Uma política mais estratégica?

Perspectivas para a política externa de Lula III

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2178-8839.133369

Palavras-chave:

Política Externa; Equilíbrio pontuado; Lula.

Resumo

O artigo contribui para o debate sobre a política externa brasileira (PEB) no início do terceiro mandato de Lula da Silva, ao responder: em que medida podemos esperar mudanças na PEB durante o terceiro mandato de Lula? Para isso, recorro à teoria do Equilíbrio Pontuado, propondo que mudanças drásticas na política só devem ser esperadas caso o mandatário seja capaz de vencer batalhas políticas contra atores domésticos e internacionais. Considerando turbulências como a renovada competição entre grandes potências e as dificuldades nas relações com o legislativo, pode-se esperar que a política de Lula seja menos intensa do que em seus primeiros mandatos. Essa proposição é testada por meio de um estudo de caso utilizando dados qualitativos e quantitativos sobre a atuação brasileira durante os seis primeiros meses de governo. Os resultados mostram que agendas como a defesa dos direitos sociais, do meio ambiente, da integração regional, da cooperação Sul-Sul e de algum pragmatismo nas relações com as grandes potências já estão de volta. No entanto, o contexto atual limita a capacidade de ação do país, que deve escolher as pautas mais estratégicas para envidar seus principais recursos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMORIM NETO, O.; MALAMUD, A. The Policy-Making Capacity of Foreign Ministries in Presidential Regimes: A Study of Argentina, Brazil, and Mexico, 1946–2015. Latin American Research Review, v. 54, n. 4, p. 812–834, 2019. DOI: https://doi.org/10.25222/larr.273

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. BNDES - Apresentação Exportações de Serviços (15/09/2019). 2019. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/arquivos/exportacao/bndes-apresentacao-exportacoes-servicos-20190915.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2023

BAUMGARTNER, F. R.; JONES, B. D. Agendas and instability in American politics. 2nd ed. Chicago: The University of Chicago Press, 2009. DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226039534.001.0001

BELÉM LOPES, D.; CARVALHO, T.; SANTOS, V. Did the Far Right Breed a New Variety of Foreign Policy? The Case of Bolsonaro’s “More-Bark-Than-Bite” Brazil. Global Studies Quarterly, v. 2, n. 4, 2022. DOI: https://doi.org/10.1093/isagsq/ksac078

BELÉM LOPES, D.; FARIA, C. A. P. DE. When Foreign Policy Meets Social Demands in Latin America. Contexto Internacional, v. 38, n. 1, p. 11–53, jun. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-8529.2016380100001

BENNETT, A.; ELMAN, C. Case Study Methods in the International Relations Subfield. Comparative Political Studies, v. 40, n. 2, p. 170–195, fev. 2007. DOI: https://doi.org/10.1177/0010414006296346

BURGES, S. Seria o Itamaraty um problema para a política externa brasileira? Política Externa, v. 21, n. 3, 2012.

BURGES, S. W.; CHAGAS BASTOS, F. H. The importance of presidential leadership for Brazilian foreign policy. Policy Studies, v. 38, n. 3, p. 277–290, 2017. DOI: https://doi.org/10.1080/01442872.2017.1290228

CAPOCCIA, G. Critical Junctures. Em: FIORETOS, K.-O.; FALLETI, T. G.; SHEINGATE, A. D. (Eds.). The Oxford handbook of historical institutionalism. First published in paperback ed. Oxford New York: Oxford University Press, p. 91–106, 2018.

CASARÕES, G. “O tempo é o senhor da razão”? a política externa do governo Collor, vinte anos depois. Doutorado em Ciência Política—São Paulo: Universidade de São Paulo, 1 dez. 2014.

CASARÕES, G. O Brasil nas ruas e longe do mundo: como a crise político-econômica levou ao colapso da política externa brasileira. Aisthesis, n. 70, p. 439–473, 2021. DOI: https://doi.org/10.7764/Aisth.70.19

CASARÕES, G.; FARIAS, D. Brazilian foreign policy under Jair Bolsonaro: far-right populism and the rejection of the liberal internation-al order. Cambridge Review of International Affairs, p. 1–21, 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/09557571.2021.1981248

CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DAS NAÇÕES UNIDAS. Regular Sessions. 2023. Disponível em: <https://www.ohchr.org/en/hr-bodies/hrc/regular-sessions>. Acesso em: 5 abr. 2023.

CORPORACIÓN LATINOBARÓMETRO. Latinobarómetro. 2020. Disponível em: <https://www.latinobarometro.org/lat.jsp>. Acesso em: 4 abr. 2023.

DANESE, S. F. Diplomacia presidencial: história e crítica. 2a ed. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2017.

FARIA, C. A. P. Opinião pública e política externa: insulamento, politização e reforma na produção da política exterior do Brasil. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 51, n. 2, p. 80–97, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-73292008000200006

FARIA, C. A. P. O Itamaraty e a política externa brasileira: do insulamento à busca de coordenação dos atores governamentais e de cooperação com os agentes societários. Contexto Internacional, v. 34, n. 1, p. 311–355, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-85292012000100009

FARIA, C. A. Política externa brasileira: formulação, implementação e avaliação. Porto Alegre: Editora UFRGS/CEGOV, 2021.

GODDARD, S. E. Embedded Revisionism: Networks, Institutions, and Challenges to World Order. International Organization, v. 72, n. 4, p. 763–797, 2018. DOI: https://doi.org/10.1017/S0020818318000206

GUIMARÃES, F.; SILVA, I. D. Far-right populism and foreign policy identity: Jair Bolsonaro’s ultra-conservatism and the new politics of alignment. International Affairs, v. 97, n. 2, p. 345–363, 2021. DOI: https://doi.org/10.1093/ia/iiaa220

LAMPREIA, L. F. A política externa do governo FHC: continuidade e renovação. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 41, n. 2, p. 5–17, 1998. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-73291998000200001

LAPOP LAB. The Americas Barometer. 2023. Disponível em: <https://www.vanderbilt.edu/lapop/>. Acesso em: 15 jun. 2023.

LOURES, D.; REIS, J. Os 100 dias da política externa brasileira durante o governo Lula III. Boletim OPSA, n. 1, p. 9–17, 2023.

MALAMUD, A. A Leader Without Followers? The Growing Divergence Between the Regional and Global Performance of Brazilian Foreign Policy. Latin American Politics and Society, v. 53, n. 3, p. 1–24, 2011a. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1548-2456.2011.00123.x

MALAMUD, A. La política externa de Dilma Rousseff: ¿menos de lo mismo? Iberoamericana, v. XI, n. 41, p. 174–179, 2011b.

MARTINEZ, Y. Integração regional na onda rosa : entendendo a UNASUL a partir de seu regime internacional regional (RIR). Dissertação (Mestrado)—Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 20 fev. 2020.

MESQUITA, R. Rising Powers Diplomatic Network (RPDN). Harvard Dataverse, 2019. Disponível em: <https://dataverse.harvard.edu/citation?persistentId=doi:10.7910/DVN/5FISNQ>. Acesso em: 23 set. 2022.

MILANI, C. R. S.; PINHEIRO, L. Política externa brasileira: os desafios de sua caracterização como política pública. Contexto Interna-cional, v. 35, n. 1, p. 11–41, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-85292013000100001

OLIVEIRA, A. J. DE. O governo do PT e a Alca: política externa e pragmatismo. Estudos Avançados, v. 17, n. 48, p. 311–329, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000200023

PEREIRA, C.; MUELLER, B. Comportamento Estratégico em Presidencialismo de Coalizão: As Relações entre Executivo e Legislativo na Elaboração do Orçamento Brasileiro. Dados, v. 45, n. 2, p. 265–301, 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582002000200004

PUTNAM, R. D. Diplomacy and domestic politics: the logic of two-level games. International Organization, v. 42, n. 3, p. 427–460, 1988. DOI: https://doi.org/10.1017/S0020818300027697

RICUPERO, R. A diplomacia na construção do Brasil: 1750-2016. 1a edição [atualizada]. Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017.

RIGGIROZZI, P.; TUSSIE, D. The Rise of Post-Hegemonic Regionalism in Latin America. Em: RIGGIROZZI, P.; TUSSIE, D. (Eds.). The Rise of Post-Hegemonic Regionalism. Dordrecht: Springer Netherlands, 2012. p. 1–16. DOI: https://doi.org/10.1007/978-94-007-2694-9_1

ROTBERG, R. I. (ED.). China into Africa: trade, aid, and influence. Washington, D.C: Brookings Institution Press, 2008.

SANTOS, V.; BELÉM LOPES, D.; Confirmação: o Lugar do Senado Federal na Política Externa Brasileira da Nova República. Dados, v. 66, n. 4, 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/dados.2023.66.4.290

SARAIVA, M. G. South America at the core of Brazilian foreign policy during Bolsonaro’s administration (2019-2022). Revista Brasilei-ra de Política Internacional, v. 65, n. 2, 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7329202200224

SARAIVA, M.; ALBUQUERQUE, F. Como mudar uma política externa? CEBRI Revista, v. 1, n. 1, p. 148–166, 2022.

SARAIVA, M.; GOMES, Z. Os limites da Política Externa de Dilma Rousseff para a América do Sul. Relaciones Internacionales, v. 25, n. 50, p. 81–97, 2016.

SCHENONI, L.; CARVALHO, T. Lula Is Back on the International Stage, or Is He? E-International Relations, 5 dez. 2022. Disponível em: <https://www.e-ir.info/2022/12/05/lula-is-back-on-the-international-stage-or-is-he/>. Acesso em: 3 abr. 2023.

SCHENONI, L. L.; RIBEIRO, P. BELÉM LOPES, D.; CASARÕES, G. Myths of Multipolarity: The Sources of Brazil’s Foreign Policy Over-stretch. Foreign Policy Analysis, v. 18, n. 1, 10 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.1093/fpa/orab037

SCHENONI, L. L.; LEIVA, D. Dual Hegemony: Brazil Between the United States and China. Em: BÖLLER, F.; WERNER, W. (Eds.). Heg-emonic Transition. Cham: Springer International Publishing, p. 233–255, 2021. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-74505-9_12

SOARES DE LIMA, M. R. A dialética da política externa de Lula 3.0. CEBRI Revista, v. 2, n. 5, p. 79–95, 2023.

TOURINHO, M.; STUENKEL, O.; BROCKMEIER, S. “Responsibility while Protecting”: Reforming R2P Implementation. Global Society, v. 30, n. 1, p. 134–150, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/13600826.2015.1094452

TRUE, J.; JONES, B.; BAUMGARTNER, F. Punctuated-Equilibrium Theory: Explaining Stability and Change in Public Policymaking. Em: SABATIER, P. A. (Ed.). Theories of the policy process. 2nd ed. Boulder, Colo: Westview Press, 2007. p. 155–188.

VIGEVANI, T.; CEPALUNI, G. A política externa de Lula da Silva: a estratégia da autonomia pela diversificação. Contexto Internacio-nal, v. 29, n. 2, p. 273–335, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-85292007000200002

VIGEVANI, T.; OLIVEIRA, M. F. DE; CINTRA, R. Política externa no período FHC: a busca de autonomia pela integração. Tempo Social, v. 15, n. 2, p. 31–61, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-20702003000200003

ZANELLA, C. K.; MATEUS ROBBI, A. Onde estão elas? As mulheres na política externa brasileira a partir da análise dos discursos do país em sessões de abertura da Reunião Anual da Assembleia Geral das Nações Unidas de 1946 a 2015. Mural Internacional, v. 13, 2022. DOI: https://doi.org/10.12957/rmi.2022.68290

Downloads

Publicado

2023-11-30

Como Citar

Carvalho, T. (2023). Uma política mais estratégica? Perspectivas para a política externa de Lula III. Conjuntura Austral, 14(68), 135–149. https://doi.org/10.22456/2178-8839.133369

Edição

Seção

Dossiê: os 100 primeiros dias da política externa do novo Governo Lula

Artigos Semelhantes

<< < 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.