A formação do regime de autonomia avaliativo no Sistema Nacional de Pós-graduação e o futuro das relações entre historiografia, ensino e experiência da história
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.66436Palabras clave:
Ensino de história, Avaliação, Pós-graduação, Regimes de autonomiaResumen
Neste artigo analiso como a acomodação da historiografia em um regime de autonomia marcado por modelos avaliativos metrificáveis afasta o campo de suas origens disciplinares no século XIX e do desenvolvimento profissional processado ao longo do século XX. Entendo por "regime de autonomia" o arranjo de forças históricas que possibilita um determinado discurso ganhar individualidade e diferenciar-se no tecido de enunciações disponíveis em época e lugar definidos. Um "regime" é a forma de descrevermos como a interação dessas forças afeta e configura o discurso, em especial a relação entre os vetores autor, leitor, circulação, linguagens, conceitos e médias. A hipótese aqui desenvolvida é que um "regime de autonomia avaliativo", comum a outras esferas da ciência moderna, tem transformado a historiografia e o historiador contemporâneo, celebrando um perfil de alta especialização, baixa relevância e comunicabilidade social que coloca em risco a capacidade deste profissional colaborar para a diversificação das formas de experiência histórica.Descargas
Citas
ABREU, M.; RANGEL, M. Memória, cultura histórica e ensino de história no mundo contemporâneo. História e Cultura, Franca, v. 4, n. 2, p. 7-24, 2015.
ALMEIDA, L. S. R. de. Evolução do sistema de ensino superior após a revolução de abril de 1974: Expansão e desregulação. 2008. Tese (Doutorado em Educação)–Universidad de Extremadura, Badajoz, 2008.
ARAUJO, V. L. de. Historiografia, nação e os regimes de autonomia na vida letrada no Império do Brasil. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 31, n. 56, p. 365-400, maio/ago. 2015.
BARROS, C. Propuestas para el nuevo paradigma educativo de la historia. Revista HISTEDBR Online, Campinas, n. 28, p. 2-24, dez. 2007.
_____. Histografía de valores. In: CONGRESO INTERNACIONAL HISTORIA A DEBATE, 4., 16 dic. 2010, Santiago de Compostela. Ampliado em mayo 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/7064229/Historiograf%C3%ADa_de_valores. Acesso em: 24 jul. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Nacional de Pós-Graduação. Departamento de Documentação e Divulgação. I PNPG - Plano Nacional de Pós-Graduação. Brasília, DF: MEC, 1974.
_____. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Superior. Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. II PNPG – Plano Nacional de Pós-Graduação (1982-1985). Brasília, DF: CAPES, 1981.
_____. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Superior. Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. III PNPG – Plano Nacional de Pós-Graduação (1986-1989). Brasília, DF: CAPES, 1985.
_____. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2005-2010. Brasília, DF: CAPES, 2004.
CARRETERO, M.; ALPHEN, F. van. Do Master Narratives Change Among High School Students? A Characterization of How National History Is Represented. Cognition and Instruction, v. 32, n. 3, p. 290-312, 2014.
CERRI, L. F. Cartografias Temporais: metodologias de pesquisa da consciência histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 36, n. 1, p. 59-81, 2011.
COLE, J.; McKAY, I. Organized Lightning: the Liberal Arts against neoliberalism. Our Schools/Our Selves, Ottawa, v. 24, n. 2, #118, p. 123-137, Winter 2015.
FICO, C. Avaliação da pós-graduação: produtivismo? Brasil Recente, 13 jul. 2012. Disponível em: http://www.brasilrecente.com/search?q=produtivismo. Acesso em: 24 jul. 2016.
FLECK, C. The Impact Factor Fetishism. European Journal of Sociology, v. 54, n. 2, p. 327-356, 2013.
GINZBURG, J. Periódicos acadêmicos: antagonismo entre produção e leitura (notas sobre revistas da área de Letras publicadas em 2013). Revista Expedições: Teoria da História & Historiografia, Morrinhos, GO, v. 5, n. 1, p. 10-41, 2014.
GUIMARÃES, J.; AVELLAR, S. O. C. CT & I no Brasil: um balanço da capacitação e desempenho atual do sistema de pós-graduação e de pesquisa. Parcerias Estratégicas, Brasília, DF, v. 15, n. 31, p. 53-84, jul./dez. 2010. Edição especial.
HERNÁNDEZ, G. D. M.; PAZ, R. O. La enseñanza del “tiempo histórico”: problemas y propuestas didácticas. História & Ensino, Londrina, v. 19, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2013.
IVANCHEVA, M. The age of precarity and the new challenges to the academic profession. Studia UBB Europaea, Cluj-Napoca, v. 60, n. 1, p. 39-47, 2015.
LEWKOWICZ, M.; RODRIGUEZ, M. Historiografía académica e historia escolar: los libros de texto de historia entre dos centenarios. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 20, p. 48-68, abr. 2016.
LORENZ, C. F. C. Sobrevivirán las universidades a la integración europea? Políticas de educación superior en la UE y en los Países Bajos antes y después de la Declaración de Bolonia. Reencuentro, México, D.F., n. 54, p. 53-71, abr. 2009.
_____. Fixing the facts: the rise of new public management, the metrification of “quality” and the fall of the academic professions. Moving the Social – Journal of Social History and the History of Social Movements, Bochum, v. 52, n. 4, p. 5-26, 2014.
MALERBA, J. Acadêmicos na berlinda ou como cada um escreve a História?: uma reflexão sobre o embate entre historiadores acadêmicos e não acadêmicos no Brasil à luz dos debates sobre Public History. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 15, p. 27-50, ago. 2014.
OLIVEIRA, M. M. D. de; FRANCO, I. Historiografia didática e prescrições estatais sobre conteúdos históricos em nível nacional (1938-2012). Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, v. 6, n. 3, p. 6-24, dez. 2013.
PALACIOS, P. C. L. Luhmann: Exámen de sus ideas el oficio del historiador. Historia y Grafía, México, D.F., n. 39, p. 125-145, jul./dec. 2012.
PEREIRA, M. H. de F. Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012-2014). Varia Historia, Belo Horizonte, v. 31, n. 57, p. 853-902, set./dez. 2015.
PIMENTA, J. P. G. et al. A Independência e uma cultura de história no Brasil. Almanack, Guarulhos, n. 8, p. 5-36, 2. sem. 2014.
SCHMIDT, B. B. De quanta memória precisa uma democracia? Uma reflexão sobre as relações entre práticas memoriais e práticas democráticas. Anos 90, Porto Alegre, v. 22, n. 42, p. 153-177, dez. 2015.
SILVA, L. L. A formação de formadores no contexto da transnacionalização educativa: reflexões a partir da aplicação do processo de Bolonha em Espanha e Portugal. Educação e Sociedade, Campinas, v. 34, n. 122, p. 247-263, jan./ mar. 2013.