DIADORIM-MENINO: Transgeneridade e imagem mitopoética em Grande Sertão: Veredas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.116313

Palavras-chave:

Diadorim, Transgênero, Grande sertão, veredas, Imagem dialética

Resumo

O romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, é uma história de medo e atração, assombro e fascínio. Na travessia do rio São Francisco, Riobaldo, o narrador-protagonista, passa por um ato de transformação de caráter iniciático (Bolle, 2005). Discutiremos a personagem Diadorim enquanto o médium dessa travessia por meio de uma abordagem transgênero: Menino, vestido de boiadeiro, com imensos olhos verdes. Mediante uma postura aproximativa, identificamos em Diadorim a figura do encantamento e da repulsa, sentimentos distintos que conduzem Riobaldo ao confrontamento de sua própria sexualidade que é, por sinal, marcada pelo “regime da diferença sexual” (Preciado, 2020). A noção de imagem dialética (Benjamin, 2009) é o prisma pelo qual investigamos o embate entre as faces bela e terrível de Diadorim e que nos permitiu identificar, com a noção de travessia, elementos para uma leitura baseada num paradigma trans.  

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Biografia do Autor

Leandro Bessa, Universidade de Brasília

Professor do Mestrado Profissional Inovação em Comunicação e Economia Criativa da Universidade Católica de Brasília (UCB). Mestre e Doutorando em comunicação pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Filosofia da Arte (IFITEG/UEG). 

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Publicado

2022-11-24

Como Citar

BESSA, L. DIADORIM-MENINO: Transgeneridade e imagem mitopoética em Grande Sertão: Veredas. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 23, n. 62, 2022. DOI: 10.22456/1984-1191.116313. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/116313. Acesso em: 18 abr. 2024.