MEDEIA: para além do mito, uma mulher em atos
PARA ALÉM DO MITO, UMA MULHER EM ATOS
Parole chiave:
Psicanálise, Ato, Feminino, Medeia, Tragédia.Abstract
Esta pesquisa teve por objetivo discutir o feminino no campo da psicanálise a partir do aforismo lacaniano “A mulher não existe”. Por meio de uma pesquisa bibliográfica a partir de Freud e Lacan, buscou-se elucidar a razão pela qual a representação mítica traz luzes aos atos enlouquecidos das mulheres em suas relações amorosas, embora não sejam de todo loucas. Subsidiada pela arte trágica e partindo da referência à mulher dada por Freud como “o continente negro da psicanálise”, a feminilidade atinge sua posição no campo do gozo para além da norma fálica, tendo como protagonista Medeia, nos seminários de Lacan. Heroína trágica da obra homônima de Eurípides, Medeia apresenta o que há de excesso para além dos limites da cultura, o que só é possível desvelar por meio da poesia que vela o horror que ali se apresenta. O ato de Medeia vai para além da maternidade e atinge o âmago do terror a ser vivido por Jasão. Recorrendo à materialidade histórica da obra Medeia, seria esse o mesmo horror vivido por Gide – escritor francês do início do século XX – no ato de sua amada Madeleine ao queimar suas cartas de amor que o consagrariam para além de sua morte? Madeleine, como muitas mulheres de verdade, aponta para o gozo mítico de Medeia, sendo definida por Lacan como “uma verdadeira mulher em sua inteireza de mulher”.