Conexões negreiras: contrabandistas de escravos no Atlântico Sul (Rio da Prata, 1730-1752)

Autores

  • Fábio Kühn UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.70621

Palavras-chave:

Tráfico de escravos, Asiento, Contrabandistas, Atlântico Sul, Colônia do Sacramento

Resumo

O artigo procura mostrar como se construiu a hegemonia portuguesa no contrabando de escravos para o Rio da Prata durante a primeira metade o século XVIII. Na década de 1730 inicia-se um nova conjuntura, marcada por mudanças no contexto político e nova guerra anglo-espanhola que interrompeu as operações da South Sea Company no rio da Prata. Isso abriu caminho para o predomínio português, sendo que os traficantes luso-brasileiros passaram a tomar conta paulatinamente do negócio negreiro estabelecendo as conexões atlânticas necessárias para formação de uma rede de agentes envolvidos no comércio ilícito de cativos. O contrabando trans-imperial de escravos conectou os traficantes luso-brasileiros que operavam na Colônia do Sacramento aos dois principais portos negreiros da América portuguesa (Rio de Janeiro e Salvador).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fábio Kühn, UFRGS

Professor associado do Departamento e Programa de Pós Graduação em História da UFRGS

Referências

ACIOLI, Gustavo & MENZ, Maximiliano. Resgate e mercadorias: uma análise comparada do tráfico luso-brasileiro de escravos em Angola e na Costa da Mina (século XVIII). Afro-Ásia, n. 37, 2008, p. 43-73.

ADELMAN, Jeremy. Sovereignty and Revolution in the Iberian Atlantic. Princeton & Oxford: Princeton University Press, 2006.

AITON, Arthur S. The Asiento Treaty as Reflected in the Papers of Lord Shelburne. The Hispanic American Historical Review, v. 8, n. 2, p. 167–177, 1928.

ALDEN, Dauril. Royal Government in Colonial Brazil. Berkeley e Los Angeles, University of California Press, 1968.

BROWN, Vera Lee. The South Sea Company and Contraband Trade. In: The American Historical Review, v. 31, n. 4, jul. 1926, p. 662-678.

CALDAS, José Antônio. Notícia geral de toda esta Capitania da Bahia desde o seu descobrimento até o presente ano de 1759. Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, Salvador, n. 57, 1931.

CANDIDO, Mariana P. Merchants and the Business of the Slave trade at Benguela, 1750-1850. African Economic History, v. 35, p. 1-30, 2007.

CAVALCANTI, Nireu. O comércio de escravos novos no Rio setecentista. In: FLORENTINO, Manolo (Org.) Tráfico, cativeiro e liberdade – Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 15-77.

COIMBRA, Álvaro da Veiga. Noções de numismática brasileira (III). Reinado de D. João V (1706-1750). Revista de História, v. 19, n. 39, 1959, p. 215-271.

COSTA, Grasiela Fragoso da. A Casa da Moeda do Rio de Janeiro: a instituição e seus membros, c. 1694 - c. 1750. Rio de Janeiro: PPG - História UFRJ, 2006.

DONOVAN, William M. Commercial enterprise and Luso-Brazilian society during the Brazilian gold rush: The mercantile house of Francisco Pinheiro and the Lisbon to Brazil trade, 1695-1750. Baltimore: The John Hopkins University, PhD dissertation, 1990.

ELLIOTT, J. H. Empires of the Atlantic World – Britain and Spain in America, 1492-1830. New Haven & London: Yale University Press, 2006.

FERNÁNDEZ DURAN, Reyes. La Corona Española y el tráfico de negros – Del monopólio al libre comercio. Madrid: Ecobook – Editorial Del Economista, 2011.

GALLO, Alberto. La venalidad de oficios públicos en Brasil durante el siglo XVIII. In: Marco Bellingeri (Coord.). Dinámicas de Antiguo Régimen y orden constitucional: representación, justicia y administración en Iberoamérica, siglos XVIII- XIX. Torino: Otto Editore, 2000, p. 97-175.

KIRSCHNER, Tereza C. A administração portuguesa no espaço atlântico: a Mesa da Inspeção da Bahia (1751-1808). Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades. Lisboa: Biblioteca Digital Instituto Camões, 2005.

LISANTI Fª, Luis. Negócios Coloniais – Uma correspondência comercial do século XVIII. Brasília: Ministério da Fazenda, 1973.

MILLER, Joseph. Way of Death – Merchant Capitalism and the Angolan Slave Trade, 1730-1830. Madison: The Universityof Wisconsin Press, 1988.

MIR, Lucio B. Ladrones de Guante Blanco – La corrupción porteña em tiempos de la South Sea Company (1713-1752). Buenos Aires: Editorial Biblos, 2008.

NELSON, George H. Contraband Trade Under the Asiento, 1730-1739. The American Historical Review, v. 51, n. 1, out. 1945, p. 55-67.

OLIVEIRA, Lucimeire da Silva. Para além da praça mercantil: notas sobre laços de parentesco e alianças matrimoniais dos homens de negócio da praça do Rio de Janeiro setecentista. In: FRAGOSO, J.; GUEDES, R.; SAMPAIO, A. (Org.). Arquivos paroquiais e história social na América Lusa, séculos XVII e XVIII: métodos e técnicas de pesquisa na reinvenção de um corpus documental. Rio de Janeiro: Mauad X, 2014, p. 259-277.

O’MALLEY, Gregory E. Final Passages - The Intercolonial Slave Trade of British America, 1619-1807. Chapel Hill: University of North Carolina Press/Omohundro Institute, 2014.

ORIOLI, Júlia P. Identidade e mobilidade na comunidade de comerciantes de escravos em Angola no final do século XVIII. Brasília: PPG-História/UnB, 2013.

PALMER, Colin A. Human Cargoes: The British Slave Trade to Spanish America, 1700-1739. Urbana; London: University of Illinois Press, 1981.

PAUL, Helen J. The South Sea Company’s Slaving Activities. Southampton: School of Social Sciences, Economics Division, University of Southampton, 2009.

PESAVENTO, Fábio. Um pouco antes da Corte – A economia do Rio de Janeiro na segunda metade do Setecentos. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.

PESAVENTO, Fábio; GUIMARÃES, Carlos Gabriel. Contratos e Contratadores do Atlântico Sul na segunda metade do setecentos. História, histórias. Brasília, v. 1, n. 1, 2013. p. 72-87.

PRADO, Fabrício P. Colônia do Sacramento: o extremo sul da América Portuguesa. Porto Alegre: Fumproarte, 2002.

RIBEIRO, Alexandre Vieira. O comercio das almas e a obtenção de prestígio social: traficantes de escravos na Bahia ao longo do século XVIII. Locus – Revista de História, v. 12, n. 2, Juiz de Fora, 2006, p. 9-27.

_______. The Transatlantic Slave Trade to Bahia, 1582-1851. In: ELTIS, David; RICHARDSON, David (Ed.). Extending the Frontiers – Essays on the New Transatlantic Slave Trade Database. New Haven & London: Yale University Press, 2008, p. 130-154.

SALGADO, Graça (Coord.) Fiscais e Meirinhos – A administração no Brasil Colonial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.

SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Famílias e negócios: a formação da comunidade mercantil carioca na primeira metade do setecentos. In: FRAGOSO, João; ALMEIDA, Carla; SAMPAIO, Antônio. Conquistadores e negociantes – Histórias de elites no Antigo Regime nos trópicos: América lusa, séculos XVI a XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 225-264.

_______. Os homens de negócio e a coroa na construção das hierarquias sociais: o Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. Na Trama das Redes: política e negócios no Império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p.459-484.

SMITH, David Grant. The mercantile class of Portugal and Brazil in the seventeenth century: a socio-economic study of the merchants of Lisbon and Bahia, 1620-1699. Austin: The University of Texas, PhD dissertation, 1975.

SORSBY, Victoria G. British Trade with Spanish America under the Asiento (1713-1740). London: Department of History/University College of London, PhD thesis, 1975.

SOUSA, Rita Martins de. Moeda e metais preciosos no Portugal setecentista: 1688-1797. Temas portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2006.

SOUSA, Avanete Pereira. A Bahia no século XVIII: poder político local e atividades econômicas. São Paulo: Alameda, 2012.

_______. A centralidade/capitalidade econômica de Salvador no século XVIII. In: Evergton Sales Souza, Guida Marques e Hugo R. Silva (Org.). Salvador da Bahia - Retratos de uma cidade atlântica. Salvador, Lisboa: Edufba, CHAM, 2016, p. 99-125.

SOUZA, Cândido Eugênio D. Perseguidores da espécie humana: capitães negreiros da Cidade da Bahia na primeira metade do século XVIII. Salvador: PPG-História/UFBA, dissertação de mestrado, 2011.

STARK, David M. A New Look at the African Slave Trade in Puerto Rico through the use of parish registers: 1660-1815. Slavery and Abolition. v. 30, n. 4, dez. 2009, p. 491-520.

STUDER, Elena F. S. de. La trata de negros en el Rio de la Plata durante el siglo XVIII. Buenos Aires: Libros de Hispanoamerica, 1984 (1958).

XIMENES, Cristiana Ferreira L. Bahia e Angola: redes comerciais e o tráfico de escravos (1750-1808). Niterói: PPG-História/UFF, 2012.

Downloads

Publicado

2017-10-09

Como Citar

Kühn, F. (2017). Conexões negreiras: contrabandistas de escravos no Atlântico Sul (Rio da Prata, 1730-1752). Anos 90, 24(45), 101–132. https://doi.org/10.22456/1983-201X.70621

Edição

Seção

Dossiê: As conexões e as dinâmicas atlânticas na formação do mundo moderno