Cotidiano, trabalho e um narrador implicado

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.142786

Palabras clave:

Chico Buarque de Holanda, Trabalho, Gênero, Ditadura militar

Resumen

O artigo apresenta uma leitura da canção “Cotidiano”, de Chico Buarque de Holanda, observando a representação do dia-a-dia entoado pelo trabalhador provavelmente braçal que está ali plasmado. Ele narra justamente os momentos em que não trabalha, e a partir do trabalho da esposa, que ele apresenta, contudo, como não trabalho. Trata-se de uma estrutura especular: o trabalho dele, caracterizado disforicamente, dá-se a ver a partir do trabalho dela, caracterizado euforicamente; trabalho produtivo e trabalho reprodutivo relacionam-se de forma complexa. Analisamos essa relação e perseguimos suas significações, esperando conseguir descrever com precisão os movimentos desse eu cancional intrincado que aparece na canção.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Carlos Augusto Leite, UFRGS

Professor de Literatura Brasileira (UFRGS), linguista pela Unicamp, escritor e compositor popular.

Vinícius de Oliveira Prusch, UFRGS

Doutorando em literatura (UFRGS), estuda estética a partir de Theodor W. Adorno.

Pedro Baumbach Manica, UFRGS

Professor e mestrando em literatura brasileira (UFRGS).

Citas

ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo. São Paulo: Boitempo, 2014.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda., 2011. (Clássicos Melhoramentos)

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad.: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. 3ª ed. Rio de Janeiro / São Paulo: Ouro sobre Azul / Duas Cidades, 2004.

CHICO e as Cidades. Direção: José Henrique Fonseca. Brasil: Conspiração Filmes, 2001.

CHICO BUARQUE. “Cotidiano”. Intérprete: Chico Buarque. In Construção. Rio de Janeiro: Phonogram, 1971.

CHICO BUARQUE. “Sem açúcar”. Intérprete: Maria Bethânia. In: Chico Buarque & Maria Bethânia Ao Vivo. Rio de Janeiro: Polygram, 1975.

ELES não usam Black-tie. Direção: Leon Hirszman. Brasil: Embrafilme,1981.

FEDERICI, Silvia. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. Tradução de Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2019.

GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam Black-tie. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

KEHL, Maria Rita. Dois casos de antibovarismo na cultura brasileira. In: O bovarismo brasileiro: ensaios. 1ª ed. Versão digital. São Paulo: Boitempo, 2018, pp. 64-116.

KURZ, Robert. A ditadura do tempo abstrato: o trabalho como desajustamento da era moderna. In: Margem Esquerda — revista da Boitempo, n. 35, 2º semestre, 2020, pp. 55-78.

Os 100 maiores discos da música brasileira. In: Rolling Stone Brasil, 09/11/2007. Disponível em <https://rollingstone.com.br/artigo/os100-maiores-discos-da-musica-brasileira/>. Visita em: 25 set. 2024.

PACHECO, Ana Paula. Jagunços e homens livres pobres: o lugar do mito no Grande sertão. Novos estudos CEBRAP, nº 81, jul. 2008.

PEÕES. Direção: Eduardo Coutinho. Brasil: VideoFilmes, 2004.

SANTANA, Marco Aurélio. Ditadura e resistência operária: O movimento sindical brasileiro do golpe à transição democrática.

Política & Sociedade, v. 7, n. 13, outubro de 2008, pp. 279-309.

SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política, 1964-1969. In: O pai de família e outros estudos, São Paulo, Companhia das Letras, 2008.

SILVA, Ana Beatriz Ribeiro Barros da. O desgaste e a recuperação dos corpos para o capital: acidentes de trabalho, prevencionismo e reabilitação profissional durante a ditadura militar brasileira (1964- 1985). Tese (Doutorado em História) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2016.

TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canções no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.

WOOD, James. Como funciona a ficção. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Cosac Naify, 2012

Publicado

2024-12-17

Cómo citar

Leite, C. A., Prusch, V. de O., & Manica, P. B. (2024). Cotidiano, trabalho e um narrador implicado. Nau Literária, 20(2), e–142786. https://doi.org/10.22456/1981-4526.142786

Número

Sección

Dossiê: O Realismo e sua atualidade: arte, literatura e impasses intelectuais frente aos desafios da democracia