Melanoma amelanótico em cavidade oral de uma canina
DOI:
https://doi.org/10.22456/1679-9216.143234Palavras-chave:
Diagnóstico, Histopatologia, Imuno-histoquímica, Tumores melanocíticosResumo
Background: Os melanomas, tumores melanocíticos malignos, são frequentes em cães. Acometem junções muco cutâneas e cavidade oral, especialmente gengiva. Tem predisposição por animais idosos, por algumas raças e por mucosas mais escuras. A principal característica dos melanomas é a pigmentação, que pode variar em diversos graus, mas, nos melanomas amelanóticos, há ausência de pigmento, o que pode induzir um diagnóstico errôneo. A histopatologia, preferencialmente junto à imuno-histoquímica, levam ao diagnóstico definitivo. O tratamento é cirúrgico e pode ser associado a quimioterapias, mas o prognóstico é desfavorável. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de melanoma amelanótico em um canino.
Case: Uma canina, fêmea, sem raça definida, com aproximadamente 11 anos de idade, castrada, foi atendida com queixa principal de mau cheiro e sangramento em cavidade oral por cerca de dois meses. Havia uma massa, de aproximadamente cinco cm no seu maior eixo e de coloração rosada, na face dorsal da língua. Foi indicado procedimento de nodulectomia e diversos exames pré-operatórios. Não foram observadas opacificações em radiografia torácica. A nodulectomia foi realizada e o material coletado foi acondicionado em formalina a 10%. A histopatologia evidenciou células poligonais com limites citoplasmáticos moderadamente distintos, citoplasma eosinofílico e moderado, caracterizando uma neoplasia indiferenciada. Os núcleos eram redondos a ovais com cromatina finamente arranjada e nucléolos conspícuos, únicos a duplos e magenta. O pleomorfismo celular e nuclear era moderado a acentuado. A contagem mitótica foi de 22. Haviam ínfimas células multinucleadas. Observaram-se algumas áreas de necrose no centro dos ninhos, além de ulceração do epitélio superficial. O resultado foi sugestivo de melanoma amelanótico ou carcinoma pouco diferenciado, sendo assim necessário outro exame para diferenciação. Foi realizado o exame de imuno-histoquímica com o anticorpo Melan-A, com marcação positiva de 65% das células neoplásicas, estabelecendo o diagnóstico definitivo de melanoma amelanótico em cavidade oral. A paciente passou por consulta com um especialista oncológico, que estabeleceu o prognóstico como reservado e prescreveu terapia metronômica. Passado um mês, foram observadas opacificações nodulares em campos pulmonares, sugestivas de metástase pulmonar, em radiografia de tórax. Foi relatada dificuldade respiratória e de alimentação, com diminuição na qualidade de vida, então optou-se pela eutanásia da paciente.
Discussion: O diagnóstico de melanoma amelanótico foi estabelecido com base nos sinais clínicos, lesões macroscópicas e histopatológicas e ensaio imuno-histoquímico. Em cães, neoplasias melanocíticas são frequentes em cavidade oral. No presente relato, a neoplasia estava localizada na base da língua, local menos comum quando comparado a gengiva. A faixa etária de 11 anos corrobora com a de maior predisposição e os sinais clínicos apresentados, halitose e sangramento oral, são descritos na literatura. O diagnóstico de melanoma amelanótico pode ser desafiador e, segundo a literatura, é mais preciso quando associadas a histopatologia com a imuno-histoquímica. O melanoma apresenta prognóstico reservado a desfavorável, sendo necessário efetuar o estadiamento do paciente. No presente caso, a paciente apresentou indicativo de metástase pulmonar após um mês, tendo piora do quadro e demostrando o quanto o melanoma amelanótico é agressivo, levando a baixa sobrevida após remoção e a alta taxa de mortalidade relatada na literatura. A idade avançada dos pacientes e as mucosas mais escuras são fatores que influenciam na aparência dos melanomas em cães. O melanoma é uma neoplasia muito agressiva quando localizada na cavidade oral nesta espécie, geralmente causando metástase e afetando assim a qualidade de vida dos pacientes, um fator importante para a escolha da eutanásia.
Downloads
Referências
Colombo K.C., Lima D.A., Rossi L.A., Bianchi M.M. & Sapin C.F. 2022. Oral cavity melanoma in dogs: epidemiological, clinical and pathological characteristics. Research, Society and Development. 11(13): e230111335332. DOI: 10.33448/rsd-v11i13.35332
Lopes A.L., Souto E.P.F., Oliveira L.N., Carneiro R.S., Toledo G.N., Galiza G.J.N. & Dantas A.F.M. 2022. Melanoma in Dogs in the Backlands of Northeastern Brazil - Epidemiology, Risk Factors and Clinicopathological Findings. Acta Scientiae Veterinariae. 50: 1878. DOI: 10.22456/1679-9216.123666
Moreira M.I., Rodrigues M.C., Silva F.L., Araújo B.M., Gomes M.S., Liarte A.S. & Nunes M.H. 2017. Melanoma amelanótico oral em cão jovem: Relato de caso. Pubvet. 11(12): 1233-38. DOI: 10.22256/PUBVET.V11N12.1233-1238
Ohsie S.J., Sarantopoulos G.P., Cochran A.J. & Binder S.W. 2008. Immunohistochemical characteristics of melanoma. Journal of Cutaneous Pathology. 35(5): 433-444. DOI: 10.1111/j.1600-0560.2007.00891.x
Pazzi P., Steenkamp G. & Rixon A.J. 2022. Treatment of Canine Oral Melanomas: A Critical Review of the Literature. Veterinary Sciences. 9(5): 196. DOI: 10.3390/vetsci9050196
Polton G., Borrego J.F., Clemente-Vicario F., Clifford C.A., Jagielski D., Kessler M., Kobayashi T., Lanore D., Queiroga F.L., Rowe A.T., Vajdovich P. & Bergman P.J. 2024. Melanoma of the dog and cat: consensus and guidelines. Frontiers in Veterinary Science. 11: 1359426. DOI: 10.3389/fvets.2024.1359426
Requicha J.F., Pires M.A., Albuquerque C.M. & Viegas C.A. 2015. Canine oral cavity neoplasias - Brief review. Brazilian Journal of Veterinary Medicine. 37(1): 41-46.
Rolim V.M., Casagrande R.A., Watanabe T.T., Wouters A.T., Wouters F., Sonne L. & Driemeier D. 2012. Melanoma amelanótico em cães: estudo retrospectivo de 35 casos (2004-2010) e caracterização imuno-histoquímica. Pesquisa Veterinária Brasileira. 32(4): 340-346. DOI: 10.1590/S0100-736X2012000400011
Sulaimon S.S., Kitchell B.E. & Ehrhart E.J. 2002. Immunohistochemical detection of melanoma-specific antigens in spontaneous canine melanoma. Journal of Comparative Pathology. 127(2-3): 162-168. DOI: 10.1053/jcpa.2002.0576
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Lucas Frohlich Lauxen, Catherine Dall'Agnol Krause, Beatriz Lopes Simão, Alice Faé Obelar , Bruna Pioner de Jesus, Mariana Immich, Sabrina Denise Marques Pacheco, Ana Carolina Barreto Coelho

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
This journal provides open access to all of its content on the principle that making research freely available to the public supports a greater global exchange of knowledge. Such access is associated with increased readership and increased citation of an author's work. For more information on this approach, see the Public Knowledge Project and Directory of Open Access Journals.
We define open access journals as journals that use a funding model that does not charge readers or their institutions for access. From the BOAI definition of "open access" we take the right of users to "read, download, copy, distribute, print, search, or link to the full texts of these articles" as mandatory for a journal to be included in the directory.
La Red y Portal Iberoamericano de Revistas Científicas de Veterinaria de Libre Acceso reúne a las principales publicaciones científicas editadas en España, Portugal, Latino América y otros países del ámbito latino