Uma aventura no tempo: reflexões sobre a produção de um documentário etnográfico e os desafios de uma etnografia da duração
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9373Abstract
A intenção que moveu a escrita deste ensaio é o de refletir, após 10 anos, sobre o processo de produção do vídeo-pesquisa A cidade e suas ruínas, que, nos primórdios do BIEV, se constituiu como um espaço paradigmático de “provocação” para os realizadores pensarem as poéticas sonoras e visuais na produção de novas narrativas etnográficas, em particular, de vídeos etnográficos sobre memória coletiva e patrimônio no mundo contemporâneo.
O documentário aqui apresentado resulta, por parte dos pesquisadores, de numa tentativa de reunir as imagens captadas no trabalho de campo realizado em Porto Alegre, de 1997 a 1998, sobre os casarios e os sobrados antigos, em processo de demolição ou abandono, os quais, diante deste compasso de espera, em sua maioria foram re-apropriados por moradores ocasionais que se tornaram os cuidadores destes lugares. A pesquisa de campo ocorreu em inúmeros bairros da cidade de Porto Alegre (Centro, Menino Deus, Cidade Baíxa, Bonfim, etc.) e, no processo de registro destas edificações desde seu lugar numa rua ou avenida, foi acompanhada do registro dos testemunhos de personagens que ali encontravam.
Para guiar esta viagem imersiva nos desígnios que acompanham as ruínas de antigos casarios e sobrados numa grande metrópole que se transforma no interior de uma tempo vertiginoso, habitam alguns destes casarios entrevistados ao longo do processo de etnografia, e para orientar nossos diálogos com seus moradores, a etnografia visual ( mais do que sonora) encontrou sua inspiração nas leituras da obra de G. Bachelard, A poética do espaço (1989) e a poética do devaneio (1993). Mais do que a realização de um vídeo-documentário, estamos aqui tratando de um documentário que se origina num vídeo-pesquisa, cujo principal sentido foi o desencadear, por meio do tratamento da imagem videográfica do fenômeno das ruínas e das forças de erosão e desagregação da matéria, um processo de reflexão sobre os modos de composição de narrativas sonoras e visuais sobre as feições da agitação temporal nas modernas sociedades contemporâneas, desde a perspectiva dos estudos da Antropologia urbana e da imagem.
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