Weird sisters: adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
Abstract
Partindo de uma abordagem dos fenômenos adaptativos como essencialmente tradutórios e, nesse sentido, análogos à própria compreensão (Steiner, 1975), o presente trabalho destaca a interdependência e interpenetração de textos em diferentes linguagens e sistemas semióticos e, em última instância, seu impacto sobre os polissistemas culturais e literários (Even- Zohar, 2010). Demonstra-se, assim, que a própria natureza dos polissistemas literários é intrinsicamente convergente e transmidiática (Jenkins, 2006). A partir de uma abordagem sistêmica e tomando tais conceitos por aporte teórico, este trabalho tem como objeto de estudo a representação personificada do Destino por meio das Weird Sisters, ou As Três Bruxas, da peça Macbeth, de William Shakespeare (1623), a qual adapta a figura clássica das Moiras, divindades que tecem o destino. Sendo ele próprio um comparatista avant la lettre, uma vez que boa parte de seus enredos e personagens são apropriações de textos anteriores, Shakespeare configura-se como catalisador dessa nova representação do Destino personificado. Dada a relevância e centralidade do texto shakespeariano no cânone literário ocidental, no entanto, essa representação teatral firma-se, ela própria, como a imagem canônica e como corporificação do arquétipo da divindade tripla. Ao sedimentar e universalizar tal caracterização, o texto shakespeariano empresta a essas descendentes das Moiras um aspecto sinistro, diferentemente daquele registrado em representações plásticas clássicas, bem como um tom de parcialidade em relação à humanidade, contrastando com a imparcialidade das divindades na mitologia clássica. Uma vez consolidado no texto shakesperiano, esse processo adaptativo seria, posterior e paulatinamente, transposto para o cinema, onde se fixa a representação visual do arquétipo em associação com a imagem de bruxas.
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