Narrativas de reexistência: as sobrevidas da memória em Hanói, de Adriana Lisboa, e A noite da espera, de Milton Hatoum

Autores

  • Ilse Maria Rosa Vivian Universidade Federal do Rio Grande - FURG

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.140483

Resumo

A Literatura Brasileira das últimas décadas tem sido constituída por um conjunto de obras que põe em relevo as tessituras entre as implicações do discurso da memória e a crise agravada desde o início do século, pautada por uma série de demandas sociais que colocam em xeque o tripé estruturante dos modos de vida desde a Modernidade  – classe, gênero e raça. À luz dos Estudos Decoloniais, realiza-se a leitura de duas narrativas, Hanói (2013), de Adriana Lisboa, e A noite da espera (2017), de Milton Hatoum, as quais, ao articular memória e identidades, problematizam a constituição do ser e do saber, interrogando a naturalização das hierarquias sociais, territoriais, raciais, culturais e epistêmicas. Entende-se que essas narrativas, em que preponderam diferentes articulações da memória, configuram-se como práticas de reexistência, uma vez que, ao narrar a própria vida a partir da experiência localizada em confronto à homogeneização cultural e às violências produzidas pela Modernidade e seus capitalismos, são recuperados significados e valores de comunidades, construções simbólicas que interpelam o leitor não apenas a perceber, mas a experienciar aspectos negligenciados pela história oficial.

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Biografia do Autor

Ilse Maria Rosa Vivian, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Doutora em Letras (2014-CNPq) pelo Programa de Pós-graduação em Letras (CAPES 6) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS sob as orientações da Dr. Maria Luíza Ritzel Remédios e da Dr. Sissa Jacoby. Estágio de doutorado (2012-CAPES) na Universidade de Coimbra sob orientação do Dr. Carlos Reis. Mestre em Letras (2004-CNPq) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Licenciada em Letras (2000) pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Tem experiência docente no Ensino Superior, níveis Pós-graduação (Mestrado) e Graduação, e no Ensino Médio. Atua nas disciplinas de Literatura Portuguesa, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Teoria da literatura e Língua Portuguesa. Suas pesquisas configuram-se na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura e Estudos Culturais, principalmente nos seguintes temas: narrativa e história, memória e identidades, ficção e cultura. Orientou dissertações de Mestrado, Trabalhos de Conclusão de Curso e estudos de Iniciação Científica. Atua também como parecerista de periódicos nacionais. Participa dos Grupos de Pesquisa Figuras da Ficção (Universidade de Coimbra), Literatura e autoritarismo (UFSM/CNPq), Trânsitos teóricos e deslocamentos epistêmicos: feminismo(s), estudos de gênero e teoria queer (UFSM/CNPq). Atualmente, realiza Pós-Doutorado (CAPES) na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.

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Publicado

2024-10-28

Como Citar

Vivian, I. M. R. (2024). Narrativas de reexistência: as sobrevidas da memória em Hanói, de Adriana Lisboa, e A noite da espera, de Milton Hatoum. Nau Literária, 20(01), e–140483. https://doi.org/10.22456/1981-4526.140483

Edição

Seção

Dossiê: a literatura e os fins do capitalismo