasil.com.br Acesso em 25 mai.2022

FERREIRA, Beth. FEMINICÍDIO: a dor de contar mortes evitáveis. Ou sobre a (ir)responsabilidade do Estado na prevenção do assassinato de meninas e Mulheres. Dossiê. Fortaleza: Fórum Cearense de Mulheres/AMB, 2020.

FORUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasilerio de Segurança Pública. São Paulo: FBSP, 2021.

LAGARDE Y DE LOS RÍOS, Marcela. El feminicidio, delito contra la humanidad. In Feminicidio, justicia y derecho. Comisión Especial para Conocer y Dar Seguimiento a las Investigaciones Relacionadas con los Feminicidios en la República Mexicana ya la Procuración de Justicia Vinculada. México, 2005.

MACHADO, Marta Rodriguez de Assis. A violência doméstica fatal: o problema do feminicídio íntimo no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria da Reforma do Judiciário, 2015.

MELLO, Adriana. Feminicídio: um estudo dos processos criminais julgados pelas câmaras criminais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Relatório de Pesquisa NUPEGRE. Rio de Janeiro: Tribunal de Justiça. Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, n.5, 2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe. Disponível em https://oig.cepal.org/pt/indicadores/feminicidio-ou-femicidio [Acesso em 29 Mai. de 2022]

SÁ, Priscilla Placha (Coord.) Dossiê Feminicídio: por que aconteceu com ela? Curitiba: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, 2021

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul. Disponível em https://ssp.rs.gov.br/indicadores-da-violencia-contra-a-mulher . Acesso em

RADFORD, Joan. RUSSEL, Diana. Femicide: the politics of woman killing. Preface. New York, 1992

VASQUEZ, Toledo, Patsilí. Feminicídio. México: Organização das Nações Unidas, 2009.

Downloads

Publicado

2024-08-31

Como Citar

HEIN DE CAMPOS, C.; GASSO COLMAN, D. . Medidas Protetivas de Urgência e Feminicídio: uma análise das circunstâncias das mortes de mulheres. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, n. 55, p. 139–156, 2024. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/revfacdir/article/view/124948. Acesso em: 23 abr. 2025.