“Era Najati quem eu buscava nas páginas”: o eu e o outro em A ocupação, de Julián Fuks
DOI:
https://doi.org/10.22456/1981-4526.114139Palavras-chave:
Literatura Brasileira Contemporânea, refugiados, ocupação, ruínaResumo
Este texto trata de uma aproximação ao romance A ocupação (2019), do escritor brasileiro Julián Fuks, orientada para a abordagem das relações entre o narrador-personagem Sebastián e os outros, tanto os integrantes da ocupação quanto os seus próprios familiares, com acento no encontro com Najati, refugiado sírio. As noções de estranho (FREUD, 1976), outro/outrem (LÉVINAS, 1980) e interpelação (BUTLER, 2015) são convocadas para conduzir a leitura. Apresenta a ruína como imagem persistente na narrativa para simbolizar o momento caótico do Brasil. A hipótese de trabalho é a de que a disposição para o outro advém do incômodo com o próprio tempo presente, pelas mazelas sociais que reproduz, também dirigido à literatura, desafiada pela ocupação no sentido de tomar posição, de comprometer-se com a dor do outro. A dimensão ética que envolve o “gesto testemunhal” (SELIGMANN-SILVA, 2008) no narrador Sebastián apresenta-se como possibilidade de transfiguração do real que se impõe furiosamente e também da literatura, obrigando-a a assumir um desafio ético que Fúks capta, respeita e faz questão que permaneça como abertura, como faísca utópica, “apesar de tudo” (DIDI-HUBERMAN, 2011).
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