Avaliação clínico-patológica e imuno-histoquímica de um caso de leiomiossarcoma esplênico primário em cão
DOI:
https://doi.org/10.22456/1679-9216.132850Palavras-chave:
baço, Imuno-histoquímica, músculo liso, neoplasia esplênica, tumores estromaisResumo
Background: O leiomiossarcoma é uma neoplasia maligna de origem mesenquimal, comumente localizada no útero e no trato gastrointestinal. Sua ocorrência no baço, de forma primária, é considerada rara, correspondendo 4% de incidência. O diagnóstico deve ser realizado através da anamnese, sinais clínicos e exames complementares. A imuno-histoquímica é o exame padrão ouro para o diagnóstico definitivo. O objetivo deste trabalho é relatar um cão acometido por leiomiossarcoma esplênico primário, enfatizando a importância do exame imuno-histoquímica para conclusão de diagnóstico e escolha de um tratamento ideal.
Case: Um cão da raça Labrador, macho, com aproximadamente 10 anos de idade, foi atendido por apresentar hiporexia, constipação e quadros esporádicos de êmese há quatro dias. Ao exame físico, o paciente apresentou um escore de condição corporal 9, sendo 1 extremamente magro e 9 obeso, algia abdominal durante a palpação, desidratação de 5%, apatia e abdômen levemente distendido. Foram solicitados exames radiográfico e ultrassonográfico para avaliação dos órgãos torácicos e abdominais. Diante dos resultados, o paciente foi encaminhado para internação, com finalidade de restabelecer sua hidratação e em seguida realizar uma celiotomia mediana e orquiectomia. Como exames pré-operatórios foram solicitados hemograma e bioquímica sérica. Na avaliação laboratorial, o hemograma revelou anemia normocítica normocrômica, trombocitose, níveis elevados de proteína total plasmática e neutrofilia. Na avaliação da bioquímica sérica observou-se aumento da atividade da enzima aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (FA) e ureia. Na ultrassonografia visualizou-se uma massa localizada no baço, de textura grosseira, com dimensões de 7,03x7,86 cm. No exame radiográfico, na projeção latero-lateral direita do tórax, visualizou-se compressão do diafragma por uma estrutura arredonda radiopaca, projetando-se cranialmente, ultrapassando o 7° espaço intercostal, e na projeção ventro-dorsal torácica, ausência de achados radiográficos sugestivos de nódulos ou massas pulmonares. O exame histopatológico, realizado após a remoção total da massa, revelou sarcoma miofibroblastico moderadamente diferenciado. No entanto, para confirmação do diagnóstico, o exame imuno-histoquímico, revelou imunorreatividade à Vimentina (V9) e Actina de músculo liso (1A4), conclusivo para leiomiossarcoma.
Discussion: O leiomiossarcoma tem característica de se desenvolver silenciosamente, não manifestar sinais clínicos ou apresentar sinais clínicos inespecíficos, dependendo de onde está inserido. Pacientes com tumores estromais podem manifestar anorexia, vômitos, polidipsia, letargia, fraqueza, perda de peso, abdômen aumentado e algia abdominal, coincidindo parcialmente com este caso. Além disso, pelo aumento do tamanho do baço, pode ocorrer deslocamento visceral adjacente provocando sinais de dor abdominal, vômito e constipação, compatível com o caso em questão. O diagnóstico de leiomiossarcoma pode ser realizado através da anamnese, exame físico e exames complementares, principalmente imuno-histoquímica, o qual demonstrou ser de suma importância para diagnóstico definitivo deste paciente. As alterações nos exames laboratoriais são consequentes à neoplasia, seu local de inserção e o quadro clínico apresentado pelo paciente. A ressecção cirúrgica em casos de neoplasia representa uma modalidade terapêutica antiga, todavia, eficiente e capaz de interferi no desenvolvimento da neoplasia, além disso, a indicação de esplenectomia total se baseia no nível de comprometimento do órgão pela massa. Diante da dificuldade para avaliação da sua histogênese, o imuno-histoquímica demonstrou ser necessário para fechamento do diagnóstico, apresentando células neoplásicas imunorreativas para Vimentina e Actina, além de positividade para antígeno de proliferação celular, possibilitando o diagnóstico de leiomiossarcoma.
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