Os diques latíticos portadores de ouro e sulfetos da Associação Shoshonítica de Lavras do Sul – RS: petrogênese e geoquímica

Autores

  • Ingke F. MÜLLER Programa de Pós-graduação em Geociências. Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Lauro V. S. NARDI Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Evandro F. de LIMA Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • André S. MEXIAS Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1807-9806.35911

Palavras-chave:

diques latíticos, rochas shoshoníticas, mineralizações Au-Cu, diques monzoníticos, depósitos hidrotermais de alta-T

Resumo

A Associação Shoshonítica de Lavras do Sul (ASLS), situada no extremo sul do Brasil, tem idade neoproterozóica e hospeda ocorrências importantes de Au-Cu-sulfetos, relacionadas por alguns autores a depósitos do tipo Cu-Au pórfiro. Dados de campo, petrográficos, mineralógicos e geoquímicos permitiram identificar e classificar os diques que ocorrem na ASLS cortando os monzonitos hipabissais, andesitos e lamprófiros, em três tipos principais: diques compostos autoclásticos, diques latíticos e diques latíticos com anfibólio. Sua grande variedade litológica e textural é resultado da diferenciação magmática, segregação mineral e processos de mistura de magmas. Os diques mostram afinidade shoshonítica, com teores de K2O > (Na2O –2), acompanhados de conteúdos elevados de Rb, Ba e Sr e baixos a moderados de Nb, Zr e ETRP, assinatura típica da Associação Shoshonítica de Lavras do Sul. Os dados obtidos permitiram identificar dois trends composicionais: um alto-Ti, enriquecido em Fe2O3t, P2O5, HFS, LILE e ETR, com razões K2O/Na2O < 0,8; outro baixo-Ti, que predomina na ASLS, com menores teores dos elementos anteriormente citados e razão K2O/Na2O > 1,4. Os diques alto-Ti, com menores razões K2O/Na2O indicam uma evolução das fontes e processos no sentido da produção de magmas alcalinos saturados em sílica mais sódicos, como é comum na evolução do magmatismo pós-colisional. A cristalização dos magmas e o progressivo enriquecimento dos voláteis e de complexos de Au-S-Cl geraram uma supersaturação do sistema, causando o segundo ponto de ebulição e a vesiculação de porções dos diques. Admite-se que o magma lamprofírico pode ser a fonte principal do ouro e enxofre do sistema. A mistura dos magmas latíticos ou traquíticos com os lamprofíricos, pode ser responsável por um aumento do potencial de oxidação e dos voláteis no sistema, desencadeando assim a separação da fase volátil, a desestabilização dos complexos e a precipitação dos sulfetos magmáticos portadores de Au, além da própria formação das soluções hidrotermais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ingke F. MÜLLER, Programa de Pós-graduação em Geociências. Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Geóloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2008. Mestre em Geoquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2011. Atualmente é aluna de doutorado na área de Geoquímica do Programa de Pós-Graduação em Geociências desta mesma universidade, sob a orientação do prof. Dr. Lauro Valentim Stoll Nardi. Tem experiência na área de Geologia de campo e de laboratório, com ênfase em petrologia e geoquímica. Atua principalmente na área de geolgia de rochas graníticas e mineralizações associadas de Au e Cu-sulfetos, estudando o hidrotermalismo nos estágios magmáticos tardios, durante o segundo ponto de ebulição, e processos de mistura magmática. Atua também na área de química mineral, com ênfase no estudo de sulfetos e zircão, com destaque na sua aplicação em estudos de petrogênese e metalogenia. Atualmente trabalha com isótopos estáveis de enxofre aplicados à metologênese de depósitos do tipo Cu Au-pórfiro.

Lauro V. S. NARDI, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor titular do Departamento de Geologia da UFRGS, pesquisador 1A do CNPq, PhD em Geologia pela Universidade de Londres em 1984, Mestre em Geociências pela UFRGS em 1978. Orientou 9 doutorados, 18 mestrados e diversos bolsistas de iniciação científica. Publicou mais de 90 trabalhos completos em revistas científicas nacionais e internacionais nas áreas de petrologia e geoquímica. É consultor e assessor científico do CNPq, CAPES, FINEP, FAPERGS, FAPESP, FAPEMIG, FAPEAL, e Museu Emilio Goeldi, entre outros. Editor-honorário da revista Pesquisas em Geociências, membro do Grupo Interdisciplinar de Filosofia da Ciência do ILEA-UFRGS, consultor de várias revistas científicas e coordenador de projetos apoiados pelo CNPq, CAPES, FINEP e FAPERGS. Membro do Comite Assessor de Geologia e Geofísica do CNPq (2010-2013) pela segunda vez. Concluiu especialização em filosofia da ciência em 2011 e atualmente é aluno do Curso de Pós-graduação em Filosofia da PUC-RS. Membro associado da Academia Brasileira de Ciências desde 1993 e titular desde 2007. É professor convidado do Programa de Pós-graduação em Geociências - PPGGEO/UFRGS desde maio de 2009.

Evandro F. de LIMA, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

EVANDRO FERNANDES DE LIMA CONCLUIU O DOUTORADO EM GEOCIENCIAS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL EM 1995. ATUALMENTE É PROFESSOR ASSOCIADO IV NO INSTITUTO DE GEOCIENCIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, COORDENOU O COMITE ASSESSOR DE GEOCIENCIAS DA FUNDACAO DE AMPARO A PESQUISA DO RIO GRANDE DO SUL E O PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM GEOCIENCIAS DA UFRGS. PARTICIPA ATIVAMENTE COMO AD HOC EM PERIODICOS CIENTIFICOS E EM FUNDACOES DE PESQUISA. A PRODUÇÃO CIENTÍFICA É CONCENTRADA NA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS EM PERIODICOS ESPECIALIZADOS, ALÉM DE COMUNICAÇÕES EM ANAIS DE EVENTOS CIENTÍFICOS E EM PARTICIPAÇÕES EM LIVROS. LIDER DO GRUPO CONSOLIDADO DE PESQUISA DO CNPQ, CERTIFICADO PELA UFRGS, PETROLOGIA E ESTRATIGRAFIA DE SEQUENCIAS VULCÂNICAS. PARTICIPOU EM DIVERSOS EVENTOS NO EXTERIOR E NO BRASIL. POSSUI EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS TENDO ORIENTADO DISSERTACOES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO. PARTICIPA ATIVAMENTE EM ORIENTAÇÕES DE INICIACAO CIENTIFICA E EM TRABALHOS DE CONCLUSAO DE CURSO NA AREA DE GEOCIENCIAS. RECEBEU 3 PREMIOS E OU HOMENAGENS. EM SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS INTERAGIU COM DIVERSOS COLABORADORES EM CO-AUTORIAS DE TRABALHOS CIENTIFICOS. TEM PARTICIPADO EM PROJETOS EM DIVERSOS ESTADOS DO BRASIL (SC, PR, AM, MT E RS) ATUANDO TAMBEM COMO PESQUISADOR EM PROJETOS DA ANTARTICA E NOS AÇORES (PORTUGAL). COORDENA PROJETOS DE PESQUISA, CONVÊNIO INTERNACIONAL CAPES-GRICES (UFRGS-UNIVERSIDADE DE COIMBRA), TODOS NA AREA DE GEOCIENCIAS, COM ÊNFASE EM PETROLOGIA DE ROCHAS VULCÂNICAS. CONCLUIU EM 2008 O ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL COM APOIO DA CAPES NO INSTITUTO DE GEOFÍSICA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (PORTUGAL). ELEITO PARA O CONSELHO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS DA UFRGS (2009/2011) E PARA A DIREÇÃO NACIONAL SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS.

André S. MEXIAS, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983), mestrado em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geoquímica e Metalogenia, atuando principalmente nos seguintes temas: alteração hidrotermal, ouro, geoquímica, isótopos estáveis, diagênese, argilominerais em rochas reservatórios e técnicas analíticas de estudo de argilominerais (DRX, MEV, LNLS, etc.). No seu mestrado e doutorado realizou estágios sanduíches na Universidade de Poitiers (França), onde possui convênio específico firmado em 2006. Prof. Visitante na Universidade de Saint Etienne em 2007 (abril e maio). Pos-Doutoramento na Universidade de Poitiers (Franca) entre dez/2008 e marco/2009. Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Geoquímica (2011-2013). Coordenador brasileiro (juntamente com França, Portugal, Grécia e Canadá) do programa Erasmus Mundus - IMACS (International Master of Advanced Clay Science). Coordena o Laboratório de difratometria de raios X do Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica desde a sua criação em setembro de 1991.

Downloads

Publicado

2012-08-31

Como Citar

MÜLLER, I. F., NARDI, L. V. S., de LIMA, E. F., & MEXIAS, A. S. (2012). Os diques latíticos portadores de ouro e sulfetos da Associação Shoshonítica de Lavras do Sul – RS: petrogênese e geoquímica. Pesquisas Em Geociências, 39(2), 173–191. https://doi.org/10.22456/1807-9806.35911