DINÂMICAS DE MEDIAÇÃO E COMPROMISSOS PELA PAZ EM MOÇAMBIQUE (1989-2019)

Resumo

A negociação que culminou com a assinatura do acordo de paz de 1992 foi antecedida por uma guerra civil de 16 anos e teve como beligerantes o governo da Frente de Libertação de Moçambique e o antigo movimento rebelde, a Resistência Nacional de Moçambique. O pretexto da guerra foi a demanda pela implantação de democracia multipartidária, num contexto em que o governo havia definido que Moçambique era um Estado de orientação marxista-leninista. O processo de paz contou com a mediação de atores nacionais e internacionais, entre clérigos, diplomatas e representantes governamentais. Entretanto, apesar de avanços significativos na democratização do país, se constatam, também, retrocessos motivados pela exclusão e ausência de efetiva reconciliação nacional. A pesquisa é baseada na revisão bibliográfica e suportada pela teoria multi-track diplomacy, tendo em conta a intervenção e interdependência de vários níveis de atores, e, consequentemente, o cruzamento de múltiplas sinergias e estratégias no processo de resolução de conflitos. A delimitação temporal supra é por ser entre o início de negociações que culminaram com a assinatura dos acordos de paz de Roma, em 1992, e a assinatura do último acordo de paz, em 2019.