Política externa, burguesia interna e a crise política nos governos Dilma (2011-2016)

Autores

  • Tatiana Berringer Professora de Relações Internacionais na UFABC

DOI:

https://doi.org/10.22456/2178-8839.132078

Palavras-chave:

Política externa brasileira; Análise de política externa; Dilma Rousseff; Burguesia brasileira; Nicos Poulantzas.

Resumo

O objetivo do artigo é analisar a política externa dos governos de Dilma Roussef (2011-2016) e os interesses da burguesia interna na crise política do impeachment. Utiliza o arcabouço teórico do marxista Nicos Poulantzas, especialmente a ideia de burguesia interna. Realiza uma pesquisa empírica de análise dos documentos de posição das associações empresariais, especialmente, da Fiesp, CNI e CNA. Diferentemente de parte da bibliografia que aponta críticas ao perfil da mandatária, se comparado ao governo Lula, defende-se que a diminuição do protagonismo do Estado brasileiro na cena política internacional e os resultados econômicos mais baixos decorreram da crise financeira nos EUA em 2008, das mudanças na política internacional com a ascensão da China e o acirramento do conflito entre EUA e China, e a crise política doméstica. Não foi uma alteração da estratégia da política externa da mandatária em relação ao seu antecessor. Os documentos analisados demonstram que a partir de 2012 a burguesia interna brasileira rompeu com a frente política neodesenvolvimentista que dava apoio aos governos PT e aliou-se à frente neoliberal ortodoxa passando a criticar a política externa e defender a mudança na inserção internacional do Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tatiana Berringer, Professora de Relações Internacionais na UFABC

Professora de Relações Internacionais na UFABC. Doutora e mestre em Ciência Política pela Unicamp. Bacharel em Relações Internacionais pela Unesp. Autora do livro "A burguesia brasileira e a política externa nos governos FHC e Lula"

Referências

ALLISON, G. Modelos conceituais e a crise dos mísseis de Cuba. In: BRAILLARD, Philippe (org.). Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990.

AMORIM, C.; PRONER, C. Lawfare e geopolítica: América Latina em foco. Sul Global, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 16-33, 2022. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/sg/article/view/49297.

BARROS, L. O. Crise política, política externa e a alta classe média brasileira em 2016: reflexões sobre a ideologia americanista. 2022. 125 f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, 2022.

BERRINGER, T. A burguesia brasileira e a política externa nos governos FHC e Lula. Curitiba: Appris, 2015. DOI: https://doi.org/10.18366/tb.3006.2017

BERRINGER, T. A burguesia interna brasileira e a integração regional da América do Sul (1991-2016). OIKOS, v. 16, p. 15-29, 2017.

BERRINGER, T.; BELASQUES, B. As relações Brasil-China nos governos Lula e Dilma. Carta Internacional, v. 15, p. 151-173, 2020. DOI: https://doi.org/10.21530/ci.v15n3.2020.1078

BERRINGER, T. The Neodevelopmentalist Front and Mercosur under the PT Governments: The Rise and Fall of Multidimensional Regionalism. Latin American Perspectives, v. 3, p. 111-127, 2021. DOI: https://doi.org/10.1177/0094582X211029308

BOITO JÚNIOR, A. A nova burguesia nacional no poder. In: BOITO Jr., A; GALVÃO, A. (orgs.). Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000. São Paulo: Alameda Editorial, p. 69-106, 2012.

BOITO JÚNIOR, A. A crise política do neodesenvolvimentismo e a instabilidade política da democracia. Crítica Marxista, n. 42, 2016. DOI: https://doi.org/10.53000/cma.v23i42.19245

BOITO JÚNIOR, A. Reforma e Crise Política no Brasil: os Conflitos de Classe nos Governos do PT. 1ª edição. São Paulo: Editora UNICAMP/Editora UNESP, 2018.

BRASIL. Dilma Rousseff (2011-2016: Dilma Vana Rousseff). Discurso da Presidenta da República por ocasião do Debate Geral da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Nova York, 21 set. 2011.

CEBC. Investimentos chineses no Brasil (2014-2015). 2016. Disponível em: https://cebc.org.br/2017/07/12/investimentos-chineses-no-brasil-2014-2015/. Acesso em: 02 de set. 2020.

CERVO, A.; LESSA, A. C. O declínio: inserção internacional do Brasil (2011-2014). Revista Brasileira de Política Internacional, v. 57, n. 2, p. 133-151, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7329201400308. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7329201400308

CNA. O que esperamos do próximo presidente 2015-2018. 2014. Disponível em: https://pt.slideshare.net/BeefPoint/o-que-esperamos-do-prximo-presidente-web. Acesso em: 11 de out. 2021.

CNI. Acordos comerciais – uma agenda para a indústria brasileira. 2014. Disponível em: http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2014/07/22/474/V30_Acordoscomerciais_web.pdf.

CODATO, A. Poulantzas, o Estado e a revolução. Revista Crítica Marxista, São Paulo, v. 27, p. 65-85, 2008. DOI: https://doi.org/10.53000/cma.v15i27.19444

CORNETET, J. M. A Política Externa De Dilma Rousseff: Contenção Na Continuidade. Revista Conjuntura Austral, Porto Alegre, v. 5, n. 24, p. 111-150, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.22456/2178-8839.47628 DOI: https://doi.org/10.22456/2178-8839.47628

COSTA, K. Burguesias, Estado e regionalismo: uma análise do Mercosul. 2021. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais), Universidade Federal do ABC, Santo André, 2021.

FIESP. Documento de posição. Proposta de integração externa da indústria. 2014.

GRANATO, L. Brasil, Argentina e os rumos da integração: Mercosul e a UNASUL. Curitiba: Appris, 2015. DOI: https://doi.org/10.18366/lg.0906.2017

HERMANN, C. Changing course: When governments choose to redirect foreign policy. International Studies Quartely, n. 32, p. 3-21, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2600403. DOI: https://doi.org/10.2307/2600403

LIMA, M. R. S. A Agência Da Política Externa Brasileira: Uma Análise Preliminar. In: DESIDERÁ NETO, W.; FLORENCIO, S.B.L.; RAMAZINI JUNIOR, H.; SILVA FILHO, E.B. (orgs.). Política Externa Brasileira em debate: dimensões e estratégias de inserção no pós-crise de 2008. Brasília: FUNAG, IPEA, 2018.

OLIVEIRA, A. J. O governo do PT e a Alca: política externa e pragmatismo. Estudos avançados, v. 48, n. 17, p. 311-329, 2003. https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000200023. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000200023

OLIVEIRA, G. Política africana do Brasil: mudança entre Lula e Dilma?. Revista Conjuntura Austral, Porto Alegre, v. 6, n. 29, p. 33-47, abr./mai. 2015. DOI: https://doi.org/10.22456/2178-8839.51761

PECEQUILO, C. As relações Brasil-Estados Unidos no governo Dilma Rousseff. Austral, v. 3, n. 6, p. 11-36, 2014. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/austral/article/download/49932/33163. DOI: https://doi.org/10.22456/2238-6912.49932

PEREIRA, R. O valor do Mercosul. Política Externa. v. 22, n. 3, 2014.

POULANTZAS, N. Poder político e classes sociais. Campinas: Editora Unicamp, 2019.

POULANTZAS, N. Classes sociais no capitalismo de hoje. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

POULANTZAS, N. O Estado, o poder e o socialismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

PUTNAM, R. Diplomacia e política doméstica: a lógica dos jogos de dois níveis. Revista de Sociologia e Política, v. 18, n. 36, p. 147-174, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-44782010000200010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-44782010000200010

RODRIGUES, P.; URDINEZ, F.; OLIVEIRA, A. Measuring international engagement: systemic and domestic factors in Brazilian foreign policy from 1998 to 2014. Foreign Policy Analysis. v. 15, n. 3, p. 370-391, 2019. DOI: https://doi.org/10.1093/fpa/orz010

ROSE, G. Neoclassical Realism and Theories of Foreign Policy. World Politics, v. 51, n. 1, p. 144-172, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S0043887100007814. DOI: https://doi.org/10.1017/S0043887100007814

RIEDIGER, B. F. A posição brasileira frente ao conflito na Síria (2011-2013). Revista Conjuntura Austral, v. 4, n. 20, p. 35-52, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/2178-8839.43390

SCHUTTE, G. Oásis para o capital – Solo fértil para a “corrida de ouro”: a dinâmica dos investimentos produtivos chineses. Curitiba: Editora Appris, 2020. DOI: https://doi.org/10.18366/grsc.1811.2020

SINGER, A. O lulismo em crise: um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016). São Paulo: Cia das letras, 2018.

SOARES, A. Paraguai 2012: o papel do Brasil e a ação da Unasul. 2016. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – PPGRI San Tiago Dantas, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2016.

VALLE, A. Capital financeiro, frações de classe e a crise política de 2015-16. In: VALLE, A.; NARCISO, P. (orgs.). A Burguesia brasileira em ação: de Lula a Bolsonaro. Florianópolis: Enunciado Publicações, 2021.

VASCONCELOS, J. A Agenda Regulatória dos BRICS. Belo Horizonte: Editora Dialética, 2020.

VIGEVANI, T.; CEPALUNI, G. A Política Externa Brasileira: busca de autonomia, de Sarney a Lula. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

Downloads

Publicado

2023-08-13

Como Citar

Berringer, T. (2023). Política externa, burguesia interna e a crise política nos governos Dilma (2011-2016). Conjuntura Austral, 14(67), 44–56. https://doi.org/10.22456/2178-8839.132078

Edição

Seção

ARTIGOS