Eu Não Alcancei este Tempo: Fotografia e ancestralidade no Alto da bela Vista, Itaparica (BA)

Authors

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.100152

Keywords:

Estudos Etnográficos, Memória Coletiva, Imagem e Imaginário

Abstract

Resumo: Cheguei à casa de D. Zeinha com algumas fotos nas mãos. Queria ouvir o que poderiam me contar. Licinha, sua filha, logo falou: nossa comunidade não tem memória. A prosa foi avançando. Esse aqui é tio Izidoro. Vovó Julia aqui. Emocionada Licinha vai até outro cômodo e volta com uma pasta com mais fotografias. Provoquei: viu só, quanta memória. Ela arrematou: é, a memória estava toda empoeirada na sacola. A experiência a que se propõe esta pesquisa tem lugar no Alto da Bela Vista, em Itaparica (BA) e envolve os moradores do entorno do terreiro Omo Ilê Agboulá e o culto aos ancestrais, Babá-Egùn. A ideia é comtemplar presenças e ausências acionadas por imagens. Eu não alcancei este tempo. Escutei isso repetidas vezes. A frase parece trazer a tona a astúcia das fotografias contra uma razão linear. As potencialidades de associação entre o fazer etnográfico e as narrativas geradas com as fotografias permeiam as reflexões a serem compartilhadas neste artigo.

 

Palavras Chaves: Ancestralidade. Fotografia. Memória.

 

I DID NOT REACH THAT TIME

PHOTOGRAPHY AND ANCESTRY AT ALTO DA BELA VISTA, ITAPARICA (BAHIA)

 

Abstract: I arrived at Ms. Zeinha’s house with some pictures in hands. I wanted to hear what they could tell me. Licinha, her daughter, has soon spoken: our community doesn’t have memory. The prose was going on. This is uncle Izidoro. Grandma Julia here. Thrilled, Licinha goes to another room and come back with a folder with more photos. I provoked: look at these, there are a lot of memory. She answered: yes, all this memory was dusty in a bag. The experience this research describes has place at Alto da Bela vista, Itaparica (Bahia), and involves the surrounding habitants of the terreiro Omo Illê Agboulá and the ancestors cult, Babá-Egùn.

 

The idea is to look on presences and absences activated by images. I did not reach that time. I heard that repeated times. This sentence seems to bring up the astuteness of photography against a linear rationality. The potentialities of the combination between ethnography and the narratives created with the pictures surround the reflections shared in this article.

Keywords: Ancestry. Photography. Memory.

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Author Biography

Andréa Silva D'Amato, Universidade Federal de São Paulo

Mestranda em Ciências Sociais na UNIFESP. Possui pós- graduação com especialização em Fotografia pela FAAP (2015) e graduação em Comunicação Social (jornalismo e produção editorial).Pesquisadora associada do LAGRIMA - laboratório antropológico de grafias e imagens, vinculado ao IFCH - UNICAMP e do VISURB - Grupo de pesquisas visuais e urbanas, vinculado à EFLCH - UNIFESP. Seu trabalho aproxima procedimentos antropológicos e artísticos, expandindo o valor de uso das fotografias para outras possibilidades narrativas. Tem experiência na áreas de Comunicação, Jornalismo, Produção Editorial, Arte e Antropologia com ênfase em Antropologia da Imagem, atuando principalmente nos seguintes temas: artes visuais, fotografia contemporânea, narrativas visuais, livros de artista, arquivos, memória, viagens, cultura popular, memória e ancestralidade.

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Published

2020-08-11

How to Cite

D’AMATO, A. S. Eu Não Alcancei este Tempo: Fotografia e ancestralidade no Alto da bela Vista, Itaparica (BA). ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 21, n. 53, 2020. DOI: 10.22456/1984-1191.100152. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/100152. Acesso em: 24 jun. 2025.