Efetividade histórica e ciência moral nas Décadas de João de Barros: a relação entre antigos e modernos

Autores

  • Rubens Leonardo Panegassi Universidade Federal de Viçosa

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.43723

Palavras-chave:

História da historiografia, Humanismo, João de Barros, Antigos e Modernos, Portugal

Resumo

O objetivo deste artigo é revisitar o tema da querela entre antigos e modernos a partir das Décadas da Ásia, obra de autoria do humanista português João de Barros. Publicada entre os anos de 1552 e 1563, esta obra pode ser compreendida como a mais notória tentativa de definir um sentido global para o fenômeno dos descobrimentos marítimos portugueses. Entretanto, ao tratar das origens e do amadurecimento do processo de expansão marítima em Portugal, as Décadas da Ásia nos remete também aos primórdios da vertente ibérica do embate entre antigos e modernos. Em vista disso, nosso interesse é recuperar esta querela no âmbito da relação que João de Barros institui entre antigos e modernos, como pressuposto do pensamento histórico no alvorecer da Época Moderna.

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Biografia do Autor

Rubens Leonardo Panegassi, Universidade Federal de Viçosa

Graduado, mestre e doutor em História pela Universidade de São Paulo, foi bolsista da FAPESP e é professor de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal de Viçosa desde 2013

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Publicado

2014-04-13

Como Citar

Panegassi, R. L. (2014). Efetividade histórica e ciência moral nas Décadas de João de Barros: a relação entre antigos e modernos. Anos 90, 21(39), 165–197. https://doi.org/10.22456/1983-201X.43723

Edição

Seção

Dossiê: História e cultura histórica no alvorecer da época moderna (séculos XIV-XVII)