A retórica da naturalidade: a pátria de Felipe Camarão como um problema historiográfico

Autores/as

  • Bruno Balbino Aires da Costa

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.82322

Palabras clave:

Felipe Camarão, Naturalidade, Retórica

Resumen

A naturalidade do índio Felipe Camarão foi objeto de controvérsia durante o século XIX. Vários homens de letras espalhados pelo país, tais como: José de Alencar, Francisco Adolfo de Varnhagen, Antônio Joaquim de Mello, dentre outros, produziram textos a respeito da polêmica em torno do local em que Felipe Camarão havia nascido. Longe de ser unívoco, o debate foi acirrado. Documentos e argumentos foram arrolados pelos letrados envolvidos na querela, cujo intuito era provar o pertencimento do referido índio a uma determinada província. Esse esforço de convencimento e de estratégia argumentativa por parte de alguns homens de letras do Brasil, levou ao que chamamos de retórica da naturalidade. O objetivo desse artigo é analisar essa engenharia discursiva a partir do exame dos textos de dois letrados do período oitocentista que se dedicaram ao problema: Antônio Joaquim de Mello e Francisco Adolfo de Varnhagen.

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Publicado

2019-05-24

Cómo citar

Costa, B. B. A. da. (2019). A retórica da naturalidade: a pátria de Felipe Camarão como um problema historiográfico. Anos 90, 26, 1–15. https://doi.org/10.22456/1983-201X.82322

Número

Sección

Artigos