O Corpo Racializado nos Muros da Cidade: imagem e decolonialidade nas intervenções urbanas de Éder Oliveira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.112376

Palavras-chave:

Imagem e Imaginário

Resumo

A obra do artista contemporâneo paraense Éder Oliveira cria ressonâncias com o imaginário popular sobre os corpos racializados que pinta monocromaticamente nos muros da cidade de Belém do Pará. Este artigo traça paralelos entre autores decoloniais e o contexto brasileiro a partir da análise da obra de Oliveira. Ao esboçar as singularidades de seu trabalho, procuramos refletir sobre as potencialidades que este tem de instigar e dialogar com seus interlocutores, principalmente na problematização do racismo estrutural presente na sociedade brasileira. A partir dessa reflexão, buscamos ressaltar o importante viés crítico que a arte contemporânea exposta e acessível na cidade pode assumir na descolonização dos olhares e percepções sobre estes corpos.

Palavras-Chave: Decolonialidade. Corpo. Imagem. Arte. Urbano.

 

 

THE RACIALIZED BODY ON THE WALLS OF THE CITY:

IMAGE AND DECOLONIALITY IN URBAN INTERVENTIONS BY ÉDER OLIVEIRA

 

Abstract: The work of the contemporary artist Éder Oliveira from Pará, Brazil, creates resonances with popular imagination regarding bodies seen in a racial light that he paints in monochromatic murals in Belém, the capital city of his home state. This article draws parallels between decolonial authors and the Brazilian context from the analysis of Oliveira's work. When sketching the singularities of his work, we attempt to reflect on the potential it has to instigate and talk to the audience, especially on the problem of structural racism present in Brazilian society. From that reflection, we strive to highlight the important critical bias that contemporary art, when exposed and accessible throughout the city, can achieve when it comes to decolonizing the sights and perceptions on those bodies.

Keywords: Decoloniality. Body. Image. Art. Urban.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Cristina Simoes Viviani, Universidade Federal do Pará

Doutoranda em Antropologia pela Universidade Federal do Pará. Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Sergipe. Licenciada e Bacharel em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atua na área da Antropologia Social e atualmente foca sua pesquisa nas relações de poder entre corpo, gênero e arte contemporânea pela perspectiva decolonial.

Rômulo Fonseca Morais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutorando em Direito pelo Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor de Criminologia e Direito (Processual) Penal na Universidade da Amazônia (UNAMA) e na Escola Superior Madre Celeste (ESMAC); Mestre em Direito pelo Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará (Linha de Pesquisa: Intervenção Penal, Segurança Pública e Direitos Humanos); Coordenador e Membro-Fundador do Grupo Cabano de Criminologia (GCCRIM); pesquisador do Centro de Estudos Sobre Instituições e Dispositivos Punitivos (CESIP) vinculado ao CNPq/PPGD/UFPA, colaborador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-PA). Pesquisa e tem interesse nas áreas de Direito Penal, Processo Penal e Criminologia.

Referências

ALCÂNTARA, Celina Nunes. O Decolonial na pesquisa em artes no Brasil [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018.

ANJOS, Moacir dos. Estavam bem mortos. Revista Zum – Instituto Moreira Salles. Ed. 11. Outubro de 2016.

BASCIANO, Oliver. Cultures and Vultures. They do things differently in the north east of Brazil. ArtReview. Setembro, 2014, p. 114-119.

CASTRO, C. (org.). Evolucionismo Cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

DaMATTA, Roberto. Relativizando. Petrópolis: Vozes, 1981.

FACINA, Adriana. Sobreviver e sonhar: reflexões sobre cultura e "pacificação" no Complexo do Alemão. In: Márcia Adriana Fernandes; Roberta Duboc Pedrinha. (Org.). Escritos Transdisciplinares de Criminologia, Direito e Processo Penal: homenagem aos mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. 1ed.Rio de Janeiro: Revan, 2014, v. 1, p. 39-47.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Editora: Civilização Brasileira, 1968.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 21ª. ed.Edições. graal, editora: Paz e Terra, São Paulo: Edições Graal, Paz e Terra, 2005.

HERKENHOFF, Paulo. O XXV Arte Pará. Arte Pará 2006. Fundação Romulo Maiorana. 2006.

HERKENHOFF, Paulo. Éder Oliveira. Pintura – ou a fotografia como violência. Catálogo Museu KunsthalleLingen. Ed. VerlagKettler, 2018, p. 46-50. ISBN 978-3-86206-704-6

LABRA, Daniela. Um Homem Amazônico. Revista Zum – Instituto Moreira Salles. Ed. 15. Outubro de 2018.

LACAZ, A. S., LIMA, S. M., & HECKERT, A. L. C. Juventudes periféricas: arte e resistências no contemporâneo. Psicologia & Sociedade, 27(1), pp. 58-67, 2005.

MALDONADO-TORRES, Nelson. El arte como territorio de re-existencia: una aproximación decolonial. Iberoamérica Social: revista-red de estudios sociales VIII, pp. 26 – 28. 2017.

MANESCHY, Orlando. Em tempos difíceis a arte é a única opção contra a violência. Catálogo Prêmio PIPA 2017. 2017, p. 54-65.

MIGNOLO, Walter. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul. Foz do Iguaçu/PR, 1(1), Pp. 12-32, 2017.

MORAIS, Rômulo. O extermínio da juventude negra: uma análise sobre os discursos que matam. Rio de Janeiro: Revan, 2019.

PACHECO DE OLIVEIRA, João. Pacificação e tutela militar na gestão de populações e territórios. Mana, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 125-161, Apr. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132014000100005

PACHECO DE OLIVEIRA, João. Narrativas e imagens sobre povos indígenas e amazônia: uma perspectiva processual da fronteira. In: O nascimento do Brasil e outros ensaios. “Pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Contra Capa. Rio de Janeiro, 2016, pp 161-192.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. Buenos Aires, 2005.

SCHWARCZ, L. M. Usos e Abusos da Mestiçagem e da Raça no Brasil. Afro-Ásia, 18, 1996, p. 77-101.

SCHWARZ, Roberto. O sentido histórico da crueldade. In: Ideias fora do lugar: ensaios selecionados. São Paulo: Perguin Classics Companhia das Letras, 2014.

SEYFERTH, Giralda. A Invenção da Raça e o Poder Discricionário dos Estereótipos. Anuário Antropológico/93. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995, pp. 175-203.

VIEIRA, Elisa Martins Belém. Afinal, como a crítica decolonial pode servir às artes da cena? ILINX – Revista do LUME. N. 10. 2016.

VILELA, Ana Laura Silva. Violência Colonial e Criminologia: Um confronto a partir do documentário ConcerningViolence. Rev. DireitoPráx. 2018.

Downloads

Publicado

2021-06-18

Como Citar

VIVIANI, M. C. S.; MORAIS, R. F. O Corpo Racializado nos Muros da Cidade: imagem e decolonialidade nas intervenções urbanas de Éder Oliveira. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 22, n. 56, 2021. DOI: 10.22456/1984-1191.112376. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/112376. Acesso em: 28 mar. 2024.