Qual a importância de uma época? Anacronismo e história

Autores

  • André Fabiano Voigt UFU

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.74086

Palavras-chave:

Época, Historicismo, Anacronismo

Resumo

O presente artigo procura, em uma análise retroativa a autores como Immanuel Kant, Georg W. F. Hegel e Karl Marx, estabelecer as divergências e convergências entre estes autores em torno de um fio condutor: qual é a relação que o ser humano tem com o tempo, o espaço e a prática da liberdade? Qual a importância, portanto, de uma “época” para a análise histórica? Percebe-se que, apesar de Hegel e Marx seguirem elementos importantes do pensamento kantiano, ambos convergem em um princípio que se distingue da análise de Kant: a noção de que alguns grupos ou indivíduos teriam uma visão/compreensão (Einsicht) melhor da situação de todos. Neste sentido, entendemos que a sequência entre a crítica kantiana e o pensamento contemporâneo está principalmente na obra de autores que pensaram a crítica do filósofo de Königsberg como “atitude crítica” diante do pressuposto da autoridade. Entre esses autores, encontram-se Michel Foucault e Jacques Rancière, que defendem a característica eminentemente anacrônica do trabalho do historiador, sem a pressuposição da superioridade de um indivíduo ou grupo sobre os demais.

 

Artigo relacionado ao projeto “O conceito de “cena” em Jacques Rancière como ferramenta teórico-metodológica para a análise histórica da arte”, financiado com recursos do Edital 01/2015 FAPEMIG

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Biografia do Autor

André Fabiano Voigt, UFU

Professor Associado do Instituto de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Publicado

2018-01-19

Como Citar

Voigt, A. F. (2018). Qual a importância de uma época? Anacronismo e história. Anos 90, 24(46), 23–44. https://doi.org/10.22456/1983-201X.74086

Edição

Seção

Dossiê: Presença dos anos 1980: esperanças, nostalgias e historiografia