As variações "paisageiras" na cidade e os jogos da memória
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9294Resumo
Pierre Sansot, um filósofo francês, intitulou de Variations Paysagères o estudo que faz sobre as experiências humanas com a paisagem enquanto um sistema de troca entre o mundo sensível e o mundo das significações (Sansot, 1983: 24). Seja no enraizamento a um lugar de pertencimento seja no deslocamento pela diversidade de lugares vividos, importa-nos como a experiência humana ofereceu-se aos sentidos, ao olhar, à escuta, ao cheiro, ao gosto. Nesses jogos perceptivos, são colocadas em destaque as formas sensíveis que movem os habitantes em suas lógicas de viver os espaços e tempos culturais. A paisagem é em Sansot essa experiência humana plural e descontínua onde os sujeitos em suas biografias relacionam imagens motivados pelo saber e pelo imaginário. A paisagem estará lá onde a vida pulsa na qualidade de estar no mundo social, na percepção daquele que a consente na imaginação. O que está em jogo é um reencontro após o deslocamento entre aquele que sente e o sensível, sem hesitar aqui fazer também referência à estética, sempre presente como um fato de cultura. Este princípio de visibilidade prolonga-se na palavra, que na sua ressonância narrativa dilata a percepção agora em uma paisagem narrada a qual faz vibrar as formas sensíveis.
Tal deslocamento já estava presente na obra de Georg Simmel sobre o tema da paisagem. Esta nasce na nossa atividade criadora essencialmente humana, de se deixar evocar por um estado psíquico (stimmung) que articula percepção e afeição, que se separam e se reaproximam, se associam e se dissociam “como dois aspectos do mesmo ato” (Maldonado citando Simmel, 1996: 6 a 8). Como esclarece Simone Maldonado, “é esse sentimento da ordem da subjetividade e da afetividade que vai permitir que um determinado pedaço de natureza venha a se constituir em uma paisagem” (Maldonado, 1996: 8).
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