Biografia e historia magistra vitae: sobre a exemplaridade das vidas ilustres no Brasil oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.48408Palabras clave:
Biografia, Historia Magistra Vitae, HistoriografiaResumen
O artigo discute as relações entre escrita biográfica e historiografia, analisando a noção de exemplaridade subjacente às narrativas das vidas dos brasileiros ilustres, publicadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no século XIX. No contexto letrado do Brasil imperial, é possível identificar duas modulações significativas nas formas da biografia, a primeira orientada por um sentido moralizante, encomiástico e memorialístico explícito e a segunda, dotada da ambição de fornecer chaves heurísticas de acesso à apreensão e representação dos quadros gerais do passado. O argumento central é o de que as aproximações entre biografia e história não se estabeleceram por uma única via, mas foram marcadas por tais modulações e submetidas às demandas gerais de configurações da experiência do tempo.Descargas
Citas
ABREU, João Capistrano de. Biografia. In: Ensaios e Estudos. 4. série. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976. p. 37-41.
___. O Duque de Caxias. In: Ensaios e Estudos. 2. série. Rio de Janeiro: Sociedade Capistrano de Abreu; Livraria Briguiet, 1932. p. 9-35.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Joaquim Nabuco: um estadista do Império. In: MOTA, Lourenço Dantas (Org.). Introdução ao Brasil: um banquete no trópico. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 1999.
ARAÚJO, Valdei Lopes de. Sobre a permanência da expressão historia magistral vitae no século XIX brasileiro. In: NICOLAZZI, Fernando; MOLLO, Helena Miranda; ARAÐJO, Valdei Lopes de (Org.). Aprender com a história? O passado e o futuro de uma questão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. p. 131-147.
BARBOSA, Januário da Cunha. Discurso. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, 3. ed., tomo 1, n. 1, p. 9-17, 1839.
___. Biographia: Clemente Pereira de Azeredo Coutinho e Melo. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, tomo IV, n. 13, p. 88-91, 1842.
BONNET, Jean-Claude. Naissance du Panthéon: Essai sur le culte des grands hommes. Paris: Fayard, 1998.
CARLYLE, Thomas. On history. In: ______. Critical and miscellaneous essays. Philadelphia: Hart, Carey & Hart, 1852, vol. 5, p. 219-223.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem. Brasília: Editora UnB, 1981.
CATROGA, Fernando. O magistério da história e exemplaridade do “grande homem”: a biografia em Oliveira Martins. In: PÉRES JIMÉNEZ, Aurélio; FERREIRA, José Ribeiro; FIALHO, Maria do Céu (Coord.). O retrato literário e a biografia como estratégia de teorização política. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra; Universidade de Málaga, 2004. p. 243-288.
CEZAR, Temístocles. Livros de Plutarco: biografia e escrita da história no Brasil do século XIX. Métis: história & cultura, Caxias do Sul, v. 2, n. 3, p. 73-94, jan./jun. 2003.
___. L’écriture de l’histoire au Brésil au XIXe siècle: essai sur l utilisation des modèles anciens et modernes de lÊhistoriographie. Historiografías, revista de historia y teoría, Zaragoza, v. 2, p. 45-65, jul./dez. 2011.
COUSIN, Victor. Cours de l’ histoire de la philosophie: Introduction a l’histoire de la philosophie. Paris: Didier, 1841.
DOSSE, François. O desafio biográfico: escrever uma vida. São Paulo: EDUSP, 2009.
ENDERS, Armelle. Les visages de la Nation: Histoire, héros nationaux et imaginaire politique au Brésil (1822-1922). 2004. Tese de doutorado – Université Paris 1 – Panthéon-Sorbonne, Paris.
FABRE, Daniel. LÊatelier des héros. In: CENTILIVRES, Pierre; FABRE, Daniel; ZONABEND, Françoise (Dir.). La fabrique des héros. Paris: Éditions de la Mason des sciences de lÊhomme, 1998. p. 233-318.
FAORO, Raymundo. História e arte. In: NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império. 5. ed. v. 1. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. p. 21-30.
GÉRARD, Alice. Le grand homme et la conception de l’histoire au XIXe siècle. Romantisme, Lyon, v. 28, n. 100, p. 31-48, 1998.
GONÇALVES, Márcia de Almeida. Histórias de gênios e heróis: indivíduo e nação no Romantismo brasileiro. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo (Org.) O Brasil imperial. v. 2: 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 425-465.
HAMPTON, Timothy. Writing from history: the rhetoric of exemplarity in Renaissance literature. New York: Cornell University, 1990.
HARTOG, François. La France, lÊobjet historique. Le Monde des Débats, Paris, n. 19, nov. 2000.
___. Plutarque entre les Anciens et les Modernes. In: PLUTARQUE. Vies parallèles. Paris: Gallimard, 2001.
___. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
HEGEL. História filosófica. In: GARDNER, Patrick. Teorias da História. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. p. 73-88.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2006.
LORIGA, Sabina. A biografia como problema. In: REVEL Jacques. Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
___. O pequeno x: da biografia à história. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2011.
MADELÉNAT, Daniel. La Biographie. Paris: PUF, 1984.
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Biografia do padre-mestre Frei Francisco de Monte Alverne [1859]. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, tomo LIV, p. 391-404, 1882.
MARSON, Izabel Andrade. Política, história e método em Joaquim Nabuco: tessituras da revolução e da escravidão. Uberlândia: EDUFU, 2008.
NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império: Nabuco de Araújo: sua vida, suas opiniões, sua época. Tomo 1. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1897.
NADEL, George Harrison. Philosophy of history before historicism. In: ______. (Ed.) Studies in the Philosophy of History: Select essays from History and Theory. New York: Harper & Row, 1965.
NOIDIER, Charles. Discours Préliminaire. In: MICHAUD, Louis-Gabriel. Biographie universelle ancienne et moderne. v. 1. Paris: Mme. C. Desplace, 1843. Disponível em: http://www.bnf.fr/. Acesso em: julho 2014.
OLIVEIRA, Maria da Glória de. Escrever vidas, narrar a história: a biografia como problema historiográfico no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2011.
___. Crítica, método e escrita da história em João Capistrano de Abreu. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas; FAPERJ, 2013.
PALTI, Elias. La nación como problema: los historiadores y la “cuestión nacional”. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2002.
PARECERES SOBRE ADMISSÃO DE SÓCIOS. Revista do IHGB, tomo 29, p. 403-415, 1866.
PORTO ALEGRE, Manuel Araújo. Iconographia Brazileira. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, tomo 19, n. 23, p. 349-378, 1856.
RELATÁRIO DO PRIMEIRO SECRETÁRIO O SR. CÔNEGO DR. J. C. FERNANDES PINHEIRO. Revista do IHGB, tomo 27, parte segunda, p. 393-402, 1864.
REVEL, Jacques. A biografia como problema historiográfico. In: ______. História e historiografia: exercícios críticos. Curitiba: Editora UFPR, 2010. p. 235-248.
SANTOS, Evandro. A História geral do Brasil, de Francisco Adolfo de Varnhagen: apontamentos sobre o gênero biográfico na escrita da história Oitocentista. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 9, p. 88-105, ago. 2012.
SIMIAND, François. Método histórico e ciência social. Bauru: EDUSC, 2003.
SILVA, João Manuel Pereira da. Plutarco Brasileiro. Rio de Janeiro: Laemmert, 1847.
___. Os varões illustres do Brazil durante os tempos coloniaes. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria de B.L. Garnier, 1868. 2 volumes.