Do avesso vinha o verso: corporalidades dissidentes, acessibilidade transformativa
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.138565Palavras-chave:
Corpo; Percepção; Deficiência; Cuidado; Acessibilidade;Resumo
As ideias desenvolvidas neste artigo pretendem contribuir para uma elaboração conceitual e prática da acessibilidade que ressalta sua dimensão transformativa, entendendo que a acessibilidade é antes de tudo uma relação social que implica no deslocamento dos padrões normativos das interações, na expectativa de que o encontro com as deficiências promova a diversificação das formas de interagir, comunicar, perceber, tocar ou se deslocar. Partindo de situações etnográficas vividas, desenvolvo uma reflexão sobre a dimensão relacional e afetiva da acessibilidade, a que me refiro como acessibilidade transformativa. O acesso é aqui entendido como uma relação entre corpos múltiplos, que modifica os parâmetros norteadores das nossas interações para que nelas caibam realidades corporais diversas e dissidentes, com desdobramentos éticos, estéticos e políticos.
Downloads
Referências
AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus, 1994.
BRAIDOTTI, Rosi. Patterns of Dissonance. Cambridge: Polity Press, 2013.
BUTLER, Judith. Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
BOLTANSKI, Luc & THÉVENOT, Laurent.. De la justification. Paris: Éditions Gallimard, 1991.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de. Janeiro, Editora 34, 1997.
DESPRET, Vinciane. The body we care for: figures of anthropo-zoo-genesis. Body & Society, 10(2-3), 111-134, 2004.
FLEISCHER, Soraya & MANICA, Daniela. O podcast Mundaréu como uma experiência de antropologia pública. Iluminuras, Porto Alegre, v. 22, n. 57, p. 166-180, 2021.
FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.
GÁVERIO, Marco Antônio. “Medo de um Planeta Aleijado?”: notas para possíveis aleijamentos da sexualidade. Áskesis, v. 4 n. 1, 103-117, 2015.
_________________. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
_________________. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 2013.
GONÇALVES, Ana Lúcia Palma. Atos no Escuro: uma Perspectiva Sensorial. 2009.
f. Dissertação (Mestrado em Teatro) – Programa de Pós-Graduação em Teatro do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
GROSZ, Elizabeth. Corpos Reconfigurados. Cadernos Pagu, n. 14, p. 45-86, 2000.
KITTAY, Eva. The Ethics of Care, Dependence, and Disability. Ratio Juris, vol, 24, no 1, pp. 49-58, 2011.
KONRAD, Annika. M. Access fatigue: The rhetorical work of disability in everyday life. College English, 83(3), 179-199, 2021.
LATOUR, Bruno. How to talk about the body?. Body & Society, 10(2–3): 205–229, 2004.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem. IN: Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, p.41-51, 1976.
LOPES, Pedro. Deficiência na cabeça: convite para um debate com diferença. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, ano 28, n. 64, p. 297-330, set./dez, 2022.
MARTINS, Bruno S. E se eu fosse cego? Narrativas silenciadas da deficiência. Porto: Edições Afrontamento, 2006.
MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. IN: Mauss, M. Sociologia e antropologia (pp. 399-424). São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
MELLO, Anahí G. Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 21, núm. 10, pp. 3265-3276, 2016.
MELLO, Anahí G; GAVÉRIO, Marco Antônio. Facts of cripness to the Brazilian: dialogues with Avatar, the film. Anuário Antropológico, Brasília, v. 44, n. 1, jun., p. 43-65, 2019.
MINGUS, Mia. Acess Intimacy, Interdependence and Disability Justice. Leaving Evidence, 2017. Disponível em: https://leavingevidence.wordpress.com/2017/04/12/access-intimacy-interdependence-and-disability-justice/. Acesso em 01 de agosto de 2023.
MOL, Annemarie. The body multiple: ontology in medical practice. USA: Duke University Press, 2002.
MORAES, Márcia. A contribuição da antropologia simétrica à pesquisa intervenção em psicologia social: uma oficina de expressão corporal com jovens deficientes visuais. Psicologia e Sociedade, Brasília, v.20, n.esp., p.41-49, 2008.
MORAES, Marcia & ARENDT, João, J. Aqui eu sou cego, lá eu sou vidente: modos de ordenar eficiência e deficiência visual. CADERNO CRH, Salvador, v. 24, n. 61, p. 109-120, Jan./Abr, 2011.
MORRIS, Jenny. Impairment and Disability: Constructing an Ethics of Care that Promotes Human Rights. Hypatia: A Journal of Feminist Philosophy, vol. 16, no 4, pp.1-16, 2001.
MOSER, Ingunn. On becoming disabled and articulating alternatives: the multiple modes or ordering disability and their interferences. Cultural Studies, vol. 19 (6), p.667-700, 2005.
OLIVER, Michael. The Politics of Disablement. London: Macmillan, 1990.
OVERBOE, James. ‘Difference in Itself’: Validating Disabled People’s Lived Experience. Body & Society, Vol. 5(4): p. 17–29, 1999.
PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Estudos Feministas, Florianópolis, 19(1): 312, janeiro-abril, p.11-20, 2011.
SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
SANJEK, Roger (org.). Mutuality. Anthropology’s changing terms of engagement. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2015.
SCULLY, Jackie. Hidden labor: Disabled/Nondisabled encounters, agency, and autonomy. International Journal of Feminist Approaches to Bioethics, Vol. 3, No. 2, p. 25-42, 2010.
SHAKESPEARE, Tom. Help. Birmingham: Venture Press, 2000.
VON DER WEID, Olivia. Visual é só um dos suportes do sonho: práticas e conhecimentos de vidas com cegueira. 472f. Tese (doutorado em antropologia cultural) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
_____________________. Tonalidades de um silêncio. IN: CAILLÉ, A.; VANDENBERGHE, F. & VÉRAN, J. F. (orgs.) Manifesto Convivialista: declaração de interdependência. São Paulo: Annablume, 2016.
_____________________. Por uma acessibilidade transformativa. In: Laís Silveira Costa, [et al.]. Itinerário de reflexões e práticas de acessibilidade e inclusão: a potência do Fórum Interinstitucional. Rio de Janeiro: IdeiaSUS/ENSP/Fiocruz, 2022.
ZOURABICHVILI, François. Qu’est-ce qu’un devenir pour Gilles Deleuze? Conférence prononcée à Horlieu (Lyon) le 27 mars, 1997. Disponível em: http://horlieu-editions.com/.
WINANCE, Myriam. Rethinking disability: lessons from the past, questions for the future. ALTER - European Journal of Disability Research. Elsevier, 10 (2), p.99-110, 2016
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 ILUMINURAS

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.