Gerencialismo e dispersão de poder na relação Estado-educação: as traduções e os hibridismos do caso brasileiro

Autores

  • Iana Gomes de Lima
  • Luís Armando Gandin

DOI:

https://doi.org/10.21573/vol33n32017.79305

Palavras-chave:

dispersão de poder, gerencialismo, educação, Estado.

Resumo

Este texto tem como objetivo analisar a presença do gerencialismo no Estado brasileiro, examinando, em particular, uma de suas características centrais: a dispersão de poder. Na construção de nossa argumentação, nos utilizamos da contribuição de John Clarke e Janet Newman para o entendimento do gerencialismo e da dispersão de poder (1997; 2009), detalhando as premissas dessa concepção, que eles definem não apenas como uma forma de administração, mas como mudança cultural. O artigo mostra que a dispersão de poder se faz presente na relação entre Estado e educação no Brasil, mas examina também como uma das premissas de Clarke e Newman – a de que há sempre um processo de tradução e não mera transposição de concepções dominantes sobre como o Estado deve se organizar – está presente no caso brasileiro. Através da análise de casos concretos da política educacional brasileira, essa presença do gerencialismo “traduzido” é documentada.

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Biografia do Autor

Iana Gomes de Lima

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado) da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).

Luís Armando Gandin

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação e da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

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Publicado

2017-12-31

Como Citar

Lima, I. G. de, & Gandin, L. A. (2017). Gerencialismo e dispersão de poder na relação Estado-educação: as traduções e os hibridismos do caso brasileiro. Revista Brasileira De Política E Administração Da Educação - Periódico científico Editado Pela ANPAE, 33(3), 729–749. https://doi.org/10.21573/vol33n32017.79305

Edição

Seção

Dossiê: A Nova Gestão Pública no contexto escolar: internacionalização de uma agenda para a educação do século XXI