Peões de estância e produção familiar na fronteira sul do Brasil (1845-1865)
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.6749Palabras clave:
Peões, Famílias, Rio Grande do Sul, Século XIX, PecuáriaResumen
Por muito tempo, a imagem dos peões de estância no Rio Grande do Sul oitocentista foi a de homens errantes, sem relações familiares importantes e sem acesso a recursos produtivos estáveis. Esse quadro perpetuou-se mesmo em obras cujas matrizes teóricas eram muito diferentes. A proposta deste artigo é problematizar essa questão. As principais fontes empregadas são as qualificações das testemunhas e dos réus presentes nos processos criminais de Alegrete, o maior município da Campanha rio-grandense, entre os anos de 1845 e 1865. Os resultados da pesquisa realizada apontaram que, ao contrário do que se costuma afirmar, para grande parte dos que se assalariavam como peões nas estâncias, esse trabalho era parte de uma estratégia familiar, sendo característico do início da vida produtiva de homens inseridos em famílias de pequenos produtores e de migrantes que buscavam estabelecer-se na região. Na maioria dos casos, esses peões não eram homens sem vínculos familiares relevantes, mas sim jovens que tinham na produção familiar autônoma uma realidade ou um horizonte.
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