O GUARANI (1857), UM ROMANCE ENTRE O INDIANISMO E A ETNOGRAFIA
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-8915.125337Resumo
A produção literária indianista esteve em constante diálogo com a história, ao referenciar eventos do passado e exaltar a natureza e o indígena. Sob este prisma, José de Alencar (1829–1877) publicou O Guarani (1857), romance que narrou as relações entre o indígena Goitacá Peri e a família portuguesa Mariz no século XVII. Como romance histórico, esteve pautado em uma extensa pesquisa documental, com destaque para o escrutínio do Tratado Descritivo do Brasil em 1587, de Gabriel Soares de Sousa. O objetivo desse estudo é analisar o modo como Alencar se apropriou dos escritores coloniais para a figuração do indígena em O Guarani. Ao mobilizar as crônicas de Soares de Sousa e Simão de Vasconcellos, bem como o texto histórico de Balthazar da Silva Lisboa, Alencar aproximou seu romance da prática histórico-etnográfica oitocentista, utilizando as descrições coloniais dos Tupinambá para parametrizar os hábitos e costumes dos Goitacá e Aimoré, escolha que incidiu na descrição de Peri como um indígena perspicaz e de alta estatura. Esse gesto etnográfico permitiu integrar as populações indígenas do passado colonial brasileiro e inscrever uma cultura escrita pautada na elaboração de uma retórica nacional.
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