Salve mundi domine, Caesar noster ave! – um estudo do Kaiserhymnus do Arquipoeta de Colônia
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.58655Palavras-chave:
Arquipoeta, Rainald de Dassel, Frederico I Barbarossa, Cultura literária medieval, Cultura política medievalResumo
Desde a descoberta do manuscrito 2071 da Biblioteca Real belga, na primeira metade do século XIX, contendo versões completas das duas mais famosas canções atribuídas ao Arquipoeta de Colônia, Salve mundi domine, Caesar noster ave! e Estuans intrinsecus, ira vehementi, a primeira canção suscitou consideráveis debates acerca de seu cunho laudatório e assumiu conclusões pesadamente nacionalistas com historiadores alemães das décadas de 1930 e 1940. Suas análises acerca do assim chamado Kaiserhymnus não sofreram contestações de monta até fins do século XX. No entanto, salta-nos aos olhos a seguinte questão: como analisar crítica e contextualizadamente uma canção considerada como um encômio imperial, na classe da Gesta Friderici de Otto de Freising e Rahewin entre outras obras, mas composta por um dos grandes (se não o maior) satiristas do século XII? Uma obra que marcadamente, a se crer nos analistas tradicionais, destoa do cânone do próprio autor? Para iniciarmos a resposta a este questionamento, procedemos a um estudo acerca das relações entre as principais personagens envolvidas no texto: o Arquipoeta e o Arcebispo Rainald de Dassel, seu patrono como poeta e seu empregador como notário da Chancelaria Imperial, um relacionamento no qual, como apontou Peter Godman em suas obras, desenvolveram intensa relação de cumplicidade intelectual. Ao inspirarmo-nos em questionamentos advindos da Análise Crítica do Discurso e do estudo da Cultura Política, nos dedicamos neste artigo a uma tradução do Kaiserhymnus para a Língua Portuguesa e à sua análise contextualizada estrofe por estrofe, o que nos permitiu alcançar conclusões muito divergentes das já consolidadas acerca da canção.
Downloads
Referências
ADCOCK, Fleur (Ed.). Hugh Primas and the Archpoet, Cambridge: Cambridge UP, 1994.
APPELT, H. (Ed.). MGH Diplomata Regum et Imperatorum Germaniae Tomus X, Pars II – Friderici I Diplomata. Hannover: Hahnsche Buchhandlung, 1979.
_______. (Ed.). MGH Diplomata Regum et Imperatorum Germaniae Tomus X, Pars V – Friderici I Diplomata, Hannover: Hahnsche Buchhandlung, 1990.
ARNOLD, Benjamin. German Knighthood 1050-1350. Oxford: OUP, 1985.
BENSON, Robert L. The Bishop-elect – A Study in Medieval Ecclesiastical Office. Princeton: Princeton UP, 1968.
BISCHOFF, Bernard. Archipoeta. In: Neue Deutsche Biographie, Vol. 1, 1953. p. 336.
CARDINI, Franco. Il Barbarossa: Vita, trionfi e illusioni di Federico I Imperatore. Milano: Oscar Mondadori, 2000.
CARMINA BURANA – Lieder aus Benediktbeuren (edição bilíngue, Latim – Alemão), Colônia: Anaconda Verlag, 2006.
DRONKE, Peter. The Medieval Lyric. Londres: Hutchinson University Library, 1968.
EBERLE, Josef (Ed.). Die Gedichte des Archipoeta. Lateinich und Deutsch. Frankfurt-am-Main: Insel Verlag, 1966.
ECO, Umberto. Baudolino. Rio de Janeiro: Record, 2000.
FLECKENSTEIN, Josef. Vom Rittertum der Stauferzeit am Oberrhein. Alemmanisches Jahrbuch, p. 21-42, 1979/1980.
FLICKER, Julius. Reinald von Dassel – Reichskanzler und Erzbischof von Koln 1156-1167. Koln: J. M. Heberle, 1850.
FREISING, of Otto. The Deeds of Frederick Barbarossa. New York: Columbia UP, 2004.
FUHRMANN, Horst. Germany in the High Middle Ages c. 1050-1200. Cambridge: CUP, 1995.
GODMAN, Peter. The Archpoet and the Emperor. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes. Vol. LXIV, 2011, p. 31-58.
_______. The World of the Archpoet, Mediaeval Studies. Toronto: Pontifical Institute of Medieval Studies, vol. 71, 2009, p. 113-156.
_______. Transmontani - Frederick Barbarossa, Rainald of Dassel, and Cultural Identity in the German Empire. Beiträge zur Geschichte der Deutschen Sprache und Literatur, v. 132, n. 2, Set. 2010, p. 200-229.
_______. Paradoxes of Conscience in the High Middle Ages: Abelard, Heloise, and the Archpoet. Cambridge: Cambridge UP, 2009.
_______. The Archpoet and Medieval Culture: Oxford: OUP, 2014.
_______. The Silent Masters: Latin Literature and its Censors in the High Middle Ages. Princeton: Princeton UP, 2000.
HERDE, Peter. Die Katastrophe vor Rom im August 1167 – Eine historisch – epidemiologische Studie zum vierten Italienzug Friedrichs I. Barbarossa. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1991.
HERKENRATH, Rainer Maria. I collaboratori tedeschi di Federico I., In: MANSELLI, Raoul; RIEDMANN, Josef (Org.). Federico Barbarossa nel dibattito storiografico in Italia e in Germania. Bologna: II Mulino, 1982. p. 199-232.
KEEN, Maurice Hugh. Chivalry. New Haven: Yale UP, 1984.
LANGOSCH, Karl. Politische Dichtung Um Kaiser Friedrich Barbarossa. Berlim: Schneider, 1943.
LATOWSKY, Anne A. Emperor of the World: Charlemagne and the Construction of Imperial Authority 800-1229. Ithaca: Cornell UP, 2013.
LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 1995.
LIEBAU, Gregory J. Barbarossa and his Bishops – War and politics during the Italian Campaigns. Medieval Warfare, v. III, n. 2. Rotterdam: Karwansaray Publishers, 2013, p. 14-19.
MYERS, Henry A. (Trad.). The Book of Emperors – A translation of the Middle High German Kaiserchronik. Morgentown: West Virginia UP, 2013.
OPLL, Ferdinand. Das Itinerar Kaiser Friedrich Barbarossas (1152-1190). Graz: Bohlau Verlag, 1978.
_______. Regesta Imperii Abt. IV, 2 Lothar III und altere Staufer – Friedrich I 1152 (1122) – 1190 2. Lieferung: 1158– 1168. Wien-Koln: Bohlau Verlag, 1991.
OTTO MORENA et ACERBUS. Ottonis Morenae et continuatorum, Historia Frederici I, MGH, Scriptores rerum Germanicarum. Berlim, vol. V, 1928.
ROJDESTVENSKY, Olga Dobiache. Les Poésies des Goliards. Paris: Éditions Rieder, 1931.
RUBINSTEIN, N. Political Rhetoric in the Imperial Chancery during the Twelfth and Thirteenth Centuries. Medium Aevum, v. 14, 1945, p. 21-43.
SCHIEFFER, Rudolf. Bleibt die Archipoeta anonym?, MIÖG – Mitteilungen des Instituts für Österreichische Geschichtesforschung, v.98, n. 1-2, 1990, p. 59-79.
STACH, Walter. Salve, mundi domine!: Kommentierende Betrachtungen zum Kaiserhymnus des Archipoeta. Leipzig: Hirzel, 1939.
VERGER, Jacques. Cultura, Ensino e Sociedade no Ocidente nos séculos XII e XIII. Bauru: EDUSC, 2001.
WADDEL, Helen. The Wandering Scholars. Londres: Constable, 1927.
ZUMMACH, Hubertus. Ruina mundi! – Rainald von Dassel des Heiligen Römischen Reiches Erzbischof und Reichskanzler. Jörg Mitzkat Verlag: Holzminden, 2007.