A ilha assombrada: realidades e ilusões
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9129Abstract
Como forma de enriquecer a discussão e explicitar tantas problemáticas, trago agora para esse trabalho uma experiência com documentário etnográfico. O documentário “Ilha Assombrada - realidade ou ilusões?” é fruto de uma oficina experimental de vídeo-documentário realizada com adolescentes moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, periferia de Porto Alegre. As situações vividas durante a oficina trouxeram à tona muitas das questões colocadas até agora, na medida em que nós, professores, precisávamos trabalhar conceitualmente as dificuldades surgidas no processo de realização do documentário. Já os alunos, viveram na prática a trajetória do documentário, mostrada nos capítulos anteriores.
A oficina foi realizada de maio de 1999 a janeiro de 2000, ministrada por mim e por Alfredo Barros (estudante de Jornalismo e bolsista voluntário do NAVISUAL1), sob a orientação da Antropóloga Ana Luiza Carvalho da RochaParticipou ainda Silvia Cavichioli, também estudante de Jornalismo, registrando as aulas e as gravações como imagens adicionais e making-of. A turma, inicialmente composta por 7 alunos, realizou um documentário em vídeo sobre histórias de assombrações, bruxas, lobisomens e outros causos fantásticos que são relatados por muitos moradores da Ilha dos Marinheiros. As aulas constituíram-se no acompanhamento das etapas necessárias para a realização do vídeo, instrumentalizando os alunos de acordo com as demandas de cada etapa.
A oficina origina-se de um projeto de especialização meu e de Alfredo Barros, com o objetivo (ingênuo?) de iniciar profissionalmente pessoas de classe popular na atividade de produção de vídeo, a fim de descobrir novas apropriações da linguagem audiovisual. O projeto teve o apoio do Banco de Imagens e Efeitos Visuais (no qual trabalho), núcleo de pesquisa pertencente ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que trabalha com pesquisa etnográfica e produção de documentários em Porto Alegre. Nesse sentido, somou-se o objetivo de pesquisa da tradição oral e da memória coletiva das ilhas de Porto Alegre. A intriga dessa oficina problematiza justamente a pesquisa, a produção do vídeo e a formação dos alunos. Um encontro dos objetivos dos professores com os sonhos, desejos e necessidades desses alunos.
Ser documentarista e professor, nessa situação, implicou realizar uma exploração, uma etnografia visual a partir de um duplo ponto de vista. Conheceu-se um pouco da Ilha dos Marinheiros por duas vias: pelo nosso estranhamento e pela interpretação das próprias interpretações que realizam os alunos ao estranharem um lugar que, e princípio, lhes é familiar.
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