Os ruídos de silenciamento em “Meu cordial brasileiro”, de Belchior e Toquinho
atravessamentos ditatoriais e mito da cordialidade
DOI:
https://doi.org/10.22456/1981-4526.144246Palabras clave:
Cordialidade, Violência, Ditadura militar, Silenciamento , Meu cordial brasileiroResumen
O artigo analisa a canção “Meu cordial brasileiro” (1979), de Belchior e Toquinho, discutindo como ela articula crítica social ao mito da cordialidade do brasileiro e à violência estruturante da sociedade, especialmente sob a ditadura militar. O objetivo é investigar como a cordialidade, derivada da proposta de Sérgio Buarque de Holanda ([1936] 1995), mascara relações de poder e silencia conflitos sociais. Metodologicamente, o estudo segue a proposta de Antonio Candido (2006), dividindo-se em comentário, interpretação e análise. A leitura da canção revela atravessamentos entre a repressão ditatorial e a cultura do silenciamento, desafiando a visão idealizada de um povo afável e tolerante. Como resultado, o artigo demonstra que a cordialidade funciona como uma engrenagem invisível que legitima opressões e que a canção representa uma forma poética de resistência. Ao final, propõe-se que “Meu cordial brasileiro” expressa o desejo de romper com o silêncio, afirmando a necessidade de falar e existir como ato político.
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