Melanoma amelanótico em cavidade oral de uma canina

Autores

  • Lucas Frohlich Lauxen Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0000-0003-3606-0745
  • Catherine Dall'Agnol Krause Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0000-0001-7369-1939
  • Beatriz Lopes Simão Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0000-0002-7421-7654
  • Alice Faé Obelar Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0009-0006-8911-6991
  • Bruna Pioner de Jesus Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0009-0004-3031-6070
  • Mariana Immich Hospital Veterinário Primavera, Estância Velha, RS. https://orcid.org/0009-0008-7083-9019
  • Sabrina Denise Marques Pacheco Hospital Veterinário Primavera, Estância Velha, RS. https://orcid.org/0009-0006-0432-8363
  • Ana Carolina Barreto Coelho Faculdade de Medicina Veterinária, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brazil. https://orcid.org/0000-0002-5047-7363

DOI:

https://doi.org/10.22456/1679-9216.143234

Palavras-chave:

Diagnóstico, Histopatologia, Imuno-histoquímica, Tumores melanocíticos

Resumo

Background: Os melanomas, tumores melanocíticos malignos, são frequentes em cães. Acometem junções muco cutâneas e cavidade oral, especialmente gengiva. Tem predisposição por animais idosos, por algumas raças e por mucosas mais escuras. A principal característica dos melanomas é a pigmentação, que pode variar em diversos graus, mas, nos melanomas amelanóticos, há ausência de pigmento, o que pode induzir um diagnóstico errôneo. A histopatologia, preferencialmente junto à imuno-histoquímica, levam ao diagnóstico definitivo. O tratamento é cirúrgico e pode ser associado a quimioterapias, mas o prognóstico é desfavorável. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de melanoma amelanótico em um canino.

 

Case: Uma canina, fêmea, sem raça definida, com aproximadamente 11 anos de idade, castrada, foi atendida com queixa principal de mau cheiro e sangramento em cavidade oral por cerca de dois meses. Havia uma massa, de aproximadamente cinco cm no seu maior eixo e de coloração rosada, na face dorsal da língua. Foi indicado procedimento de nodulectomia e diversos exames pré-operatórios. Não foram observadas opacificações em radiografia torácica. A nodulectomia foi realizada e o material coletado foi acondicionado em formalina a 10%. A histopatologia evidenciou células poligonais com limites citoplasmáticos moderadamente distintos, citoplasma eosinofílico e moderado, caracterizando uma neoplasia indiferenciada. Os núcleos eram redondos a ovais com cromatina finamente arranjada e nucléolos conspícuos, únicos a duplos e magenta. O pleomorfismo celular e nuclear era moderado a acentuado. A contagem mitótica foi de 22. Haviam ínfimas células multinucleadas. Observaram-se algumas áreas de necrose no centro dos ninhos, além de ulceração do epitélio superficial. O resultado foi sugestivo de melanoma amelanótico ou carcinoma pouco diferenciado, sendo assim necessário outro exame para diferenciação. Foi realizado o exame de imuno-histoquímica com o anticorpo Melan-A, com marcação positiva de 65% das células neoplásicas, estabelecendo o diagnóstico definitivo de melanoma amelanótico em cavidade oral. A paciente passou por consulta com um especialista oncológico, que estabeleceu o prognóstico como reservado e prescreveu terapia metronômica. Passado um mês, foram observadas opacificações nodulares em campos pulmonares, sugestivas de metástase pulmonar, em radiografia de tórax. Foi relatada dificuldade respiratória e de alimentação, com diminuição na qualidade de vida, então optou-se pela eutanásia da paciente.

 

Discussion: O diagnóstico de melanoma amelanótico foi estabelecido com base nos sinais clínicos, lesões macroscópicas e histopatológicas e ensaio imuno-histoquímico. Em cães, neoplasias melanocíticas são frequentes em cavidade oral. No presente relato, a neoplasia estava localizada na base da língua, local menos comum quando comparado a gengiva. A faixa etária de 11 anos corrobora com a de maior predisposição e os sinais clínicos apresentados, halitose e sangramento oral, são descritos na literatura. O diagnóstico de melanoma amelanótico pode ser desafiador e, segundo a literatura, é mais preciso quando associadas a histopatologia com a imuno-histoquímica. O melanoma apresenta prognóstico reservado a desfavorável, sendo necessário efetuar o estadiamento do paciente. No presente caso, a paciente apresentou indicativo de metástase pulmonar após um mês, tendo piora do quadro e demostrando o quanto o melanoma amelanótico é agressivo, levando a baixa sobrevida após remoção e a alta taxa de mortalidade relatada na literatura. A idade avançada dos pacientes e as mucosas mais escuras são fatores que influenciam na aparência dos melanomas em cães. O melanoma é uma neoplasia muito agressiva quando localizada na cavidade oral nesta espécie, geralmente causando metástase e afetando assim a qualidade de vida dos pacientes, um fator importante para a escolha da eutanásia.

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Referências

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Arquivos adicionais

Publicado

2025-07-25

Como Citar

Frohlich Lauxen, L., Dall’Agnol Krause, C., Lopes Simão, B., Faé Obelar , A., Pioner de Jesus, B., Immich, M., … Barreto Coelho, A. C. (2025). Melanoma amelanótico em cavidade oral de uma canina. Acta Scientiae Veterinariae, 53. https://doi.org/10.22456/1679-9216.143234

Edição

Seção

Case Report

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