A relevância da noção de infinito na carta 12 do epistolário de Spinoza em seu pensamento e na tradição filosófica ocidental
Résumé
O problema do infinito é normalmente compreendido como relacionado à questão da transcendência, ao refletir sistemático sobre o relacionamento do homem com a própria finitude e com tudo aquilo que o transcende em seu ser e existir. Neste sentido, uma filosofia transcendentalista comumente tem por objeto as coisas que transcendem a finitude humana nos mais variados sentidos, se relacionando àquelas coisas com as quais, ainda que o homem possa não ter contato direto em seu existir, podem chegar a substituir em sua forma de pensar as coisas reais com as quais ele sim se relaciona diretamente. Pretende-se demonstrar no presente artigo que esta substituição das coisas reais por entes de razão, de acordo com Spinoza, decorre de uma concepção errônea da noção de infinito – que é concebido como um conjunto de partes verdadeiramente distintas entre si, ao invés de o ser como algo infinito por sua natureza que, não só não pode ser concebido desta maneira, como, também, exprime completamente por meio do ser e do existir de cada coisa individual, o ser e o existir de todas as coisas, isto é, Deus e seus modos. É neste sentido que, ao buscar um debate específico e aprofundado sobre a noção de infinito, a Carta 12 complementa o conteúdo da Ética ao permitir que se compreenda geneticamente um erro que se faria presente em diversas ontologias da transcendência, permitindo assim que se compreenda por suas causas o que leva o homem a buscar se dissociar da experiência sensível em seu viver.
Téléchargements
