Símbolos e rituais: os mecanismos do poder político no reino hispanovisigodo de Toledo (séculos vi-vii)

Autores

  • Renan Frighetto Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.52119

Palavras-chave:

Antiguidade tardia, Reino hispanovisigodo de Toledo, Realeza romano-bárbara, Aclamação, Unção

Resumo

A Antiguidade Tardia (séculos II – VIII) é caracterizada pela historiografia mais recente como um período histórico marcado por significativas transformações e readequações políticas e institucionais. Mudanças que foram provocadas, em grande medida, pela definitiva fixação dos grupos bárbaros na Pars Occidentalis do mundo imperial romano a partir de meados do século IV. De fato, a presença de elementos aristocráticos bárbaros e o contato destes com seus congêneres romanos provocou uma reconfiguração das relações de poder promovendo, de forma paulatina, a institucionalização da realeza entre os bárbaros. Os regna romano bárbaros, constituídos graças à concessão da autoridade romana, colocavam-se como herdeiros imediatos do passado imperial romano tardio e, ao mesmo tempo, assumiram os antigos problemas de natureza política que antagonizavam os reges e os vários grupos aristocráticos que resistiam a autoridade e poder daqueles. Por esse motivo os reis romano bárbaros lançaram mão de estratégias pragmáticas, como o estado permanente de conflito, e teórico-imagéticas, como a readequação de símbolos e rituais anteriormente existentes, para reforçarem e legitimarem seu poder e sua condição política. Como exemplo efetivo destas ações práticas e teóricas, destacamos o reino hispanovisigodo de Toledo (séculos VI –VII) no período que envolveria os reinados de Leovigildo (569 – 586) e Wamba (672 – 680). 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renan Frighetto, Universidade Federal do Paraná

Professor Associado do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná - área de História Antiga e Medieval

Doutor em História Antiga - Universidad de Salamanca (1996)

Mestre em História Antiga e Medieval - Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990)

Pesquisador ID do CNPq

Pesquisador do Núcleo de Estudos Mediterrânicos da UFPR (NEMED/UFPR)

Referências

BOBBIO, N. Política. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (Ed.). Dicionário de Política. Brasília, DF: Editora da UNB, 1997. p. 954-962.

BROWN, P. O Fim do Mundo Clássico: de Marco Aurélio a Maomé. Lisboa: Editorial Verbo, 1972.

CARRIE, J. M.; ROUSSELLE, A. L’Empire romain en mutation: des Séveres à Constantin 192-337. Paris: Éditions du Seuil, 1999.

CASTELLANOS, S. Los Godos y la Cruz: Recaredo y la unidad de Spania. Madrid: Alianza Editorial, 2007.

CHRYSOS, E. The Empire, the gentes and the regna. In: GOETZ, H. W.; JARNUT, J.; POHL, W. (Ed.). Regna and Gentes: the relationship between Late Antique and Early Medieval peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World. Leiden: Brill, 2003. p. 13-9.

COLLINS, R. Julian of Toledo and the royal succession in late seventh century. In: SAWYER, P. H.; WOOD, I. N. Early Medieval Kingship. Leeds: University of Leeds, 1977. p. 30-49.

DIAZ Y DIAZ, M. C. Index Scriptorum Latinorum Medii Aevi Hispanorum. Salamanca: Universidad de Salamanca, 1958.

DÍAZ, P. C. La dinámica del poder y la defensa del territorio: para una comprensión del fin del reino visigodo de Toledo. In: SÉNAC, P. et al. De Mahoma a Carlomagno: los primeros tiempos (siglos VII-IX) – XXXIX Semana de Estudios Medievales Estella. Estella: Gobierno de Navarra, 2012. p. 167-205.

___. Rey y poder en la monarquía visigoda. Iberia: Revista de la Antigüedad, Logroño, v. 1, p. 175-195, 1998.

DIAZ, P. C.; VALVERDE CASTRO, M. R. The theoretical strength and practical weakness of the Visigothic monarchy of Toledo. In: THEUWS, F.; NELSON, J. (Ed.). Rituals of power: From Late Antiquity to Early Middle Ages. Leiden: Brill, 2000. p. 59-94.

FRIGHETTO, R. A Antigüidade Tardia: Roma e as monarquias romano-bárbaras numa época de transformações (séculos II-VIII). Curitiba: Juruá Editora, 2012a.

___. Identidade(s) e fronteira(s) na Hispania visigoda, segundo o pensamento de Isidoro de Sevilha. In: FERNANDES, F. R. (Ed.). Identidades e Fronteiras no Medievo Ibérico. Curitiba: Juruá Editora, 2013. p. 91-126.

___. Memoria conseruanda causa facit: a Memória e a História como veículos da construção de identidades no reino hispano-visigodo de Toledo (final do século VI – primórdios do século VII). De Rebus Antiquis, Buenos Aires, v. 2, p. 1-18, 2012b.

___. O rei e a lei na Hispania visigoda: os limites da autoridade régia segundo a Lex Wisigothorum, II, 1-8 de Recesvinto (652-670). In: GUIMAR‹ES, M. L.; FRIGHETTO, R. Instituições, Poderes e Jurisdições – I Seminário Argentina-Brasil-Chile de História Antiga e Medieval. Curitiba: Juruá Editora, 2007. p. 117-135.

GARCÍA HERRERO, G. Julián de Toledo y la realeza visigoda. In: BLANCO, A. G.; NIETO, J. F.; RODR¸GUEZ, J. R. (Ed.). Arte, sociedad, economía y religión durante el bajo imperio y la antigüedad tardia: homenaje al Profesor Dr. D. José Ma. Blazquez Martinez al cumplir 65 años. Murcia: Ediciones Universidad de Murcia, 1991. p. 201-255.

___. Sobre la autoria de la Insultatio y la fecha de composición de la Historia Wambae de Julián de Toledo. In: MÉNDEZ, A.; MONTORO, T.; SANDOVAL, T. (Org.). Los visigodos y su mundo – Arqueología, Paleontología y Etnografía. Madrid: Comunidad de Madrid, 1998. p. 185-213.

GARCIA MORENO, L. A. Historia de España Visigoda. Madrid: Catedra, 1989.

___. Prosopography, nomenclature, and royal succession in the Visigothic kingdom of Toledo. Journal of Late Antiquity, Washington, DC, v. 1, n. 1, p. 142-156, 2008.

GASPARRI, S.; LA ROCCA, C. Tempi Barbarici: lÊEuropa occidentale tra antichità e medioevo (300-900). Roma: Carocci Editore, 2013.

HEATHER, P. The Goths. Oxford: Oxford University Press, 1998.

HILLGARTH, J. N. Corpus Christianorum: Series Latina, CXV. Turnholti: Brepols, 1976.

___. Historiography in Visigothic Spain. La Storiografia Altomedievale: Settimane di Studio del Centro Italiano di Studi sullÊAlto Medioevo XVII, Spoleto, v. 1, p. 261-311, 1970.

___. The Visigoths in History and Legend. Toronto: PIMS, 2009.

JONES, A. H. M. The Later Roman Empire 284-602: a social, economic and administrative survey. v. 2. Oxford: Oxford University Press, 1964.

MARCONE, A. A long Late Antiquity? Considerations on a controversial periodization. Journal of Late Antiquity, Washington, DC, v. 1, n. 1, p. 4-19, 2008.

MARROU, H. I. Decadência romana ou Antiguidade Tardia? Lisboa: Aster, 1979.

MARTIN, C. La Géographie du Pouvoir dans lÊEspagne visigothique. Lille: Septentrion Presses Universitaires, 2003.

MATHISEN, R. Roman aristocrats in barbarian Gaul: Strategies for survival in an age of transition. Austin: University of Texas Press, 1993.

NELSON, J. Inauguration Rituals. In: ______. Politics and ritual in Early Medieval Europe. London: The Hambledon Press, 1986. p. 283-307.

NERI, V. Monarchia, diarchia, tetrarchia: la dialettica delle forme di governo imperiale fra Diocleziano e Costantino. In: COSTANTINO I: Enciclopedia costantiniana sulla figura e l’immagine dellÊimperatore del cosiddetto Editto di Milano 313-2013. v. 1. Roma: Enciclopedia Italiana, 2013. p. 659-671.

REMONDON, R. La crisis del Imperio Romano de Marco Aurelio a Anastacio. Barcelona: Labor, 1967.

RIEGL, A. Die Spätrömische Kunsindustrie nach den Funden in Österreich-Ungarn. Vien: [s.n.], 1901.

SANZ SERRANO, R. Historia de los Godos: una epopeya histórica de Escandinavia a Toledo. Madrid: La Esfera de los Libros, 2009.

TEILLET, S. LÊHistoria Wambae est-elle une oeuvre de circunstance? Antiguedad y Cristianismo, Murcia, v. 3, p. 415-424, 1986.

VALVERDE CASTRO, M. R. El Reino visigodo de Toledo y los matrimônios mixtos entre godos y romanos. Gerion, Madrid, v. 20, n. 1, p. 511-527, 2002.

___. Ideología, simbolismo y ejercicio del poder real en la monarquía visigoda: un proceso de cambio. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2000.

VELÁZQUEZ, I; RIPOLL, G. Toletum, la construcción de una urbs regia. In: RIPOLL, G.; GURTH, J. M.; CHAVARRIA, A. Sedes regiae (ann.400-800). Barcelona: Reial Acadèmia de Bones Lletres, 2000. p. 521-578.

VELÁZQUEZ, I. Pro patriae gentisque gothorum statv (4th Council of Toledo, canon 75, a.633). In: GOESTZ, H. W.; JARNUT, J.; POHL, W. (Ed.). Regna and Gentes: the relationship between Late Antique and Early Medieval peoples and Kingdoms in the Transformation of the Roman World. Leiden: Brill, 2003. p. 161-217.

WALLACE-HADRILL, J. M. El Occidente Bárbaro 400-1000. Madrid: Sílex, 2014.

WARD-PERKINS, B. La caída de Roma y el fin de la civilización. Madrid: Espasa Calpe, 2007.

Downloads

Publicado

2015-02-25

Como Citar

Frighetto, R. (2015). Símbolos e rituais: os mecanismos do poder político no reino hispanovisigodo de Toledo (séculos vi-vii). Anos 90, 22(42), 239–272. https://doi.org/10.22456/1983-201X.52119