Cotidiano, trabalho e um narrador implicado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.142786

Palavras-chave:

Chico Buarque de Holanda, Trabalho, Gênero, Ditadura militar

Resumo

O artigo apresenta uma leitura da canção “Cotidiano”, de Chico Buarque de Holanda, observando a representação do dia-a-dia entoado pelo trabalhador provavelmente braçal que está ali plasmado. Ele narra justamente os momentos em que não trabalha, e a partir do trabalho da esposa, que ele apresenta, contudo, como não trabalho. Trata-se de uma estrutura especular: o trabalho dele, caracterizado disforicamente, dá-se a ver a partir do trabalho dela, caracterizado euforicamente; trabalho produtivo e trabalho reprodutivo relacionam-se de forma complexa. Analisamos essa relação e perseguimos suas significações, esperando conseguir descrever com precisão os movimentos desse eu cancional intrincado que aparece na canção.

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Biografia do Autor

Carlos Augusto Leite, UFRGS

Professor de Literatura Brasileira (UFRGS), linguista pela Unicamp, escritor e compositor popular.

Vinícius de Oliveira Prusch, UFRGS

Doutorando em literatura (UFRGS), estuda estética a partir de Theodor W. Adorno.

Pedro Baumbach Manica, UFRGS

Professor e mestrando em literatura brasileira (UFRGS).

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Publicado

2024-12-17

Como Citar

Leite, C. A., Prusch, V. de O., & Manica, P. B. (2024). Cotidiano, trabalho e um narrador implicado. Nau Literária, 20(2), e–142786. https://doi.org/10.22456/1981-4526.142786

Edição

Seção

Dossiê: O Realismo e sua atualidade: arte, literatura e impasses intelectuais frente aos desafios da democracia