Parentesco de nação: vestígio de uma comunidade africana em Rio Grande

Autores

  • Jovani de Souza Scherer

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.6744

Palavras-chave:

Liberdade, Comunidade africana, Africanos ocidentais

Resumo

Este trabalho investiga as experiências de busca de liberdade empreendidas por escravos e libertos no município de Rio Grande, no extremo sul do Império brasileiro, durante o século XIX. Ao contrário do observado para outras regiões brasileiras, em Rio Grande os nascidos na África tiveram mais sucesso que os nascidos no Brasil em se libertar da escravidão. Na configuração desse quadro foi fundamental a ação da comunidade de africanos ocidentais. Minas e nagôs constituíram parte substancial da população africana da cidade portuária sulina, reorganizaram suas vidas em torno do parentesco de nação, alcançando a hegemonia do mercado da liberdade entre os africanos, através da compra de suas alforrias.

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Publicado

2008-07-01

Como Citar

Scherer, J. de S. (2008). Parentesco de nação: vestígio de uma comunidade africana em Rio Grande. Anos 90, 15(27), 189–231. https://doi.org/10.22456/1983-201X.6744

Edição

Seção

Dossiê: África - Brasil