Sentenças deônticas fixas e episódicas: uma proposta de classificação a partir da leitura dos sistemas deônticos de G.H.Von Wright e Jaakko Hintikka
DOI:
https://doi.org/10.22456/0104-6594.132894Resumo
O presente artigo tem por escopo propor uma classificação das sentenças deônticas formalizadas em dois modelos sintático-semânticos: sentenças deônticas fixas e sentenças deônticas episódicas. A distinção entre os dois tipos irrompe a partir da leitura de dois dos principais sistemas de lógica deôntica contemporânea: o sistema-padrão de G.H.Von Wright e o sistema de Jaakko Hintikka. A classificação é proposta tendo em vista o critério temporal: sentenças deônticas fixas permanecem verdadeiras por tempos indefiníveis dentro de um conjunto de fórmulas lógicas válidas, enquanto sentenças deônticas episódicas são verdadeiras em algum instante de tempo t. Os dois tipos de sentenças deônticas despontam como formulações normativas interpretadas em duas perspectivas diversas de tempo. A formalização lógica de sentenças deônticas fixas e episódicas aporta exigências sintáticas e semânticas próprias, acarretando diferentes combinações entre conceitos normativos, variáveis e modelos predicativos. Os atos humanos e abstenções são também encarados como pontos centrais para a formulação de sentenças deônticas nos dois casos. Impõe-se, assim, a necessidade de se averiguar o posicionamento dos atos humanos em cada uma das duas modalidades de sentenças deônticas. Em sentenças fixas, os tipos de atos são tomados segundo o modelo predicativo em uma sucessão temporal permanente, ao passo que sentenças episódicas consideram os atos como realizações particulares de ações individuais em um instante de tempo determinado. A classificação proposta repercute em diferentes estruturas sintáticas, como é o caso do operador de obrigação, a partir do emprego de verbos como ter, ser e estar.
Downloads
Referências
CASTAÑEDA, Héctor-Neri. On the Semantics of the Ought-to-Do. Synthese, 21, 3/4, Semantics of Natural Language, 1970.
DAVIDSON, Donald. The Logical form of Action Sentences. In: RESCHER, N. (org.). The Logic of Decision and Action. Pittsburgh: University Press, 1967, p. 81-95.
FREGE, Gottlob. Função e Conceito. In: ALCOFORADO, P. (Trad.). Lógica e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Culrix, 1978.
GOMES, Nelson G. Um panorama da Lógica deôntica. Revista Kriterion, Belo Horizonte, vol. 49, n. 117, p. 9-38, jun/2008.
HART, H.L.A. O Conceito de Direito. 2ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994.
HILPINEN, Risto. New Studies in Deontic Logic: Norms, Actions, and the Foundations of Ethics. 1ª ed. London: Springer, 1981.
HINTIKKA, Jaakko. Some main problems of deontic logic. In: HILPINEN, Risto (org.). Deontic Logic: Introductory and Systematic Readings. Dordrecht – Holland: D. Reidel Publishing Co., 1971.
JØRGENSEN, Jørgen. Imperatives and Logic. Leipzig: Erkenntnis, n. 7, 1938.
KRIPKE, Saul. Wittgenstein: a propósito de reglas y linguaje privado. 1ª ed. Madrid: tecnos, 1982.
ŁUKASIEWICZ, Jan. Selected Works. 1ª ed. Amsterdam: North-Holland editora, 1970.
MALLY, Ernst. Grundgesetze des Sollens: elemente der Logik des Willens. 1ª ed. Graz: Leuschner & Lubensky, 1926.
MENGER, Karl. Moral, wille und weltgestaltung: grundlegung zur logik der sitten. 1ª ed. London: Springer, 1934.
MENGER, Karl. A Logic of the Doubtful on Optative and Imperative Logic. In: Selected Papers in Logic and Foundations, Didactics, Economics. Vienna Circle Collection, vol 10. Springer, Dordrecht. https://doi.org/10.1007/978-94-009-9347-1_9 1ª ed. London: Springer, 1939.
MORTARI, Cezar A. Introdução à Lógica. 2ª ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2016.
PRIOR, Arthur N. Worlds, Times and Selves. 1ª ed. London: Duckworth publish., 1977.
QUINE, W.V.O. Word and Object. 1ª ed. Boston: MIT, 2013, 312 páginas.
RODRÍGUEZ, Jorge L. Naturaleza y lógica de las proposiciones normativas. Contribución en homenaje a G. H. Von Wright. Revista Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, Alicante, núm. 26, pp. 87-109, 2003.
ROSETH, Roger. Lectura Super Sententias: Comentários ao Livro de Sentenças de Pedro Lombardo, de data aproximada entre 1335-1337. Em seu conjunto completo, as Lecturas estão preservadas em três manuscritos: (1) Biblioteca Comunale di Assisi, 173 – fols. 1r-61r; (2) Stadsbibliotheek de Bruges, 192, fols. 1r-44v; (3) Biblioteca Apostolica Vaticana, Vat. Lat. 1108 fols. 45r- 52 96r-102v.
ROSS, Alf. Imperatives and Logic. Philosophy of Science, Chicago, v. 11.1, p. 30-46, 1944.
TARSKI, Alfred. A Concepção semântica da Verdade: textos clássicos de Tarski. 1 ed. São Paulo: EdUnesp, 2006.
TAYLOR, Charles. Philosophical Arguments. 1ª ed. Cambridge: Harvard University Press, 1995.
VON WRIGHT, G.H. Norma y Acción: una investigación lógica. 1ª ed. Madrid: tecnos, 1970.
VON WRIGHT, G.H. Deontic logic. Revista Mind, n. s. vol. 60, p. 1-15, 1951.
VON WRIGHT, G.H. An Essay in Modal Logic: Studies in Logic and the Foundations of Mathematics. 1ª ed. Amsterdam: North-Holland Publishing Company, 1951.
VON WRIGHT, G.H. Logical Studies. 1ª ed. New York: Routledge and Kegan Paul, 1957.
VON WRIGHT, G.H. Norm and Action. 1ª ed. New York: Routledge and Kegan Paul, 1963.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A revista reserva os direitos autorais dos textos publicados.
Licença: CC Attribution-NonCommercial 4.0
As opiniões expressadas nas publicações são de responsabilidade do autor e não necessariamente expressam a opinião da revista.