MOÇAMBIQUE: ESTUDO COMPARADO DA POLÍTICA EXTERNA DOS GOVERNOS SAMORA MACHEL E JOAQUIM CHISSANO
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-6912.123326Resumo
O artigo analisa a política externa moçambicana nas Governações Samora Machel e Joaquim Chissano. Utiliza como método a análise de política externa comparada de Rosenau e aportes teóricos da lógica dos jogos dos dois níveis de Putnam. A política externa do Governo Samora era de libertação regional, antiapartheid e de solidariedade com estados e povos oprimidos. Engajado no Bloco Socialista, o Estado moçambicano enfrentou constrangimentos internos e externos da Guerra-Fria. As decisões eram ideológicas, centralizadas no líder carismático e Presidente da República. Com agenda própria, Samora soube gerir as vontades populares com nacionalizações, mas o marxismo-leninismo impôs doutrina militar e inflexibilidade diplomática. As relações externas do Governo Chissano foram de pragmatismo político-econômico, buscou novas ideologias e abriu-se a diálogos e negociações com parceiros improváveis. Considerado tecnocrata e exímio diplomata, Chissano soube negociar o fim da guerra-civil, a abertura político-econômica e a ajuda do mundo Ocidental. Contudo, tomou decisões impopulares: políticas de ajustamento estrutural, transição do socialismo ao capitalismo e mudanças na Constituição. Entre os dois Governos houve mudanças profundas: de importante player político regional e peão soviético, Moçambique tornou-se dependente da ajuda internacional e redefiniu seu papel, passando a parceiro econômico estratégico regional, cuja agenda de política externa passou a ser influenciada por organismos econômicos internacionais.