Radicalizando o Imaginário: Impactos das transformações do trabalho nas construções imagéticas de si de domésticas brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.101735Palavras-chave:
Trabalho Doméstico Remunerado e/ou Realizado na Casa de Terceiros, Cultura Visual, Imaginário, Regulamentações,Resumo
Resumo: A partir de uma etnografia da duração (Eckert e Rocha, 2013) que abordou o trabalho doméstico remunerado e/ou realizado na casa de terceiros enquanto um fenômeno temporal, que dura por meio de múltiplos suportes e linguagens, este artigo tem o objetivo de problematizar as imagens que historicamente são remetidas ao trabalho doméstico em reportagens, livros e filmes; com aquelas que estão sendo reivindicadas e construídas pelas trabalhadoras na contemporaneidade. Sugerimos que as transformações no imaginário deste trabalho podem estar relacionadas ao surgimento de nova regulamentação e configurações deste emprego, que estão provocando mudanças decisivas nas práticas e no reconhecimento de si de trabalhadoras domésticas brasileiras. A pesquisa, de abordagem antropológica, foi realizada com domésticas residentes nas cidades de Belém/PA, Salvador/BA e Porto Alegre/RS e em acervos diversos, em que podemos concluir enorme disparidade entre as imagens que continuam sendo vinculadas em torno do serviço doméstico e àquelas que as trabalhadoras estão construindo à respeito delas mesmas.
Palavras-Chave: Trabalho Doméstico Remunerado e/ou Realizado na Casa de Terceiros. Cultura Visual. Imaginário. Regulamentações
RADICALIZING THE IMAGINARY:
Impacts of work transformations on the self-image constructions of Brazilian maids
Abstract: Based on an ethnography of duration (Eckert and Rocha, 2013) that approached paid domestic work and/or performed in the house of third parties as a temporal phenomenon that lasts through multiple supports and languages, this article aims to discuss the images that are historically referred to domestic work in reports, books and films; with those that are being claimed and built by women workers in contemporary times. We suggest that the transformations in the imaginary of this work may be related to the emergence of new regulations and configurations of this job, which are causing decisive changes in the practices and self-recognition of Brazilian domestic workers. The research, with an anthropological approach, was conducted with domestic residents living in the cities of Belém/PA, Salvador/BA and Porto Alegre/RS and in various collections, in which we can conclude huge disparity between the images that continue to be linked around the domestic service. and those that the workers are building about themselves.
Keywords: Paid Domestic Work and/or performed at the Others House. Visual culture. Imaginary. Regulations
Downloads
Referências
BACHELARD, Gastón. A dialética da duração. São Paulo: Ática, 1988.
BERGSON, Henri. Essai sur les donnés immédiates de la conscience. Paris: PUF, 1970.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm. Acesso em: 6 de maio de 2017.
BRASIL, OIT. Convenção 182. 1999.
BRASIL, OIT. Convenção 189. 2011.
CHANEY, Elsa M; CASTRO, Mary G. (Orgs). Muchacha, Cachifa, Criada, Empleada, Empregadinha, Sirvienta y ... Màs Nada. Trabajadoras del Hogar en America Latina. 1 ed. Caracas – Venezuela: Editorial Nueva Sociedad, 1993.
CECÍLIA, Maria. Uma casa chamada 14. Belém: IAP, 2003.
DE ASSIS, Machado. Casa velha. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
DE QUEIRÓS, Eça. O primo Basílio. São Paulo: NBL Editora, 1980.
DURAND, Gilbert. Science de l’homme et tradition. Paris: Berg International Editeurs, 1979.
_______________. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
DEVETTER, François-Xavier, ROUSSEAU, Sandrine. Working time and sustanable consumption. Review of social economy (À paraître), 2011.
ECKERT, Cornelia; ROCHA, Ana Luiza C. Etnografia da duração: antropologia das memórias coletivas em coleções etnográficas. Porto Alegre: Marcavisual, 2013.
FRAGA, Alexandre B. De empregada a Diarista. As Novas Configurações do Trabalho Doméstico Remunerado. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2013, 206 p.
GOLDSMITH, Mary. La experiência de Conlactraho como organización internacional de trabajadores y trabajadoras domésticas. Revista de derechos humanos – dfensor. Cidade do México, Número 01 - Enero 2012.
GONÇALVES, Ana Maria. um defeito de cor. 11ͣ ed. – Rio de Janeiro: Record, 2015.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
HATOUM, Milton. Dois irmãos. Editora Companhia das Letras, 2006.
JURANDIR, Dalcídio. Belém do Grão-Pará. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1960.
MARCUS, George. Ethnography in /of the world system. The Emergence of Multi-Sited Ethnography. In: Annual Review of Anthropology, n 24, p. 95-117, 1995.
RICOEUR, Paul. O si-mesmo como um outro. Trad. Luci Moreira Cesar. Campinas:
Papirus, 1991.
______________. Tempo e Narrativa. São Paulo: Papirus, vols I, II, III, 1994.
ROSENBLATT, Sultana L. Barracão. Rio de Janeiro: Leitura, 1963.
SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.
UMRIGAR, Thrity. A Distância Entre Nós. São Paulo: Nova Fronteira, 2006.
VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.