Quando a câmera "vira personagem": ponto de vista em movimento na busca de imagens do outro em documentários etnográficos
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9117Abstract
Neste depoimento, Jean Rouch, um dos fundadores da discussão aqui colocada, explicita uma dramática que vive a pessoa que opera uma câmera durante a gravação de um documentário. O cinegrafista precisa perceber e narrar aquilo que grava, quase que ao mesmo tempo. Mais do que observador de uma ação que se passa, a pessoa que segura uma câmera na frente de outra, e é claro, toda a equipe que acompanha essa pessoa, está necessariamente participando daquilo que narra, está configurando uma experiência em uma linguagem. Essa câmera se adapta à situação onde está inserida e ao mesmo tempo, como o próprio Rouch diria, a câmera provoca.
São questões como essa e outras referentes à produção de documentários etnográficos que pretendo apresentar neste texto. Durante o aprendizado que tive sobre a produção de imagens enquanto estudante de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, sempre me vi buscando o lugar de autor de imagens, criador. Um sujeito que tem algo a dizer e encontra na imagem em movimento o “como dizer”. Ao trabalhar como bolsista de pesquisa em antropologia,acabei problematizando este lugar de quem produz imagens do mundo através de uma câmera. Inicialmente operando a câmera de vídeo em documentários produzidos pela equipe de pesquisa e posteriormente atuando como roteirista, editor, microfonista ou mesmo entrevistador, me vi participando da imagem que é produzida, sendo parte dela. E junto à figura do “comunicador”, tão discutida no meu curso de origem, começou a tomar força a figura do “etnógrafo”.
Relato aqui a produção de 3 documentários que estão sendo realizados pela equipe do Banco de Imagens e Efeitos Visuais - Laboratório de Antropologia Social - PPPGAS -UFRGS. Devido às condições diversas em que cada trabalho vem sendo executado, é
possível discutir-se algumas questões referentes à produção de imagens em documentários etnográficos que perpassam diferentes papéis e pontos de vista que pode assumir esse “personagem-câmera”.
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